Moisés Mendes
Pergunte ao cidadão que circula pela Esquina Democrática ou pela Avenida Paulista quem é David Alcolumbre. Ele vai dizer que já ouviu falar, que talvez seja mesmo um político de nome estranho. Mas o cidadão médio não sabe de onde saiu Davi Alcolumbre.
O brasileiro sabe quem é Fabrício Queiroz, mas não quem é Alcolumbre. Até sua eleição para a presidência do Senado, em fevereiro, poucos sabiam em Brasília que alguém em condições de liderar a mais alta casa do Congresso se chamava Davi Alcolumbre.
Pois este amapaense do Democratas, do ex-PFL, aliado de Bolsonaro, eleito para liderar o Senado com o esforço de Onyx Lorenzoni ao enfrentar a turma de Renan Calheiros com galhardia, largou a mais perigosa bola nas costas de Sergio Moro desde o começo dos vazamentos do Intercept.
Não é uma pedrada. É uma bola como aquela que Tostão jogou nas costas de Ancheta na Copa de 70 e deixou Jairzinho pronto para marcar. A bola nas costas do zagueiro uruguaio entortava a coluna, pensamentos, reações, era a perfeita bola nas costas, a bola inalcançável.
Essa é a bola que Sergio Moro tentará rebater, mas sem chance nenhuma de êxito. Alcolumbre, homem que só se tornou poderoso por obra do bolsonarismo, disse a Sergio Moro o que quase todo o Congresso gostaria de dizer: você está agora no jogo da política e só irá sobreviver como político, se é que conseguirá.
Sergio Moro é um ex-magistrado. OAB, juízes ex-colegas, juristas, operadores do Direito não mais o reconhecem como alguém que os representa. Moro agora tem advogado para defendê-lo, é um sujeito acossado por denúncias graves.
Mas faltava alguém do meio político que mandasse o recado que coube agora a Alcolumbre. Ontem à noite, em jantar promovido pelo site Poder360, Alcolumbre disse sobre a situação do ex-juiz: “Se fosse deputado ou senador, estava no Conselho de Ética, cassado ou preso”.
Pronto. Alcolumbre, que não é nem nunca será um Sarney, um Calheiros, um Eduardo Cunha, talvez nem um Severino Cavalcanti, disse o que os congressistas queriam dizer. Que Moro não é mais nada e que poderia estar preso.
Estaria preso, talvez não se fosse senador ou deputado (Aécio e Serra estão?), mas se tivesse alguma militância como petista ou de qualquer outro partido de esquerda. Se não fosse guru da direita, Moro seria hoje a figura mais execrada do país.
Alcolumbre mandou mais um recado a Moro: desista da ideia de que poderá um dia ser sabatinado e aprovado pelo Senado como pretendente a uma cadeira no Supremo.
Sergio Moro é ex-juiz, ex-candidato a ministro do STF e pode, a qualquer momento, ser ex-ministro. Moro está dependurado na ‘reputação’ de Bolsonaro. Sua sobrevivência no cargo depende daquele que um dia ele esnobou em um aeroporto.
Sergio Moro está nu ao lado de Bolsonaro, que lhe alcança o que tem: um manto que talvez já tenha sido usado por seu grande amigo de festas e empréstimos Fabrício Queiroz.
Moro está sob a proteção de uma família enrolada numa investigação por cumplicidade com milicianos.
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