sábado, 28 de novembro de 2020

A balada de Diego Maradona


O jogo veio sisudo das europas
De bolas altas, para altas copas
Mas aqui as plantas são rasteiras,
São outros ziriguiduns e alaridos
E o passo de tango, e a ginga das capoeiras
Do deserto patagão às altas cordilheiras,
Transformou o jogo na vingança dos fodidos

A bola é uma dama cortês
Que baila com Diego Maradona
O tango da insônia do zagueiro inglês
Diante do artilheiro que, como galo de rinha,
Afronta o espaço, enlouquece a hora
Com as chuteiras entre nuvens e esporas
Ciscando o pesadelo da terra da rainha.

Tua alma, entre a álgebra e a lua rara,
É a América ébria de Gardel, Evita, 
Perón e Che Guevara
De milagres prenha e dos meninos rotos.
Teu futebol foi um túmulo de ateus:
Afinal como pode o pé de Exu canhoto
Viver no mesmo corpo da mão de Deus?

Nenhum comentário:

Postar um comentário