domingo, 23 de junho de 2019

Por que o Intercept compartilhou seu material com a Folha de S. Paulo

Leandro Demori

Não é comum que os jornalistas compartilhem suas mais importantes histórias com outros meios de comunicação. Mas nós vemos esse arquivo como um bem público que pertence ao povo brasileiro, não apenas a nós.

"Durante os últimos dias, os repórteres da Folha tiveram acesso ao acervo da Vaza Jato e trabalharam lado a lado com nossos repórteres e editores, pesquisando as mensagens e analisando seu conteúdo."

Ao examinar o material – que é o mesmo que baseou as reportagens publicadas pelo Intercept até agora – a Folha “não detectou nenhum indício de adulteração”.
A Folha explica em editorial: “Os repórteres, por exemplo, buscaram nomes de jornalistas da Folha e encontraram diversas mensagens que de fato esses profissionais trocaram com integrantes da força-tarefa nos últimos anos, obtendo assim um forte indício da integridade do material.”
Em seu texto, o jornal conta como os procuradores se articularam para proteger Sergio Moro e evitar novas tensões entre ele e o STF, um dia depois de Moro ter sido repreendido pelo Supremo por ter divulgado ilegalmente a conversa entre o Lula e a então presidente Dilma Rousseff.

A parceria entre Moro e Deltan é mais uma vez exposta também em um episódio pitoresco: Moro pede para que Deltan interceda junto aos “tontos daquele movimento brasil livre". O @MBLivre protestava na frente do condomínio de Teori Zavaski, o que poderia prejudicar Moro.

Decidimos compartilhar esse material com outras redações e jornalistas porque nossa prioridade é informar o público da maneira mais confiável, justa e completa sobre o que esses esses funcionários públicos faziam quando acreditavam que ninguém jamais descobriria suas ações.

A isso damos o nome de jornalismo.

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