segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Novo deus



Romantizar as derrotas como semente de vitórias futuras é inútil e ridículo

O PARADOXO DO POVO 

Leandro Fortes

Foi o povo - não a mídia, nem os setores reacionários da burguesia nacional - que derrotou as candidaturas de esquerda que conseguiram, aos trancos e barrancos, chegar ao segundo turno das eleições municipais.

O povo, o povão, a plebe, as classes oprimidas das periferias dos grandes centros urbanos: Rio, São Paulo, Recife, Porto Alegre. Sem falar em praças menores, mas não menos importantes, como São Gonçalo, no Rio de Janeiro; e Feira de Santana e Vitória da Conquista, na Bahia.

Qualquer tentativa de romantizar essas derrotas como sementes de vitórias que virão cairá, inevitavelmente, naquele vão da História onde vivem o inútil e o ridículo.

A derrota é um aprendizado duro, a ser vivido em todo o seu amargor. A derrota exige vingança, não poesia.

Nem frente ampla, nem gabinete do amor: as esquerdas precisam sair urgentemente dessa armadilha do bem-querer e ocupar os grotões de miséria - nas cidades, nos campos, nos quartéis - com organização e doutrina revolucionárias.

Onde houver uma igreja neopentecostal, tem que haver um núcleo de ação política dos partidos e dos sindicatos. Para cada aleluia, um zap de consciência, um brado de trabalhador. Na saída de cada culto, uma bandeira de luta.

É preciso superar o mito do diálogo com um lumpesinato manipulado pelo capital e pela religião. Essa multidão de esquecidos que, eleição após eleição, é convencida a votar no opressor, bovinamente.

A teoria da prosperidade, essa ratoeira mental montada por pastores de direita, não vai ser desarmada com conversa mole e memes engraçadinhos nas redes sociais.

Vai ser desarmada nas favelas, nos presídios, nas escolas e nas ruas com planejamento e luta organizada.

O resto é lacração.

Chegaram!



O mais longo dos anos


Eleição e luta de classes


23:59 - "Lula, PT e o Tatto vão eleger o Russomano"

00:00 - Lula, Tatto e o PT botam a faca nós dentes pra fazer campanha pro Boulos e o retardado que falou a frase acima SOME.

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Tô publicando esse mapa aqui, não é pra falar de disputa de classes não porque isso já está na cara.

Pra repetir chavão e platitudes tem uma porrada de espaço mais adequado, páginas do Karnal, Eliane Brum, Safatle, Pablo Ortellado e dos intelectuais ociosos do Rio de Janeiro.

Tô aqui postando esse mapa para confirmar o que eu venho falando acerca da eleição de São Paulo desde quando os candidatos foram definidos.

A rapaziada tem que entender que eu não sou de torcida organizada na política. Eu quero é buscar hegemonia.

Pesquisa eleitoral não é ciência, empresas ganham dinheiro manipulando interesses

Pesquisas quase de boca de urna: todas erradas e fora de qualquer margem de erro


Para refletir sobre o papel dos institutos de pesquisa no processo eleitoral brasileiro. Operam com metodologia questionável, no mínimo. Sem transparência e autocrítica.

domingo, 29 de novembro de 2020

Conversa com Bia e Mau pós-eleições

Brasil, 2020

A democracia e a vida política acabaram. Estamos em um Estado de exceção e nem a esquerda quer admitir. A mídia delineou opções palatáveis para o público e vendeu todas as imagens que produziram sobre o PT, Bostô, corrupção, privatismo, mercado. A Globo venceu. O país é dela.

Maufalavigna



The Doors - People are strange

The Doors - People are strange (Legendado)

Marília Campos, do PT, é eleita prefeita de Contagem

RBA

Em disputa acirradíssima, deputada estadual petista é eleita com 51,35% dos votos. Felipe Saliba, do DEM, teve 48,65%

Marília Campos foi prefeita de Contagem por outras duas vezes seguidas, entre 2004 e 2012


O segundo turno da eleição em Contagem (MG) deu vitória à deputada estadual Marília Campos (PT). Ela e seu vice, o fisioterapeuta Doutor Ricardo Faria (PCdoB), receberam 51,35% dos votos neste segundo turno. A disputa com o advogado Felipe Saliba (DEM) e seu vice, o vereador Capitão Fontes (Podemos), foi apertada. A chapa derrotada recebeu 48,65% dos votos.

Marília Campos foi prefeita de Contagem por duas vezes seguidas, entre 2004 e 2012. Psicóloga formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), presidiu o Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte por dois mandatos (1990 e 1995). Foi vereadora por Contagem, eleita no ano 2000, e três vezes deputada estadual. Novamente prefeita, Marília Campos afirma que seu programa de governo envolverá atores de cada política pública, e o acesso ao orçamento será democratizado. Entre seus compromissos está a revisão do Plano Diretor por meio de uma conferência municipal para discutir a política urbana. Na área da saúde quer ampliar a capacidade de atendimento para consultas especializadas e cirurgias eletivas. Melhorar acesso à educação infantil e planejar a construção de mais escolas está entre seus objetivos. Pretende ainda modernizar a gestão, lembrando que Contagem tem a terceira maior arrecadação do estado, mas a prefeitura não está informatizada

Um dos mais populosos

Com cerca de 664 mil habitantes – 427.575 são eleitores –, Contagem é o terceiro município mais populoso do estado de Minas Gerais e pertence à Região Metropolitana de Belo Horizonte. Seu limite geográfico confunde-se com o da capital mineira, diante do crescimento horizontal da cidade que conta com um grande parque industrial. Além da indústria, a economia de Contagem tem forte base no comércio. Entre os produtos para exportação que saem do município, destacam-se veículos de grande porte para construção.

Marcelo de Oliveira, do PT, é eleito prefeito de Mauá-SP


Marcelo Oliveira (PT) é eleito prefeito de Mauá, no ABC Paulista, com 50,74% dos votos após 100% da apuração. Átila Jacomussi (PSB) recebeu 49,26% dos votos neste domingo (29).

Marcelo Oliveira tem 48 anos, é casado, tem superior completo e declara ao TSE a ocupação de vereador. Ele tem um patrimônio declarado de R$ 1.152.291,90. A vice é Celma Dias (PT), que tem 65 anos.

A eleição em Mauá teve 28,26% de abstenção, 5,04% votos brancos e 12,99% votos nulos.

A vitória de Oliveira traz o Partido dos Trabalhadores de volta ao comando da cidade após as gestões do ex-prefeito Oswaldo Dias (PT), que governou Mauá por três vezes, entre 1997 a 2000, 2001 a 2004 e de 2009 a 2012.

Filippi Júnior vence em Diadema com 51% dos votos; PT volta ao poder no 1º município conquistado pelo partido em 1982

 

G1

O petista José de Filippi Júnior venceu o 2º turno da eleição em Diadema, na Grande SP, neste domingo (29) e voltará a governar a cidade pelos próximos 4 anos após derrotar o candidato Taka Yamauchi (PSD). Com 99,38% das urnas apuradas, o petista teve 51,32% dos votos válidos contra 48,68% do candidato do PSD (veja resultado final da apuração aqui).

Com a vitória, o PT volta ao poder na cidade depois de oito anos. Nas últimas duas eleições, a disputa tinha sido vencida por Lauro Michels Sobrinho (PV), em 2016 e 2012.

Ex-secretário de Saúde da cidade de São Paulo na gestão do petista Fernando Haddad e ex-tesoureiro de campanha da ex-presidente Dilma Rousseff em 2010, Filippi Júnior já tinha sido prefeito de Diadema outras três vezes, ganhando as eleições de 1992, 2000 e 2004.

Esse será o quarto mandato de Filippi e o sétimo do PT na cidade, que também foi administrada por Mário Reali (2009-2012), José Augusto da Silva Ramos (1989-1992) e Gilson Correia de Menezes (1983-1988).

Diadema foi a primeira prefeitura conquistada pelo PT no Brasil, na eleição de 1982, primeira disputa eleitoral do partido, criado em 1980.

Brincadeirinha entre amigos

O inventor da "cavadinha"

 


Antonin Panenka, da Tchecoslováquia, diante de Sepp Maier, garantiu a conquista da Eurocopa de 1976 com um pênalti batido da forma que viria a ser chamada no Brasil de "cavadinha". Na maior parte do mundo é o pênalti estilo Panenka.

The Rolling Stones - Sympathy For The Devil


The Rolling Stones performing “Sympathy For The Devil” from The Rolling Stones Rock and Roll Circus.

Film & soundtrack out now:

Recorded before a live audience in London in 1968, The Rolling Stones Rock and Roll Circus was originally conceived as a BBC-TV special. Directed by Michael Lindsay-Hogg, it centers on the original line up of The Rolling Stones -- Mick Jagger, Keith Richards, Brian Jones, Charlie Watts, Bill Wyman (with Nicky Hopkins and Rocky Dijon) -- who serve as both the show’s hosts and featured attraction. For the first time in front of an audience, “The World’s Greatest Rock and Roll Band” performs six Stones classics. The program also includes extraordinary performances by The Who, Jethro Tull, Taj Mahal, Marianne Faithfull, Yoko Ono, and The Dirty Mac. A ‘supergroup’ before the term had even been coined, the band was comprised of Eric Clapton (lead guitar), Keith Richards (bass), Mitch Mitchell of The Jimi Hendrix Experience (drums) and John Lennon on guitar and vocals.

1. Michael Lindsay-Hogg (Director) 
2. Sandy Leiberson (Executive Producer) 
3. Robin Klein, Michael Gochanour (Producer)

The Doors - When The Music's Over

The Doors - When The Music's Over (Live At The Bowl '68)

A impunidade do governo está assegurada, protegida pelo esquecimento fácil

Escândalo sobre testes entulhados não durou, e retorno das contaminações deve-se, em parte, à falta de informação
Vida curta, umas 72 horas, a do escândalo de testes da pandemia entulhados em Guarulhos. O retorno das contaminações em massa deve-se, em parte, à baixíssima aplicação pública de testes. À falta de explicação, Bolsonaro recorreu à condição de farsante profissional e mentiu que “todo o material foi enviado aos estados e municípios”. Mas não faltaram crimes contra a saúde pública e de administração perdulária.

Sete milhões de testes PCR seguiam para o fim da validade em janeiro, sem se saber o número dos já perdidos, enquanto o Conselho Nacional de Secretários de Saúde repetia, em ocasiões sucessivas, o alerta ao Ministério da Saúde para a falta de kits do PCR, o mais eficiente, em vários estados. Os comunicados do CNSS derrubam outra mentira, esta do ministério, segundo a qual a distribuição dos kits dependia da requisição para estados e municípios.

A realização dos testes em massa, para identificação dos que contaminam sem se saberem doentes, é tida pelos cientistas como meio determinante para a contenção do número de vítimas e do descontrole de focos. Impedimentos anormais a esse procedimento têm autores que devem ser identificados em inquéritos e submetidos a processo.

Jogaram com vidas e mortes de pais, mães, filhos, com o futuro de famílias em número de precisão impossível, mas pressentido pelo senso comum.

Aqui, a impunidade está assegurada. E protegida pelo esquecimento fácil e rápido. Não à toa, o general-ministro Eduardo Pazuello diz que, se sair do Ministério da Saúde, estará feliz.
Nós também.

É a mesma certeza de impunidade que permite aos Bolsonaro, mais do que desconsiderar os interesses do país, agir contra eles. O ataque do deputado Eduardo Bolsonaro e do Itamaraty à China é um caso típico. Por trás desse e de outros ataques recentes, está o negócio imenso que é a adoção do novo e fantástico sistema de comunicação, chamado 5G.

Os Bolsonaro agem em favor do sistema americano, atrasado na tecnologia e no tempo em comparação com o chinês.

O interesse real do Brasil só pode ser o de possuir o melhor sistema, sendo essa inovação tecnológica vista como capaz de mudar a hierarquia atual dos países, a depender do sistema em uso e da capacidade de explorar seus recursos.

Escolhê-lo com segurança exige estudos rigorosos e uma concorrência perfeita na soberania brasileira, na seriedade e na transparência. Bolsonaro, porém, já avisou: “Quem vai escolher sou eu. Sem palpite aí”. Afinal de contas, ou a iniciá-las, esse negócio não é uma usual rachadinha, é um rachadão.

A derrota de Trump lançou reflexos sombrios no assunto. A menos que haja como apressar alguma providência jurídica que amarre ou, no mínimo, encaminhe a decisão para o sistema americano, cria-se um problema para os propósitos de Bolsonaro. Fazer negócio com os Estados Unidos de Biden não será o mesmo que concretizá-lo com o país de Trump. Daí ser fácil deduzir que Eduardo Bolsonaro não fez aos chineses um ataque extemporâneo, que lhe deu na telha quebrada. Ao acusar a China de fazer do seu sistema um dispositivo de espionagem, precipitou sobre o 5G chinês um conceito corrosivo. E aproximou a escolha.

Manobra essa que agride o interesse do Brasil em preservar relações estáveis com a China, maior parceiro comercial e destino de um terço das exportações brasileiras, com tendência a aumento.

Para retaliar aos ataques constantes, à China bastaria cortar uma parte, uns 10% ou 15%, das importações. Criaria terremotos econômicos por aqui. E os produtores americanos estariam prontos, como estão ansiosos, para aumentar seu fornecimento dos mesmos produtos à China.

Eduardo Bolsonaro deveria ser submetido, no mínimo, a afastamento da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e a processo disciplinar. Fica impune.

Como os que, no atual governo, agem contra os interesses do Brasil e as necessidades dos brasileiros.

Pense em qualquer dos autores e envolvidos nas monstruosidades do governo Bolsonaro, incluídas as do próprio, e tente encontrar, entre eles, um que tenha sofrido as consequências devidas.

É o governo das impunidades.

sábado, 28 de novembro de 2020

Como votar no Dudu Pilintra


Não é só o nosso racismo que é estrutural, nosso negacionismo também é


Admitir existência do racismo foi tabu durante a ditadura militar 
Negar o racismo que presenciamos todos os dias na sociedade já era ideia fixa dos militares durante a ditadura de 64. Contra essa paranoia ainda não inventaram uma vacina.

Sérgio Augusto

O que esperar de um país desgovernado por dois negacionistas? Notem como fiz um bom desconto, levando apenas em consideração o presidente e seu vice. 

Eles negam tudo; o capitão até mais que o general. Não havia pandemia (e sim uma “gripezinha”), nem desmatamento e queimadas, não haveria vacina obrigadória (perdão, obrigatória), não existe aquecimento global, nem houve ditadura militar entre 1964 e 1985. Num crescendo quase sem pausas, ambos chegaram à negação mais escabrosa: não há e nunca houve racismo no Brasil – especialmente insultuosa porque reiterada logo após o massacre de João Alberto Freitas no Carrefour. 

A inexistência entre nós de banheiros e bebedouros públicos segregados a negros, com havia nos Estados Unidos, é o argumento mais frequentemente sacado pelo general para desmentir a existência de racismo no Brasil. Ele, que ainda se refere a pretos como “gente de cor”, não percebeu até hoje a diferença entre o segregacionismo americano e o racismo estrutural brasileiro, este já estudado à farta por historiadores, sociólogos e antropólogos, além de documentado diariamente por celulares e câmeras de segurança. 

A bibliografia do general carece de uma atualização urgente. 

A três meses das eleições de 2018, Mourão fez, nas redes sociais, uma ode aos 487 anos das capitanias hereditárias, com a justificativa de que, por intermédio daquele programa de ocupação territorial, “o Brasil descobriu o empreendedorismo”, esquecendo-se, porém, de acrescentar que nas capitanias também brotaram o latifúndio, a monocultura e a mão de obra escrava. 

Algum tempo depois, ao divagar sobre nosso “cadinho cultural”, realejou as mesmas ideais bolorentas sobre a “indolência” dos índios e a “malandragem” dos negros, presumivelmente absorvidas das teses preconceituosas, algumas racistas, mesmo, de Nina Rodrigues, Oliveira Vianna, Azevedo Amaral e outros discutíveis intérpretes do caráter nacional brasileiro.

Mourão, vale esclarecer, não é um excêntrico, um estranho no ninhal militar. Nas forças armadas, ninguém parece admitir que existe racismo no Brasil. Faz parte da doutrinação castrense a crença de que vivemos numa democracia racial e que duvidar de sua existência é uma postura subversiva, quase um crime de lesa-pátria. Como se, ao constatar o óbvio, estivéssemos “importando para o nosso território tensões alheias à nossa história”, para usar as palavras não mais do vice, mas do próprio presidente, notoriamente ignaro da história do País e cego às evidentes similaridades entre João Alberto Freitas e George Floyd. 

Apesar de o Brasil ter sido signatário de todas as resoluções da ONU que denunciaram a discriminação racial, durante a ditadura, notadamente a partir do governo Médici, vicejou entre nossas autoridades fardadas um pavor paranoico a questionamentos sobre preconceito de cor e a tentativas de afirmação cultural das comunidades negras, com suas músicas, seu cabelo afro, e o que absorveram dos movimentos de conscientização e rebeldia afro-americanos. 

Visando escamotear diferenças que pudessem expor a miragem de nossa igualdade racial, o IBGE apagou do censo de 1972 as indicações de cor das pessoas. Isso foi apenas o começo. 

Quando se organizava para trocar ideias, discutir problemas comuns ou simplesmente promover bailes, o negro virava um transtorno para o regime; corria o risco de ser marcado, fichado, quando não perseguido pelos serviços de segurança, que o viam como um perigo para a sociedade. 

Ativistas como o ator Abdias do Nascimento, criador do Teatro Experimental do Negro, líder cultural e político de sua gente, só começaram a sair do radar da polícia pouco antes da Anistia, na gestão Figueiredo. 

Conheço pelo menos dois estudos sobre as lutas antirraciais de afrodescendentes durante o regime militar, assinados por Karen Sant’Anna Kossling e Lucas Pedretti, este mais especificamente voltado para os bailes soul nos subúrbios cariocas, vigiados e molestados pelos beleguins da ditadura. 

Agora, um testemunho pessoal. Em novembro de 1973, o semanário Pasquim publicou uma entrevista com a respeitada antropóloga negra americana Angela Gillian, da Universidade de Nova York, que passara uma temporada na Bahia e tinha muito o que falar sobre a tão decantada democracia racial brasileira. Gillian abriu o verbo: 1) havia racismo no Brasil sim; 2) o negro brasileiro continuava “com a vassoura na mão”; 3) Pelé escolhera uma mulher branca para “melhorar a raça” e “limpar o sangue”. 

E por aí foi, a enfileirar fatos incômodos e difíceis de contestar.

Os militares no poder cogitaram, num primeiro momento, apreender toda a edição do jornal nas bancas, e em seguida fechá-lo para sempre. Afinal puniram o general responsável pela censura ao Pasquim, aposentando-o de suas funções catonianas, e transferiram a tarefa censória para o Centro de Informações do Exército, em Brasília. Transferência, de resto, acompanhada de uma ameaça do mandachuva da Censura, o abjeto general Antonio Bandeira: “Daqui em diante não sai mais nenhum preto nesse jornal!”. 

Enquanto vigorou o ‘diktat’ do general, não saiu mesmo. Até inocentes fotos de Pixinguinha foram furiosamente rasuradas pela “Turma da Pilot”, ou seja, pelos burocratas da repressão que, em vez de paus de arara, eletrodos e outros apetrechos caros ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, manuseavam uma aparentemente inofensiva caneta hidrográfica.

Burrice abunda em Londres

A violência abunda em Paris



Roger Hodgson - School

Lucky man

ELP - Lucky Man, Live At Montreux 1997

Por que a China derrotou o Coronavírus e o seu país não

¿Por qué China (pero tu país aún no) derrotó al coronavirus?

Nunca houve governante pior do que Crivella

Com a milícia 

Crivella, o último da fila 

Nenhum governante na história do Rio construiu uma imagem tão negativa
Fundador da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro e primeiro governador-geral, Estácio de Sá não devia ser muito estimado: foi ferido por uma flecha envenenada que lhe vazou o olho durante uma batalha na praia do Flamengo, morrendo um mês depois, em 1567.

Contra António Salema, que governou entre 1575 e 1578, pesa a acusação de ter espalhado pelas margens da lagoa Rodrigo de Freitas, então ocupadas por índios tamoios, roupas que haviam sido usadas por doentes de varíola. Para atravessar uma ponte sobre o rio Carioca, na altura de onde hoje fica a praça José de Alencar, Salema instituiu o primeiro pedágio.

Em 1711, Francisco de Castro Moraes, de apelido o Vaca, permitiu que o Rio fosse tomado pelo corsário francês Duguay-Trouin, entregando a cidade a Santo Antônio e fugindo. Os moradores pagaram o resgate em cruzados de ouro, caixas de açúcar e bois. A expressão "no tempo do Onça" diz respeito ao capitão-geral Luís Vahia Monteiro, que exerceu o poder entre 1725 e 1732, sempre a reclamar da vida. Chegou a dizer em carta ao rei de Portugal que "nesta terra todos roubam, menos eu". 
Pois sim.

Carlos Sampaio arrasou o morro do Castelo, em 1922, num evento comercial que causou enorme prejuízo histórico e destruiu a maior referência simbólica e sentimental do Rio.

Em tempos mais recentes, houve a lista de biônicos, nomes que se tornaram inesquecíveis para os cariocas: Marcos Tamoyo, Israel Klabin, Marcello Alencar. Saturnino Braga teve dignidade na desdita: faliu a cidade, mas assumiu o erro. Três vezes prefeito, César Maia inventou os factoides, versão amena das fake news. Dando uma de maluco, vestia casaco no calor de 40 graus; entrava num açougue e pedia picolé.

Nenhum deles construiu uma imagem tão perfeita quanto o ex-surfista Marcelo Crivella, que entrará para a história como o pior prefeito do Rio. Adeus.

A balada de Diego Maradona


O jogo veio sisudo das europas
De bolas altas, para altas copas
Mas aqui as plantas são rasteiras,
São outros ziriguiduns e alaridos
E o passo de tango, e a ginga das capoeiras
Do deserto patagão às altas cordilheiras,
Transformou o jogo na vingança dos fodidos

A bola é uma dama cortês
Que baila com Diego Maradona
O tango da insônia do zagueiro inglês
Diante do artilheiro que, como galo de rinha,
Afronta o espaço, enlouquece a hora
Com as chuteiras entre nuvens e esporas
Ciscando o pesadelo da terra da rainha.

Tua alma, entre a álgebra e a lua rara,
É a América ébria de Gardel, Evita, 
Perón e Che Guevara
De milagres prenha e dos meninos rotos.
Teu futebol foi um túmulo de ateus:
Afinal como pode o pé de Exu canhoto
Viver no mesmo corpo da mão de Deus?

Conversa com Bia e Mau 27/11


Especial Eleições 2020

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

O identitarismo é reacionário

A coligação dos sonhos identitários: 50 tons de direita

Luis Felipe Miguel 

Tem circulado nas redes um desenho com os candidatos progressistas no segundo turno. Boulos aparece em primeiro plano, no centro, ladeado por Manuela e Marília Arraes, e os outros atrás.

Um poeta, cuja obra aliás admiro, compartilhou o desenho entendendo-o como se fosse material de campanha de Boulos. Seria o candidato do PSOL rodeado de apoiadores.

O poeta reclama, então, da falta de representatividade dos rostos ali desenhados, acusa a esquerda de ser racista e anuncia a vontade de votar nulo. Seguem-se dezenas de comentários na mesma linha.

Eu escrevi um comentário de duas linhas contextualizando o desenho - e recebi uma resposta grosseira, agressiva. Tá certo. Quem mandou atrapalhar a lacração alheia?

Sim, a elite política brasileira é desproporcionalmente branca, mesmo à esquerda. Os esforços para mudar essa realidade estão avançando, mas ainda no começo.

Por outro lado, não se pode ignorar que a esquerda lançou candidaturas negras a prefeituras tão importantes quanto Rio de Janeiro, Salvador ou Belo Horizonte. Mas não passaram ao segundo turno.

É possível discutir o porquê desse resultado. Mas o que se poderia esperar de um desenho representando os candidatos pelos quais podemos torcer no segundo turno? Vamos matar o mensageiro?

No desenho faltam negros e pessoas LGBT, escasseiam mulheres. Não há dúvida.

Também não há dúvida de que a candidatura de Boulos não é perfeita. Na verdade, com exceção das suítes para violoncelo de Bach, de algumas gravações do quinteto de Miles Davis nos anos 1950 e de paçoca, nada que é humano é perfeito.

Mas o ponto é: quais são as candidaturas que prometem maior avanço nas pautas da igualdade racial e de gênero e de combate às discriminações?

Também não há dúvida. É Boulos em São Paulo, as Marílias no Recife e em Contagem, Manuela em Porto Alegre, Margarida em Juiz de Fora, Edmilson em Belém e assim por diante.

Mas há quem opte por se escorar numa pretensa radicalidade, a se manter nela mesmo à base de interpretações enviesadas - e, às vésperas de um segundo turno histórico, prefira sabotar a candidatura de Boulos a trabalhar por ela.

A atenção dada a outros eixos de dominação social, além do de classe, tem feito a esquerda avançar. É essencial. E temos que ser capazes de conviver com uma pluralidade de hierarquização de agendas dentro do nosso campo.

Mas o identitarismo raso e autocomplacente é, estou cada vez mais convencido disso, uma forma de quintacolunismo, que só serve à direita.

A mão de Deus e o pé de Exu

Vilarejo na Áustria muda de nome por causa de turistas


Vilarejo de Fucking, na Áustria, muda o nome para Fugging


Na tradução em inglês, nome do local tem significado pornográfico; placas com o nome do local eram constantemente roubadas por turistas
François Murphy, Reuters

O vilarejo austríaco Fucking está mudando de nome, anunciou nesta quinta-feira a prefeita do município onde ele fica localizado, após moradores se cansarem dos risos contidos que o nome, idêntico a um palavrão conhecido na língua inglesa podem provocar, além dos inúmeros roubos de suas placas por visitantes.

O vilarejo, que é parte do município de Tarsdorf, ao norte de Salzburgo e próximo da fronteira com a Alemanha, há muito é motivo de diversão pela mídia de língua inglesa, que reportava de maneira bem humorada o desespero dos moradores com a remoção das placas do local.

Em 2018 o website pornográfico Pornhub disse que iria oferecer acesso ao seu setor Premium de graça para moradores de Fucking ou de cidades com nomes como Titz, na Alemanha, ou Big Beaver, nos Estados Unidos.

“Eu estou confirmando que foi de fato decidido pelo conselho local. Eu não vou dizer mais nada sobre isso”, disse a prefeita de Tarsdorf, Andrea Holzner, à Reuters. A decisão também foi postada no website do conselho. A partir do dia 1º de janeiro o vilarejo passará a se chamar Fugging, diz o comunicado oficial, que acrescenta que a iniciativa foi trazida pelos moradores da localidade.

Um sem-teto no Planalto



Jair Bolsonaro não gosta dos sem-teto, mas poderia pedir uma carteirinha ao movimento. Na semana passada, o presidente completou um ano sem estar filiado a nenhum partido. Virou um desabrigado político com gabinete no Planalto.

O capitão deixou o PSL em novembro de 2019. A razão não foi ideológica. Ele perdeu a disputa com o dono da sigla, Luciano Bivar, pela chave do cofre. Só neste ano, a legenda recebeu R$ 199 milhões do fundo eleitoral.

A tentativa de criar um partido do zero tem sido um fiasco. Depois de receber 57 milhões de votos, o presidente é incapaz de coletar 492 mil assinaturas para registrar o Aliança pelo Brasil. Até aqui, ele só conseguiu validar 42 mil adesões. Isso equivale a 8% do total exigido por lei.

O fracasso da operação reflete a paralisia administrativa do governo. O bolsonarismo produz muito calor e pouca energia. Sabe criar polêmicas e agitar as redes, mas não tira quase nada do papel.

À desorganização, soma-se a vocação da turma para se perder em brigas internas. O secretário-geral da sigla, Admar Gonzaga, rompeu com a tesoureira, Karina Kufa. O marqueteiro Sergio Lima acaba de pular do barco.

Na segunda-feira, Bolsonaro admitiu a hipótese de desistir do Aliança e buscar uma “nova opção”. Isso significaria voltar ao PSL ou migrar para alguma legenda do centrão. Não será uma tarefa fácil.

O capitão exige mandar em tudo, da lista de candidatos à distribuição do dinheiro público. “É ele que tem de escolher quem entra, quem sai, quem disputa as eleições”, resumiu a deputada Carla Zambelli.

Ontem o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, deixou claro que Bolsonaro não é bem-vindo a bordo. O deputado esclareceu que o Zero Um e o Zero Dois estão na sigla “de passagem”. Terão que se mudar assim que o pai encontrar um abrigo.

Depois de ser driblado no PSL de Bivar, o capitão deve pensar duas vezes antes de se filiar a partidos de profissionais, como o PTB de Roberto Jefferson ou o PP de Ciro Nogueira. Outra alternativa seria o nanico Patriotas. A legenda já tem histórico com aventureiros: em 2018, lançou Cabo Daciolo ao Planalto.

Batalha musical


Battle of the strings, Quarteto competitivo, Wettstreit zu viert.

Bolsonaro tenta infinitos modos de destruição

Nível de desorganização deste governo federal é preocupante
A entropia, definida como a medida de desorganização de um sistema, é uma força poderosa. No longo prazo (algo como 10¹⁰⁰ anos), ela levará à morte térmica do Universo, mas produz, desde já, um argumento bacana contra a existência de Deus (cf. Bertrand Russell).

Em escalas de tempo mais compatíveis com as percepções humanas, a entropia não se mostra tão inexoravelmente fatal, mas ainda é capaz de gerar estragos consideráveis.

O governo do presidente Jair Bolsonaro está entre os mais entrópicos de todos os tempos no Brasil. Seu nível de desorganização é preocupante e já afeta outros sistemas, como a economia e a saúde.

A incapacidade do Ministério da Economia de até sinalizar convincentemente sobre seus próximos passos está agravando a precária situação fiscal do país. Vai ficando cada vez mais complicado rolar a dívida pública, o que pode afetar a relativa estabilidade da inflação e outros indicadores.

Na saúde o quadro é ainda mais desolador. A inépcia do governo para dar destinação a verbas já autorizadas e produtos já adquiridos compromete nossa capacidade de resposta à pandemia. Pior, embora a vacinação em massa já esteja no horizonte, o país ainda não tem plano para implementá-la.

É claro que um plano detalhado depende de uma definição, por ora inexistente, de quantas doses de quais tipos de imunizantes nós disporemos e do calendário de entrega. Mas o Ministério da Saúde, conduzido por um suposto especialista em logística, ainda não apresentou nem um esboço de plano nem se veem ações assertivas para a aquisição de insumos como seringas e agulhas.

Uma outra forma de descrever a tendência ao aumento da entropia é lembrar que ela triunfará porque existem muito mais maneiras de destruir as coisas do que de construí-las. Minha impressão é que o projeto de Bolsonaro é fazer com que experimentemos cada um desses quase infinitos modos de destruição.

O Brasil não é um país seguro para negros e negras nem na hora das compras


O racismo não é uma questão pontual ou um efeito da desorganização social, mas é o próprio modo de ser da sociedade brasileira

Silvio Almeida

O Brasil é um país que se organizou de forma especialmente hostil contra a população negra. Isso pode ser visto desde a violência presente nas relações cotidianas até no escárnio e negacionismo demonstrado pelas mais altas autoridades da República quando se referem ao tema. O racismo não é uma questão pontual ou um efeito da “desorganização social”, mas é o próprio modo de ser da sociedade brasileira.

O assassinato de João Alberto Silveira Freitas, um homem negro, nas dependências do supermercado Carrefour no último dia 19 de novembro, não foi o primeiro caso de violência racial em circunstâncias parecidas. Mas o fato de ter ocorrido no Dia da Consciência Negra e no ano marcado pelos protestos contra o assassinato de George Floyd nos EUA permitiu que se pudesse atentar de modo mais detalhado para a repetição de elementos comuns nesses casos de violência, algo que reforça a existência de uma estrutura racista.

O primeiro dos elementos sempre constantes nesses casos é o envolvimento de agentes de “segurança” privada. A ideia de segurança que norteia a ação de tais agentes tem foco nas mercadorias e não nas pessoas, e resulta de uma sociedade que trata negros como inimigos. Não é por acaso a ligação entre empresas de segurança privada e agentes da segurança pública. A ideia que se tem de segurança não se desvincula do racismo.

Para os negros tornou-se comum a vida em um mundo em que se casam terror e circulação mercantil.

Nesse mundo, a humanidade para o negro só dura entre o primeiro e o último produto a passar pelo caixa.

Grande parte dos negros sabe a que me refiro: nossa sina é ficar nos corredores dos mercados temerosos e sendo perseguidos, medindo cada gesto, pensando em cada movimento para não parecer “suspeito” e, assim, evitar ser humilhado ou agredido.

Outro elemento que se repete é a equação entre precarização do trabalho e terceirização. O trabalho precário e a não responsabilização pelos atos cometidos pelos agentes da prestadora de serviço, é um fator que em muito contribui para casos de violência.

Por esse motivo, é preciso avançar para um sério debate sobre como a terceirização contribui para que o racismo continue a ser um “crime perfeito”, parafraseando o professor Kabengele Munanga. Nesse sentido, acredito que o reconhecimento da responsabilidade jurídica dos tomadores de serviço é um elemento fundamental de práticas antirracistas.

E se ainda não bastasse, as mais altas autoridades da República resolveram negar a existência de racismo no Brasil. Há mais do que desrespeito nessas afirmações. Existe a vocalização de um pacto pela morte, uma vez que a negação do racismo é um salvo conduto para que negros e negras continuem sendo assassinados sem que ninguém assuma a responsabilidade.

O Brasil não é um país seguro para pessoas negras. E é importante não apenas que o mundo saiba disso, mas que sejam criadas estratégias que tratem o racismo em toda a sua complexidade.

Silvio Almeida

Professor da Fundação Getulio Vargas e do Mackenzie e presidente do Instituto Luiz Gama

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

A esquerda burguesa, comentarista da História, desconhece o Coração das Trevas do Brasil real



ENGENHEIROS DE OBRAS PRONTAS

O meu primeiro contato com a miséria extrema foi no Lixão do Gramacho. Ali eu vi uma cena bizarra que me atormenta e me dá pesadelos até hoje; um policial civil conhecido da área que comandava um esquema de prostituição infantil, saindo de dentro de uma casa de paliçada abotoando a calça com a barriga de fora, provavelmente tinha acabado de consumar algum ato criminoso com alguma adolescente - alguma "funcionária".

Eu não fui lá fazer trabalho social, eu não fui lá como um "colonizador" levando a palavra de São Marx. Eu não fui lá fazer SAFÁRI social, levando a "iluminação" para aquelas pessoas "atrasadas". Até porque eu não sou otário, eu jamais faria esse tipo de abordagem com uma gente que não tem absolutamente nada. Eu era minhoca da terra, eu fui lá JOGAR FUTEBOL, num campo de barro horroroso. Eu era, de certa forma, LOCAL. 

Não tem como passar com o BURRO NA FRENTE DOS BOIS. Não se pode chegar num lugar desses falando em ESTADO LAICO, em FASCISMO, em BOLSONARISMO. Nego nem sabe que porras são essas. Você PRIMEIRO dá uma condição mínima de dignidade material por meio de alguma política pública, para depois pensar no resto. 

Me admira muito um bando de marxista trouxa, um monte de suposto materialista histórico não saber disso. E é por isso que eu afirmo e bato o pé, essa gente não é marxista, são historiadores do comunismo, mas na melhor da hipótese são liberais utópicos que dormem sonhando com Paris ou Londres. 

E o meu primeiro contato com a política real, a de mitigação daquela miséria, foi a condução de um trabalho iniciado pelo companheiro Gilberto Carvalho, que viveu na cidade de Duque de Caxias em conjunto com a IGREJA CATÓLICA e o então bispo da cidade, Dom Mauro Morelli.

Dom Mauro Morelli e Gilberto Carvalho, que por sinal, integraram o governo Lula e foram fundamentais para que o Brasil saísse do mapa da fome.

Tentaram desativar o aterro sanitário do local há poucos anos, porém, continuam mandando lixo de forma clandestina para o local. E o lixo é o MEIO DE VIDA de milhares de pessoas do local.

Com a crise que o Brasil entrou no pós-Temer, isso ANTES DA PANDEMIA, eu perguntei ao Marroni Alves que tem trabalho de base na região, como estavam as pessoas dali. E o Marroni disse algo estarrecedor, que ele se deparou com famílias limpando ratazanas para COMER.

Isso ANTES da pandemia. Imaginem agora? 

O Vitor Almeida na sua candidatura à vereador do Rio este ano, centrou sua campanha o subúrbio da cidade e em um momento, passou por um problema sério de ameaça, no simples ato de fazer campanha em uma zona "demarcada" por determinado candidato. 

Como é que se faz política num lugar desses falando em estado laico? Eu quero que os iluminados me ensinem, estou aqui de coração aberto, vamos lá. É óbvio que eu vou sempre fazer essa defesa, mas como vou praticar o que eu defendo se eu não governar?  ¯\_(ツ)_/¯

Pra mim esse é o Brasil real. Eu não vou florear a merda para agradar intelectual charlatão de São Paulo e falar o que alguns querem ouvir. Esses caras são os mestres em ATIRAR PRIMEIRO E PINTAR O ALVO DEPOIS e vivem de nome.

Agora, um branquinho de apartamento, que nunca tomou uma dura da PM, sobrenome europeu, mora há 500 km de distância de São Gonçalo, mais precisamente em algum lugar de São Paulo que possui o IDH de Montréal, só ouve Jazz em som ambiente, por sinal a iluminação da sua casa também é ambiente, levemente calórica para não incomodar os olhos e nem estourar a luminosidade natural, e o funk mais recente que ouviu falar é o da miada do Bonde do Tigrão, que ele estudou para algum estudo antropológico. Essa inclusive é a sua imagem de Rio de Janeiro.

Esse é o perfil do nosso time de comentaristas de Luta de Classes hoje no Brasil.

Se você colocar num segundo turno em São Gonçalo, a Flordelis (que por sinal é de lá) contra uma chapa com Guilherme Boulos e Djamila Ribeiro, a Flordelis ganha com uns 92% dos votos válidos.

Isso sendo otimista. Porque na realidade eu acho que daria uns 98%. E não é figura retórica, eu estou falando sério.

E aí não vai ter gabinete do amor que dê jeito. Nem gabinete do amor, nem botar a Erundina de São Gonçalo, a Aparecida Panisset no Papa Móvel. Podem até botar os 6 milhões da vaquinha que a Paula Lavigne arrumou pro Boulos com um grupo de empresários, empreiteiros e gente do mercado financeiro na roda. Não vai adiantar também, a Flordelis ganha. Porque são realidades diferentes.

E aí, meu parceiro. Vão ver que essa "comunicação infalível do Boulos", é uma comunicação de nicho, que fala apenas para uma bolha específica.

Como você vai jogar Among Us online para dialogar com a juventude de uma cidade que tem 52% de desocupação, os caras em grande parte das vezes nem internet tem, nem água encanada.

Para você construir uma política minimamente de esquerda em certos lugares do Brasil, você primeiro precisa construir uma hegemonia nesses locais. Tem gente que consegue, tem gente que não. Mas PRIMEIRO você tem que ganhar o governo, e DEPOIS tentar não ser assassinado durante o mandato.

Washington Quaquá conseguiu isso em Maricá, e hoje, na minha concepção, a cidade melhor administrada do Brasil.

Alexandre Cardoso, um quadro histórico do PSB, tentou em Duque de Caxias. Não conseguiu, fez um governo lamentável, se arrastando, e ficou tão desgostosos que caiu para um partido do "centrão".

O que tem de charlatão da intelectualidade aí, com seus braços em riste na frente de algum monumento, suas calças cáquis em formato de saco de batata e suas boinas do Vietnã querendo ensinar o povo da periferia do Rio a fazer política, não tá no gibi.

Ontem bloqueei uma moça sectária e completamente descolada da realidade sem motivo aparente, porque eu quis, porque eu não aturo mais, pelo simples fato que ela, em tom de denúncia ao Washington Siqueira (nada mais nada menos que o ex-chefe de prefeitura melhor sucedido nesse país) disse que deveria existir um "manual de condutas" para dirigentes do PT, entre o séquito de absurdos, todo dirigente do PT deveria ser, obrigatoriamente: ateu.

Essas pessoas desconhecem INCLUSIVE como foi o processo de fundação do PT, que contou com amplo apoio dos Conselhos Eclesiais de Base.

Aqui em Santa Catarina, a primeira sede do PT, segundo afirmam alguns, foi na CASA de um padre.
Lula é católico praticante e devoto de Nossa Senhora Aparecida.

E aí, vamos cancelar toda essa turma também?

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Oh céus! Acaba de chegar aqui a notícia de que a campanha de Dimas em São Gonçalo sofre mais uma baixa: o comentarista e "crítico" de cinema, Pablo Villaça, acaba de soltar uma sequência de tuítes dizendo que NÃO irá declarar apoio ao Dimas em São Gonçalo e que pouco importa que o seu oponente é acusado de mandar matar uma juíza, que é acusado de chefiar um grupo de extermínio, que foi o único candidato deste segundo turno que recebeu vídeo de apoio do Bolsonaro e etc.

Meu Deus, o que será do povo de São Gonçalo sem esse apoio? Estamos fritos!

Elio Gaspari: os comandantes e o tenente Andrea

Elio Gaspari

A cena, gravada em setembro num quartel da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, está na rede. O segundo-tenente André Luiz Leonel Andrea derruba e espanca uma mulher algemada (pelo menos sete socos e dois chutes). Outro PM segura a senhora enquanto ela é esmurrada, até que uma policial militar contém o oficial. O comando da corporação diz que só soube do episódio semanas depois e tirou o tenente do comando do pelotão da cidade de Bodoquena. Quanto à senhora, explicou o comando, era uma desordeira, estava bêbada e desacatou os policiais. Era por isso que estava detida e algemada. Admitindo que essa versão é verdadeira, só faltava que apanhasse porque foi comprar cloroquina.

Também está na rede outro vídeo, de março. Nele, o tenente Andrea explica à população de Bodoquena as regras do toque de recolher imposto pela pandemia. É outro homem. Fala pelo menos 15 vezes em leis ou decretos, cita a Constituição e, em 13 ocasiões, pede bom senso a todos. Vendo-o, sente-se uma ponta de orgulho pelo agente da lei.

A Polícia Militar não tem generais, mas há muitos deles na cúpula de um governo que estimula a violência do Estado num país de maricas. A eles e aos coronéis das Polícias Militares, cabe cuidar da ordem dentro de suas corporações. Qual tenente Andrea querem formar? O que fala em leis e bom senso ou o que esmurra uma mulher algemada?

Na tarde de 31 de março de 1964, o tenente Freddie Perdigão Pereira tinha 28 anos e comandava os tanques mandados para os portões do Palácio das Laranjeiras para proteger o governo do presidente João Goulart. Tornou-se um torturador do DOI e esteve nas cenas da prisão do deputado Rubens Paiva, em 1971, e do atentado do Riocentro, dez anos depois. Perdigão era um tipo alterado, mas virou o que virou pela tolerância e pelo estímulo dos comandantes militares da ocasião.

Passou o tempo, mudou o regime, e todo o entulho dos crimes praticados pela ditadura foi para a biografia de tenentes, capitães e majores. Fritaram a gaveta de baixo. Quando muito, disseram que os ampararam “sub-repticiamente”.

A violência policial já foi terceirizada com milícias particulares de empresas cujos diretores circulam em Davos dando aulas ao mundo. Na estrutura da segurança pública, ela continua no cotidiano das periferias das cidades ou em salas de delegacias e de quartéis como o de Bodoquena. Há anos ela se manifesta também nos motins de policiais militares que recebem o beneplácito de hierarcas e são invariavelmente perdoados por anistias votadas pelo Congresso ou pelas Assembleias Legislativas.

Será difícil convencer um jovem tenente a respeitar um preso se seus superiores levam semanas para examinar um vídeo gravado no quartel e protegem-no dentro do limite do possível.

Faz tempo, um oficial que fez fama num DOI caiu num comando do general Antônio Carlos de Andrada Serpa, e ele lhe disse que aquela função poderia trazer problemas para sua carreira. Em 2014, o oficial relembrou: “Eu respondi que fiz tudo direito, só recebi elogios e fui condecorado, portanto o Exército cuidaria de mim. Ele me disse: ‘Deus queira que você tenha razão’. Hoje eu me dei conta de que ele sabia do que falava”.

Diplomacia da extrema direita aproxima o país de prejuízos reais


Para ex-embaixador, política externa funciona à base de 'alucinações, fantasias e teorias conspiratórias'

A diplomacia brasileira conseguiu cometer uma barbeiragem dupla. Nas últimas semanas, o governo desprezou o próximo presidente dos EUA e enviou sinais hostis para a China. Amarrado a Donald Trump e às bandeiras da direita radical, o país pode sofrer prejuízos concretos na relação com seus dois principais parceiros comerciais.

Na terça (24), a embaixada chinesa ameaçou o Brasil com “consequências negativas” depois que Eduardo Bolsonaro publicou uma mensagem que ligava a tecnologia de 5G do país asiático com atos de espionagem.

“Essa talvez seja a mais enfática advertência para os danos que Eduardo e seus cúmplices podem causar às relações com a China”, diz Roberto Abdenur, que foi embaixador brasileiro em Pequim e Washington. Para ele, o silêncio de Jair Bolsonaro sobre a declaração do filho “endossa essa barbaridade”.

O diplomata vê uma escalada nas manifestações do governo chinês, com uma ameaça real de retaliação nos investimentos e no comércio. “O Brasil se ilude ao achar que teremos eternamente a posição privilegiada de grandes exportadores de soja, carne, minério de ferro e açúcar”, diz.

Ainda que existam questionamentos sobre a segurança da tecnologia chinesa de 5G, o governo brasileiro usa uma retórica infantil para satisfazer sua base ideológica. Abdenur afirma que o país enfrentará tempos difíceis se não souber manter uma equidistância entre China e EUA.

O desafio pode ser ainda maior porque Bolsonaro escolheu “uma posição de subserviência” em relação a Trump, segundo Abdenur –o que criou uma política externa baseada em “alucinações, fantasias e teorias conspiratórias”.

Para o ex-embaixador em Pequim e Washington, a atuação de Eduardo e do ministro Ernesto Araújo na diplomacia funciona como elo entre a extrema direita americana e a extrema direita brasileira, “que é uma sucursal da extrema direita americana”. “A não ser que haja uma guinada nessa postura, o que eu não acredito, nós vamos ter problemas”, avalia.

Começa a bater um desânimo

Inflação da comida, auxílio no fim e falta de emprego desanimam brasileiro  
A inflação da comida não era tão alta desde 2008, embora naquele tempo a economia e os salários crescessem rápido. Antes disso, carestia da comida tão ruim houvera apenas em 2003. Para piorar, o valor do auxílio emergencial caiu pela metade desde setembro.

Como a economia ainda está muito deprimida e a epidemia ainda muito animada, a perspectiva de emprego é difícil, em particular para o terço mais pobre da população. Há motivos para o brasileiro desanimar. Há números que medem a desanimação.

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da FGV caiu pelo segundo mês consecutivo em novembro. O ICC é composto de várias medidas de ânimo. A que mais abateu o índice foi a expectativa econômica para os próximos meses.

A inflação da “alimentação no domicílio”, como diz o IBGE, aumentou em média 19,9% nos últimos 12 meses até novembro (na inflação medida pelo IPCA-15). As pancadas mais fortes do mês foram na batata, no tomate, no óleo de soja, no arroz e na carne de boi.

É a mesa comum do brasileiro. Inflação de alimentos em alta costuma ter impacto também no humor político, mesmo que a inflação geral esteja controlada, como agora. Em um ambiente em que a renda média deve diminuir, os ânimos não devem melhorar, é claro. No trimestre junho-agosto, o pagamento médio dos auxílios emergenciais somou R$ 45,3 bilhões por mês no país.

Em setembro, de R$ 24,2 bilhões. Em tese, zera em janeiro. O ritmo da inflação da comida não deve diminuir de modo notável até o final do ano. Há perspectiva teórica de vacina, um choque positivo. Mas o povo só acredita nisso quando vir a vacina no posto de saúde. 

Os indicadores de tensão também aparecem em parte do mercado financeiro. As taxas de juros no atacadão de dinheiro continuam subindo. Essas taxas são o piso do custo do crédito nos bancos e do capital para as empresas (que tomam empréstimos a fim de expandir negócios, construções, comprar equipamentos etc. ou levam em conta o custo do dinheiro para tomar tais decisões).

Os juros estão abaixo apenas do nível de pânico de abril; estão mais altos que faz um ano. As condições financeiras gerais apenas não estão mais apertadas porque a Bolsa viaja alto e o dólar deu uma recuada, melhorias devidas ao cenário externo (perspectiva de vacina e eleição americana).

O motivo da alta das taxas de juros é óbvio e praticamente o mesmo desde agosto ou setembro. Isto é, a dívida pública é alta, não se sabe o que o governo vai fazer do problema, não se sabe se vai ter avacalhação do teto, se o governo terá algum plano econômico crível e se terá capacidade política de aprová-lo.

Jair Bolsonaro não entende nada disso e Paulo Guedes a cada dia se desmoraliza até na praça que o elegeu como salvador da pátria. Os povos dos mercados suspeitam que, na hipótese ou perspectiva de queda de popularidade, Bolsonaro faça bobagem maior com as contas públicas.

Na dúvida, os donos do dinheiro vão cobrando mais caro nos empréstimos para o governo. Para lembrar: a baixa taxa de juros de curto prazo é, no curto prazo, a única alternativa para evitar uma alta convulsiva da dívida do governo e os tumultos decorrentes. Se também a Selic for para o vinagre, teremos problemas muito feios.

A economia despiorou mais rápido do que o esperado até agora, mas ainda deve encolher 4,6% neste ano, na estimativa dos economistas do setor privado. A previsão de crescimento para 2021 é de 3,4%. Nem recupera o que se perdeu neste ano horrível. Imagine-se a situação se não crescermos nem isso.​

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

King Crimson - 21st Century Schizoid Man - Live at Rock in Rio Festival 2019

Deus está morto


O dia em que o futebol morreu

Adeus Diego, nos lembraremos do dia 25 de novembro de 2020 como o dia em que o futebol morreu. Maradona era muito mais que um jogador de futebol, ele era único, era um herói do século 20, um humilde proletário que redimiu sua humilde condição e que através do futebol deu alegria e felicidade ao mundo. Para Nápoles, ele era tudo, ele era o resgate, a vingança, o moleque que triunfa sobre tudo, seu protetor. Nápoles colocou Maradona ao lado de San Gennaro e Caruso. Ele era o coração da Argentina, o comandante dos humildes. Um Che Guevara no mundo dourado do futebol. Anos heroicos, extraordinários: foi uma sorte poder vê-lo e admirá-lo, foram os anos mais belos de nossas vidas.

La Reppublica

Sabíamos disso em nossos corações há muito tempo, mas não queríamos confessá-lo. Diego estava vivo, mas estava correndo para o final. Toda sua vida - sempre a 300 por hora, incrível, emocionante, absurda, vivida em um só fôlego - foi uma longa corrida rumo à morte, brincou tanto com sua vida, desgastou-a, viveu-a tanto que aquele dia chegou muito, muito cedo: hoje, quarta-feira, 25 de novembro. O dia em que o futebol morreu. (*)

Não poderia ter sido de outra forma, infelizmente. Diego Armando Maradona fez maravilhas com seu corpo e inteligência, mas ele abusou desse mesmo corpo, persistindo perigosamente com drogas e álcool. Diego sempre reuniu os extremos mais distantes, o céu e o inferno. Mas o céu o deu a todos, ao mundo inteiro e o inferno o reservou apenas para si mesmo. É por isso que todos o amavam, o admiravam, o adoravam como um deus, uma religião. Um deus bom, generoso, não arrogante, não arrogante, que abraçou o povo.

Maradona era um deus pagão, um ícone do século XX, um símbolo, um Che Guevara da bola (ele o tinha tatuado em seu braço), um proletário liderando uma revolução, o pobre homem que redime sua humilde condição e se torna um herói do esporte. E não apenas isso. Para Nápoles Maradona foi o resgate, dois Scudetti e uma Copa da UEFA que elevaram a cidade de uma condição de subordinação, muitas vezes humilhação, para o colocar ao lado de San Gennaro e Caruso. Não havia ninguém mais napolitano do que Maradona em Nápoles: uma história de amor perfeita, total e pungente.

Como um jogador de futebol, Diego não era perfeito, era muito mais. Porque Diego nunca foi apenas um conjunto de qualidades técnicas, parando e driblando, ele era um catalisador, um espírito guerreiro, ora zangado e ora divertido. Sempre se disse que ele ganhou sozinho a Copa do Mundo para a Argentina, o que não é verdade, mas que a lenda transmitiu assim. O clímax foi o famoso jogo com a Inglaterra: o gol mais bonito da história e o mais trapaceiro da história "la mano de Dios".


(*) Na história do rock existe "O dia em que a música morreu". É 3 de fevereiro de 1959, quando o avião em que Buddy Holly, The Big Popper e Ritchie Valens viajavam caiu. Em 1970 Don McLean lembrou-se disso em sua American Pie, The Day The Music Died.

Apelo aos cirandeiros do Leblon e Vila Madalena: deixem São Gonçalo em paz!

Vinícius Carvalho

Faço um apelo aos camaradas e os petistas de alta casta de São Paulo e das zonas centrais do Rio de Janeiro, continuem cuidando do CIRANDAÇO do Boulos aí e deixem São Gonçalo em paz.

Deixa a política periférica do Rio para quem entende. Gente que só entende de política de ler em livro não serve neste momento. É igual ir à restaurante para ficar lendo o cardápio. Vão rodar o bundaço no Largo da Batata, com suas boinas de Cuba e seus braços em riste, porque em São Gonçalo a BALA VOA. São mundos, países, planetas diferentes.

Só uma coisa explica essa catarse coletiva pela carta assinada do Dimas, os caras são tão fanáticos por NOTAS DE REPÚDIO, que só eles levaram a sério a tal carta dos crente. 

O caso São Gonçalo é emblemático e revelador do tal "Brasil profundo":

- Pessoas progressistas da região e de todo o subúrbio do Grande Rio defendendo o Dimas, desesperados com o possível retorno de um chefe de grupo de extermínio ao poder municipal.

- Socialistaços e cirandeiros ilustrados, intelectuais da USP e do IFCS com salários de dois dígitos, gente que não mora na região e vive em bolhas de classe alta, indignados com o Dimas. De perninha cruzada, fumando cigarro de cereja, recitando tropicália, Butler, Trotsky e Neruda, dizendo: "assim eu não quero, assim eu não admito".

Vão à merda. Vão andar de Papa Móvel com a Erundina, aproveitem e façam pole dance como a Marta, só não passem COVID pra Erundina porque ela é grupo de risco.

Aí depois não sabem porque as militâncias ficaram em pé de guerra no 1° turno em São Paulo, olha a arrogância dos cabras. Olha como essa turma conduz o debate.

Quero que o Boulos vença, mas se perder, vocês já sabem o motivo. Vai botar esse tipo de gente aí pra conversar com o povo, é óbvio que vai dar merda.

O que eu oriento aos meus amigos mais jovens que estão se interessando por política é, ou construam um partido novo, com as ideias de vocês, longe dessa cacalhada.

Existe espaço para uma esquerda verdadeiramente popular, não sectária, com diálogo, com gelada no copo e consonância com o povão, que se adapte ao mundo real, livre de uma visão eurocêntrica da coisa e sem tirar do bolso mais de 900 livros que ninguém mais liga, ninguém mais lê.

E esse caminho não está nos partidos tradicionais, ou melhor, em NENHUM dos partidos existentes.

Gigante

"Maradona jamais será esquecido", diz Lula


Diego Armando Maradona foi um gigante do futebol, da Argentina e de todo o mundo, um talento e uma personalidade única. A sua genialidade e paixão no campo, a sua intensidade na vida e seu compromisso com a soberania latinoamericano marcaram nossa época.

No campo, foi um dos maiores adversários, talvez o maior, que a seleção brasileira já enfrentou. Fora da rivalidade esportiva, foi um grande amigo do Brasil. Só posso agradecer toda sua solidariedade com as causas populares e com o povo brasileiro. Maradona jamais será esquecido.

Lula

Morreu o gigante Maradona



Maradona morreu no mesmo dia de Fidel, quatro anos depois. Mais poético e simbólico, impossível.



Para a minha geração, Maradona restaurou a crença na humanidade dos deuses e na divindade dos homens.



Diego Armando Maradona morreu


Comoção mundial: Diego Armando Maradona morreu

Mariano verrina (tradução automática, texto original abaixo)

E um dia aconteceu. Um dia o inevitável aconteceu. É um tapa emocional e nacional. Um golpe que reverbera em todas as latitudes. Um impacto mundial. Uma notícia que marca uma dobradiça na história. A frase que foi escrita várias vezes mas que foi driblada pelo destino agora faz parte da triste realidade: Diego Armando Maradona morreu.

Villa Fiorito foi o ponto de partida. E dali, daquele canto adiado da zona sul da Grande Buenos Aires, se explicam muitos dos condimentos que tinha o combo com que viveu Maradona. Uma vida televisionada desde aquela primeira mensagem para a câmera em um pasto em que um menino disse que sonha em jogar pela Seleção. Um salto no vazio sem pára-quedas. Uma montanha-russa constante com subidas e descidas íngremes.

Ninguém deu a Diego as regras do jogo. Ninguém deu ao seu ambiente (conceito tão naturalizado como abstrato e mutante ao longo de sua vida) o manual de instruções. Ninguém tinha joystick para aguentar os destinos de um homem que com os mesmos pés que pisou na lama chegou a tocar o céu.

Talvez sua maior coerência tenha sido ser autêntico em suas contradições. O único a não deixar de ser Maradona, mesmo quando nem mesmo ele pudesse suportar. Aquele que abriu amplamente a sua vida e naquela caixa de surpresas para despir muito da idiossincrasia argentina. Maradona é os dois espelhos: aquele em que é agradável nos olharmos e o outro, aquele que nos embaraça.

Ao contrário dos mortais comuns, Diego nunca poderia esconder nenhum dos espelhos.

Ele é o Cebollita que tinha apenas uma calça de veludo cotelê e é o homem das camisas brilhantes e da coleção de relógios luxuosos. É ele quem faz quatro gols para um goleiro que tenta desafiá-lo e ao mesmo tempo para o treinador que tenta chicanar os alemães e acaba sendo humilhado. É o que sai da glória do estádio Azteca e o que sai da mão de uma enfermeira nos Estados Unidos. Ele é aquele que arenga, aquele que treme, aquele que levanta, aquele que motiva. Aquele que pegou um avião de qualquer parte do mundo para vir jogar com a camisa da Seleção. Aquele com a fechadura loira e que estaciona o caminhão Scania no interior. É o gordo que passa o tempo jogando golfe em Cuba e o magrelo de La Noche del Diez. Aquele que retorna da morte em Punta del Este. Ele é namorado de Claudia e também o homem acusado de violência de gênero. É o viciado em luta constante. Aquele que canta tango e dança cumbia. Aquele que se apresenta à FIFA ou diz ao Papa para vender o ouro do Vaticano. Aquele que estava reconhecendo as crianças como alguém que tenta consertar buracos em sua vida. Ícone do nono neoliberalismo e aquele que embarcou no trem para ficar cara a cara com Bush e ser a bandeira do progressismo latino-americano. É cada tatuagem que ele tem na pele, Che, Dalma, Gianinna, Fidel, Benja ... Ele é o homem que abraça a copa, aquele que reclama quando os italianos insultam nosso hino e aquele que traz um sorriso aos heróis de Malvinas com um fósforo digno de uma ficção, de uma obra literária, de uma obra de arte. Aquele que estava reconhecendo as crianças como alguém que tenta consertar buracos em sua vida. Ícone do nono neoliberalismo e aquele que embarcou no trem para ficar cara a cara com Bush e ser a bandeira do progressismo latino-americano. É cada tatuagem que ele tem na pele, Che, Dalma, Gianinna, Fidel, Benja ... Ele é o homem que abraça a copa, aquele que reclama quando os italianos insultam nosso hino e aquele que traz um sorriso aos heróis de Malvinas com um fósforo digno de uma ficção, de uma obra literária, de uma obra de arte. Aquele que estava reconhecendo as crianças como alguém que tenta consertar buracos em sua vida. Ícone do nono neoliberalismo e aquele que embarcou no trem para ficar cara a cara com Bush e ser a bandeira do progressismo latino-americano. É cada tatuagem que ele tem na pele, Che, Dalma, Gianinna, Fidel, Benja ... Ele é o homem que abraça a copa, aquele que reclama quando os italianos insultam nosso hino e aquele que traz um sorriso aos heróis de Malvinas com um fósforo digno de uma ficção, de uma obra literária, de uma obra de arte.

Porque se você tivesse que escolher apenas um partido, seria esse. Porque não houve e não haverá um segmento da vida mais Maradona do que aqueles quatro minutos decorridos entre os dois gols que ele marcou em 22 de junho de 1986 contra os ingleses. O melhor resumo da sua vida, do seu estilo, do que foi capaz de criar. Ele pintou sua obra-prima no melhor cenário possível. Ele disse ao mundo quem é Diego Armando Maradona. O trapaceiro e o mágico, aquele que é capaz de enganar a todos e arrancar uma mão perversa e aquele que imediatamente se supera com a pontuação de todos os tempos.

Barril cósmico. E a bola não está manchada. E pernas decepadas. E que eles continuam sugando. E a tartaruga que escapa. E o vaso do departamento de Caballito, o rifle de ar comprimido contra a imprensa, a Ferrari preta que descartou porque não tinha aparelho de som, a máfia napolitana e toda uma cidade que opta por viver da pausa, entregue ao seu Deus. É a música, os documentários brutos e as biografias sempre desatualizadas. Aquele que pega o telefone e liga quando você menos espera e mais precisa. Aquele que jogava jogos beneficentes sem ninguém saber. Aquele que vai do amor ao ódio com Cyterszpiler, com Coppola ou com Morla. Aquele que sempre volta às origens e dá mais atenção a quem tem menos.

Ele é o avô  babão e o pai inacessível.

Ele é antes de tudo e acima de tudo filho de Dona Tota e Dom Diego.

E Maradona está no presente, apesar de que aqueles que morrem têm que escrever no passado. É aquele que em Dubai esfregou ombros com xeques e contratos milionários e o que em Culiacán e com 40 graus à sombra pediu um ensopado em casa. Aquele que foi internado em um hospital neuropsiquiátrico. Aquele que poderia largar a cocaína. Aquele que jogava joguinhos em Harvard. É ele que, como treinador de ginástica, viveu uma homenagem postergada ao futebol argentino. Quem liderou o Racing e o Mandiyú não foi este último Diego com os joelhos tortos, as palavras esticadas e as emoções à flor da pele sem filtro.

Maradona também é o homem que desapareceu. Seu corpo rachou e ele começou a trazer à luz tantos anos de castigos físicos, transbordamentos, excessos, pontapés, infiltrações, tropeções, vícios, altos e baixos com o seu peso, caminhando pelos extremos sem rede de contenção .

E a alma se desvaneceu com a batida do corpo. Ultimamente, ele não queria mais ser Maradona e não podia mais ser um homem normal. Nada o motivava mais. O paliativo de antidepressivos e pílulas para dormir não funcionava mais. E a combinação com álcool acelerou a fita. Cada vez menos coisas ligavam seu motor: nem dinheiro, nem fama, nem trabalho, nem amigos, nem família, nem mulher, nem futebol. Ele perdeu seu próprio joystick. E perdeu o jogo.

Fiorito chora por ele, cenário inicial para a história do filme e peça fundamental para a compreensão do personagem. Os Cebollitas choram por ele onde ele foi encorajado a sonhar grande. O Argentinos Juniors chora por isso, onde não é só o nome do estádio, mas o melhor exemplo de um molde que gera orgulho. Boca chora por ele e toda a paixão que ele juntou a um vínculo que estava mudando, mas manteve o amor genuíno. Nápoles está de luto por ele, seu altar maravilhoso no qual ele mudou a vida de uma cidade para sempre com uma bola. Sevilha, Barcelona e Newell's também estão de luto por ele, que inflou o peito por tê-lo abrigado. A Seleção está de luto porque ninguém defendeu as cores azul e branco como ele.

O país inteiro e o mundo estão de luto por ele.

Entre tantas coisas que fez em sua vida, Maradona fez uma particularmente exótica: ele se entrevistou. Diego na cama perguntou ao homem de camisa do que ele se arrependia. “Não ter gostado do crescimento das meninas, ter faltado às festas das meninas ... Lamento ter feito minha velha, meu velho, meus irmãos, aqueles que me amam sofrer. Não ter podido dar 100 por cento no futebol porque dei vantagens com a cocaína. Não tirei vantagem, dei vantagem ”, foi respondido em sessão de terapia com 40 pontos.

Nessa mesma montagem realizada em 2005 em seu programa “La noche del Diez”, o Diego de terno sugeriu ao de camiseta que deixasse algumas palavras para quando chegasse o dia da morte de Diego. “Uhh, o que eu diria?” Ele pensa. E define: “Obrigado por ter jogado futebol, obrigado por ter jogado futebol, porque é o esporte que mais me deu alegria, mais liberdade, é como tocar o céu com as mãos. Graças à bola. Sim, colocaria uma lápide que dizia: graças à bola ”.

Conmoción mundial: Murió Diego Armando Maradona

Clarin

Mariano Verrina

A los 60 años

Sufrió un paro cardiorrespiratorio en la casa de Tigre en la que se había instalado tras su operación en la cabeza.

Y un día ocurrió. Un día lo inevitable sucedió. Es un cachetazo emocional y nacional. Un golpe que retumba en todas las latitudes. Un impacto mundial. Una noticia que marca una bisagra en la historia. La sentencia que varias veces se escribió pero había sido gambeteada por el destino ahora es parte de la triste realidad: murió Diego Armando Maradona.

Villa Fiorito fue el punto de partida. Y desde allí, desde ese rincón postergado de la zona sur del Conurbano bonaerense se explican muchos de los condimentos que tuvo el combo con el que convivió Maradona. Una vida televisada desde aquel primer mensaje a cámara en un potrero en el que un nene decía soñar con jugar en la Selección. Un salto al vacío sin paracaídas. Una montaña rusa constante con subidas empinadas y caídas abruptas.

Nadie le dio a Diego las reglas del juego. Nadie le dio a su entorno (un concepto tan naturalizado como abstracto y cambiante a la lo largo de su vida) el manual de instrucciones. Nadie tuvo el joystick para poder manejar los destinos de un hombre que con los mismos pies que pisaba el barro alcanzó a tocar el cielo.

Quizá su mayor coherencia haya sido la de ser auténtico en sus contradicciones. La de no dejar de ser Maradona ni cuando ni siquiera él podía aguantarse. La de abrir su vida de par en par y en esa caja de sorpresas ir desnudando gran parte de la idiosincrasia argentina. Maradona es los dos espejos: aquel en el que resulta placentero mirarnos y el otro, el que nos avergüenza.

A diferencia del común de los mortales, Diego nunca pudo ocultar ninguno de los espejos.

Es el Cebollita que solo tenía un pantalón de corderoy y es el hombre de las camisas brillantes y la colección de relojes lujosos. Es el que le hace cuatro goles a un arquero que intenta desafiarlo y al mismo tiempo el entrenador que intenta chicanear a los alemanes y termina humillado. Es el que se va bañado de gloria del estadio Azteca y el que sale de la mano de una enfermera en Estados Unidos. Es el que arenga, el que agita, el que levanta, el que motiva. El que tomaba un avión desde cualquier punto del mundo para venir a jugar con la camiseta de la Selección. El del mechón rubio y el que estaciona el camión Scania en un country. Es el gordo que pasa el tiempo jugando al golf en Cuba y el flaco de La Noche del Diez. El que vuelve de la muerte en Punta del Este. Es el novio de Claudia y es también el hombre acusado de violencia de género. Es el adicto en constante lucha. El que canta un tango y baila cumbia. El que se planta ante la FIFA o le dice al Papa que venda el oro del Vaticano. El que fue reconociendo hijos como quien trata de emparchar agujeros de su vida. Un icono del neoliberalismo noventoso y el que se subió a un tren para ponerse cara a cara contra Bush y ser bandera del progresismo latinoamericano. Es cada tatuaje que tiene en su piel, el Che, Dalma, Gianinna, Fidel, Benja… Es el hombre que abraza a la Copa del Mundo, el que putea cuando los italianos insultan nuestro himno y el que le saca una sonrisa a los héroes de Malvinas con un partido digno de una ficción, una pieza de literatura, una obra de arte.

Porque si hubiera que elegir un solo partido sería ese. Porque no existió ni existirá un tramo de la vida más maradoneano que esos cuatro minutos que transcurrieron entre los dos goles que hizo el 22 de junio de 1986 contra los ingleses. El mejor resumen de su vida, de su estilo, de lo que fue capaz de crear. Pintó su obra cumbre en el mejor marco posible. Le dijo al mundo quién es Diego Armando Maradona. El tramposo y el mágico, el que es capaz de engañar a todos y sacar una mano pícara y el que enseguida se supera con la partitura de todos los tiempos.

Barrilete cósmico. Y la pelota no se mancha. Y las piernas cortadas. Y que la sigan chupando. Y la tortuga que se escapa. Y el jarrón en el departamento de Caballito, el rifle de aire comprimido contra la prensa, la Ferrari negra que descartó porque no tenía stéreo, la mafia napolitana y toda una ciudad que elige vivir en pausa, rendida a su Dios. Es el de las canciones, el los documentales a carne viva y las biografías siempre desactualizadas. El que levanta el teléfono y llama cuando menos lo esperás y más lo necesitás. El que jugó partidos a beneficio sin que nadie se enterara. El que pasa del amor al odio con Cyterszpiler, con Coppola o con Morla. El que siempre vuelve a sus orígenes y le presta más atención a los que menos tienen.

Es el abuelo baboso y el papá inabordable.

Es antes que todo y por sobre todas las cosas el hijo de Doña Tota y de Don Diego.

Y Maradona es en presente pese a que de los que mueren haya que escribir en pasado. Es el que en Dubai se codeaba con jeques y contratos millonarios y el que en Culiacán y con 40 grados a la sombra pedía un guiso a domicilio. El que internaron en un neuropsiquiátrico. El que pudo dejar la cocaína. El que hizo jueguitos en Harvard. Es el que como entrenador de Gimnasia vivió un postergado homenaje del fútbol argentino. Aquel que había dirigido a Racing y a Mandiyú no era este último Diego de las rodillas chuecas, las palabras estiradas y las emociones brotando sin filtro.

Es también Maradona el hombre que se fue apagando. Se resquebrajó su cuerpo y empezó a sacar a la luz tantos años de castigo físico, de desbordes, de excesos, de patadas, de infiltraciones, de viajes, de adicciones, de subibajas con su peso, de andar por los extremos sin red de contención.

Y el alma se fue apagando al compás del cuerpo. En el último tiempo ya no quería ser Maradona y ya no podía ser un hombre normal. Ya nada lo motivaba. Ya no servía el paliativo de los antidepresivos ni las pastillas para dormir. Y la combinación con alcohol aceleraba la cinta. Cada vez menos cosas encendían su motor: ni el dinero, ni la fama, ni el trabajo, ni los amigos, ni la familia, ni las mujeres, ni el fútbol. Perdió su propio joystick. Y perdió el juego.

Lo llora Fiorito, escenografía inicial de esta historia de película y pieza fundacional para comprender al personaje. Lo lloran los Cebollitas donde se animó a soñar en grande. Lo llora Argentinos Juniors donde no solo es nombre del estadio sino el mejor ejemplar de un molde que genera orgullo. Lo llora Boca y toda la pasión que unió a un vínculo que fue mutando pero conservó el amor genuino. Lo llora Nápoles, su altar maravilloso en el que con una pelota cambió la vida de una ciudad para siempre. Lo lloran también Sevilla, Barcelona y Newell’s, que infla el pecho por haberlo cobijado. Lo llora la Selección porque nadie defendió los colores celeste y blanco como él.

Lo llora el país entero y el mundo.

Entre tantas cosas que hizo en su vida, Maradona hizo una particularmente exótica: se entrevistó a sí mismo. El Diego de saco le preguntó al de remera de qué se arrepentía. “De no haber disfrutado del crecimiento de las nenas, de haber faltado a fiestas de las nenas… Me arrepiento de haber hecho sufrir a mi vieja, mi viejo, mis hermanos, a los que me quieren. No haber podido dar el 100 por ciento en el fútbol porque yo con la cocaína daba ventajas. Yo no saqué ventaja, yo di ventaja”, se contestó en una sesión de terapia con 40 puntos de rating.

En ese mismo montaje realizado en 2005 en su programa “La noche del Diez”, el Diego de traje le propuso al de remera que deje unas palabras para cuando a Diego le llegue el día de su muerte. “Uhh, ¿qué le diría?”, piensa. Y define: “Gracias por haber jugado al fútbol, gracias por haber jugado al fútbol, porque es el deporte que me dio más alegría, más libertad, es como tocar el cielo con las manos. Gracias a la pelota. Sí, pondría una lápida que diga: gracias a la pelota”.