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sábado, 6 de março de 2021

Bolsonaro age com a fúria dos milicianos

Com líderes do Congresso cooptados ao esquema da morte, não há saída para a calamidade
Com a fúria de um miliciano macabro, Bolsonaro ameaça: quem fizer "lockdown" terá de bancar o auxílio de emergência aos trabalhadores. É a lógica do fora-da-lei que cobra proteção e, contrariado em seus interesses, manda cortar o fornecimento de botijões de gás. Na cabeça do capitão, o país é um território tomado à força na zona oeste carioca; o destino dos brasileiros vale menos que a ligação pirata na internet.

Sua falácia é salvar empregos. Quando até mesmo o ministro Paulo "Pibinho" Guedes sabe que a retomada econômica está ligada ao combate à pandemia, Bolsonaro continua dedicando-se ao contrário: incrementar a doença. Não à toa seus fanáticos adoradores curtem o apelido Capitão Corona.

Para ele, luto é frescura. Mimimi. Além de não usar máscara, demite quem usa. Mente, xinga a mãe, aglomera, ataca a imprensa, aprofunda a crise federativa, nega a gravidade da peste, sabota o plano nacional de vacinação e, depois de receitar, comprar e fabricar medicamentos sem eficácia no tratamento à Covid-19, despacha o chanceler Ernesto "Pária" Araújo para buscar um spray milagroso em Israel.

Enquanto isso, o Brasil está se desfazendo em calamidades: com os hospitais públicos e privados esgotando a capacidade, cada vez mais pacientes jovens em estado grave ocupam as UTIs; a transmissão descontrolada —já se fala numa quarta onda— tende a criar vírus mais perigosos; recordes no número de vidas perdidas são batidos dia após dia. Nas ruas, desespero e fome. Nas redes sociais, idiotia robótica.

Para complicar, não há saída imediata. Os líderes do Congresso estão cooptados ao projeto da morte. Na Câmara, de Arthur Lira só se podem esperar novas PECs da impunidade. No Senado, Rodrigo Pacheco tem gastado seu português castiço para dizer que a CPI da Covid não é para investigar o presidente. Investigar quem então, cara-pálida?


Alvaro Costa e Silva
Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

sábado, 28 de novembro de 2020

Nunca houve governante pior do que Crivella

Com a milícia 

Crivella, o último da fila 

Nenhum governante na história do Rio construiu uma imagem tão negativa
Fundador da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro e primeiro governador-geral, Estácio de Sá não devia ser muito estimado: foi ferido por uma flecha envenenada que lhe vazou o olho durante uma batalha na praia do Flamengo, morrendo um mês depois, em 1567.

Contra António Salema, que governou entre 1575 e 1578, pesa a acusação de ter espalhado pelas margens da lagoa Rodrigo de Freitas, então ocupadas por índios tamoios, roupas que haviam sido usadas por doentes de varíola. Para atravessar uma ponte sobre o rio Carioca, na altura de onde hoje fica a praça José de Alencar, Salema instituiu o primeiro pedágio.

Em 1711, Francisco de Castro Moraes, de apelido o Vaca, permitiu que o Rio fosse tomado pelo corsário francês Duguay-Trouin, entregando a cidade a Santo Antônio e fugindo. Os moradores pagaram o resgate em cruzados de ouro, caixas de açúcar e bois. A expressão "no tempo do Onça" diz respeito ao capitão-geral Luís Vahia Monteiro, que exerceu o poder entre 1725 e 1732, sempre a reclamar da vida. Chegou a dizer em carta ao rei de Portugal que "nesta terra todos roubam, menos eu". 
Pois sim.

Carlos Sampaio arrasou o morro do Castelo, em 1922, num evento comercial que causou enorme prejuízo histórico e destruiu a maior referência simbólica e sentimental do Rio.

Em tempos mais recentes, houve a lista de biônicos, nomes que se tornaram inesquecíveis para os cariocas: Marcos Tamoyo, Israel Klabin, Marcello Alencar. Saturnino Braga teve dignidade na desdita: faliu a cidade, mas assumiu o erro. Três vezes prefeito, César Maia inventou os factoides, versão amena das fake news. Dando uma de maluco, vestia casaco no calor de 40 graus; entrava num açougue e pedia picolé.

Nenhum deles construiu uma imagem tão perfeita quanto o ex-surfista Marcelo Crivella, que entrará para a história como o pior prefeito do Rio. Adeus.

sábado, 19 de setembro de 2020

Investigações sobre corrupção no Rio acabam sempre no mesmo lugar: a Barra da Tijuca


Corsários e piratas

Alvaro Costa e Silva

Em 1710, corsários franceses tramaram invadir o Rio em busca do ouro de Minas Gerais que deixava o porto rumo a Portugal e, por tabela, à Inglaterra. Para fugir das fortalezas na entrada da baía, fizeram um caminho alternativo: desembarcaram em Guaratiba e seguiram para a cidade a pé, cruzando durante sete dias as matas cerradas da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá. Chegaram tão exaustos que foram facilmente dominados pela população quando tentaram tomar a Casa da Moeda e o Armazém Real, na rua Direita.

Hoje, passados mais de 300 anos da frustrada invasão, os piratas saqueiam a mui leal e heroica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro sem precisar sair da Barra da Tijuca  

Pode parecer preconceito com a bela região de praias e lagoas e com as pessoas honestas (sim, elas existem) que lá vivem. Mas o roteiro traçado pelo Ministério Público para investigar a corrupção instalada tanto no governo municipal como no estadual tem sempre o mesmo destino: condomínios de luxo e escritórios de empresas que ficam na Barra.

A polícia já é íntima do Península. São 57 prédios, numa área equivalente ao tamanho do Leblon, com quadras de tênis, piscinas, academias, parques infantis, esculturas ao ar livre e um centro comercial próprio. Na semana passada, Pedro Fernandes, secretário estadual de Educação, foi preso lá, acusado de receber propina num esquema em que também aparece citado o governador interino, Cláudio Castro.

Um dia antes, quem teve de abrir a porta do seu apartamento no Península, para que se cumprisse mandado de busca e apreensão, foi Marcelo Crivella. Ele é vizinho do empresário Rafael Alves, apontado como operador de um arreglo criminoso que se estende a mais de 20 órgãos da prefeitura. Alves, segundo o Ministério Público, mandava em Crivella e tinha uma sala na Cidade das Artes, na Barra (onde mais?), só para receber as malas de dinheiro.

terça-feira, 28 de julho de 2020

Deu a louca no Brasil


Alvaro Costa e Silva
Nem o realismo mágico de García Márquez explica tantas situações absurdas e inverossímeis
A realidade é mágica. Não invento nada. Não há uma só linha nos meus livros que não seja realidade. Não tenho imaginação." A confissão de Gabriel García Márquez jamais esteve tão visível e palpável como hoje no país das emas, das quase 90 mil mortes por Covid-19 e dos quatro milhões de comprimidos de cloroquina estocados.

Na semana passada, um grupo de baloeiros armados invadiu o aeroporto Tom Jobim para resgatar um balão com 18 metros de altura que havia caído na pista e por pouco não provocara um acidente gigantesco. Os criminosos trocaram tiros com a polícia e fugiram num barco. Havia uma recompensa de R$ 5 mil para quem recuperasse o artefato de papel de seda, cangalha e boca de ferro e fogo. Nem Rubem Fonseca, que escreveu um conto criminal intitulado "O Balão Fantasma", tinha ido tão longe.

Para explicar a enfiada de situações absurdas e inverossímeis em que a sociedade está mergulhada, alguém bolou uma frase que desde 2016, ano do impeachment de Dilma, passeia nas redes sociais: "O roteirista do Brasil devia ser demitido". Pensando melhor, ele devia ganhar em dobro, por entender como ninguém as mazelas do público a que se dirige.

Além de exagerado e sem graça, o roteirista apela para surrados clichês. A carteirada do desembargador, com direito a falar francês, chamar o guarda de analfabeto e rasgar a multa por não usar máscara, é um método de humilhação estabelecido há 500 anos.

Contudo, o ponto alto do blockbuster "Deu a Louca no Brasil" é a dramatização da pós-verdade. Na trama, um celerado que ocupa a Presidência, e se disse contaminado pelo coronavírus, levanta uma caixa de cloroquina para adoração de apoiadores. Em outra cena, oferece o remédio que não tem eficácia no tratamento da Covid para as emas do Palácio da Alvorada. Salvem as emas enquanto é tempo, porque a população morre no fim do filme.

Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro"

sábado, 11 de janeiro de 2020

Bolsonaro e Guedes estão destruindo a economia brasileira


Celio Turino

Guedes/Bolsonaro estão destruindo a economia brasileira. Se não forem detidos o Brasil irá enfrentar a maior bancarrota da história!

Em apenas seis meses o governo queimou US$ 37 bilhões (há uma semana esse valor estava em US$ 34 bilhões, mas depois de um ajuste fino percebeu-se que mais US$ 3 bi foram torrados). Essa queima de dinheiro, sem que houvesse um mínimo de investimento produtivo, foi apenas para conter ataques especulativos e fuga de dólares do país. Mesmo assim o dólar se consolida em patamar mínimo de R$ 4,10 para além, e a moeda nacional tem o menor valor de sua história, com impacto direto no preço de combustíveis, alimentos e demais produtos. A inflação só não dispara porque o povo está submetido a um terrível arrocho, com desemprego continuado e subemprego, inutilizando a Força de Trabalho de mais de 50 milhões de pessoas, ainda assim, o preço da carne bovina dispara, em breve de aves (pelo aumento no preço do milho) e o litro de gasolina se consolida no patamar mínimo de R$4,50, para além. O salário mínimo, pela primeira vez neste século, teve reajuste negativo. Abaixo da inflação!!! Esses ladrões no governo estão roubando seis reais por mês de cada aposentado, pensionista ou pessoa que ganha salário mínimo! Que indignidade! Indignidade maior é essas pessoas não se revoltarem!!! Haja subserviência! 

Somado à queima de bilhões no mercado cambial, o país teve um déficit em conta corrente (relação entre exportação e importação de bens e serviços e transferências internacionais) na ordem de US$ 42 bilhões! A maior evasão de divisas da história do Brasil. Em 37 anos nunca o fluxo financeiro do país esteve tão negativo. Quando isso aconteceu, ao final da ditadura militar, o país teve hiperinflação e estagnação por mais de uma década. Aos mais jovens e aos que adoram desprezar os ensinamentos da história, perguntem aos pais como era a vida sob a hiperinflação, como era viver em um país com mudança diária nos preços, tudo por causa do desgoverno dos militares. A diferença é que à época, os militares levaram 15 anos para produzir o desastre que Guedes/Bolsonaro estarão produzindo em, no máximo, dois anos.

Não é possível que as pessoas ainda não tenham se dado conta deste desastre anunciado!!! 

Não sei se fico mais indignado com esse desgoverno de traição nacional ou com a falta de reação de meus compatriotas brasileiros!

Não se trata de catastrofismo, os números estão na vista de quem quiser olhar. Imaginem a vida dos brasileiros (mesmo dos estúpidos que votaram e seguem apoiando esse estrupício!) quando as reservas cambiais estiverem abaixo de um patamar seguro!!! 

A situação só não está pior porque o governo herdou muito dinheiro em caixa. Isso desmente a fakenews de que Lula e o PT faliram o Brasil. Ao contrário, quando Lula assumiu, em 2003, encontrou apenas US$ 17 bilhões em reservas internacionais; ao deixar o governo eram quase US$ 300 bilhões. As pessoas, gostando ou não de Lula, precisam reconhecer que governo dele multiplicou o valor das Reservas por oito vezes. Foi o que permitiu que o Brasil enfrentasse a crise global de 2008. Com Dilma as Reservas seguiram aumentando. Na época do golpe parlamentar/midiático/Judiciário/empresarial, nossas reservas estavam em patamar superior a US$ 360 bilhões. Mesmo com Temer seguiram aumentando. 

É criminoso o que Guedes e comparsas estão fazendo com nossa economia. Nesta semana um dos principais assessores do ministro da Economia foi acusado de gestão temerária em fundos de pensão, área em que o próprio ministro especula, ganhando muito dinheiro ao provocar rombos nas contas dos aposentados. Também na manipulação cambial. O Guedes sabia muito bem o que iria provocar quando deu aquela declaração sobre o AI-5. No dia seguinte houve uma desvalorização de R$ 0,20 na relação entre real e o dólar. Isso permitiu que vários comparsas embolsassem bilhões! Estranhamente não se toca mais no assunto, nem há investigação para apurar movimentação especulativa com o dólar entre os dias da fala do ministro. Por que será?

E nós? Vamos seguir passivos? Basta deste estado de anomia frente a tantos roubos descarados! Por serem manobras financeiras, de pouca compreensão pela maioria, as pessoas ainda não se deram conta de que tudo isso só vai resultar em mais miséria, desemprego, infelicidade. Não é questão de torcida, é questão de ação. E ela tem que ser tomada já!

sábado, 21 de dezembro de 2019

Aliança pela Minha Família


Alvaro Costa e Silva
No clã Bolsonaro, são tantos os agregados que daria para fundar um partido político
Agregado é quem convive com uma família, como se dela fizesse parte, mesmo não sendo parente. A definição está no dicionário Houaiss, que não entra em detalhes sobre a situação atípica do agregado.

Numa sociedade patriarcal, ele funciona como vassalo, servindo ao suserano. Mais ou menos o que representa o filho ilegítimo ou a amante. Assim age o ex-PM Fabrício Queiroz em sua relação com o clã Bolsonaro.

Membro da família há 35 anos e assessor do então deputado estadual e hoje senador Flávio Bolsonaro, Queiroz é a ponta mais evidente de uma rede de crimes envolvendo peculato, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e organização criminosa. Segundo o Ministério Público do Rio, na conta bancária dele caíram 483 depósitos, por transferência, cheque ou dinheiro em espécie, num total de R$ 2 milhões.

Do esquema de rachadinha fazia parte uma loja de chocolate, onde R$ 1,6 milhão pode ter sido lavado entre 2015 e 2018.

Na lista de citados pelo MP constam Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente, e a mulher e a filha do ex-oficial da PM Adriano da Nóbrega, acusado de chefiar o Escritório do Crime, uma das maiores milícias do Rio, e que é suspeito de envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco.

Em 2018, a Folha revelou que Bolsonaro usava verba da Câmara dos Deputados para empregar uma vizinha que trabalhava vendendo açaí em Angra dos Reis. Mapeamento do jornal O Globo, realizado em setembro, mostrou que desde que assumiu o primeiro mandato, em 1991, dando início a sua trajetória na política, Bolsonaro, com a colaboração dos três filhos que colocou no negócio, utilizou mais de uma centena de funcionários com parentesco ou relação familiar entre si, vários deles com indícios de que nunca trabalharam nos cargos.

Haja agregados. É tanta gente que daria para fundar um novo partido: Aliança pela Minha Família.

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Cala a boca, Magdo!


Alvaro Costa e Silva

Queiroz e as uvas
WhatsApp do ex-assessor de Flávio Bolsonaro mostra que ele continua dando consultorias de como fazer rachadinha
O Queiroz parece a Magda. No melhor estilo da personagem de Marisa Orth no humorístico "Sai de Baixo", ele se vangloriou de seu capital político e influência na indicação de nomes para o Legislativo: "Salariozinho bom desse aí, cara, pra gente que é pai de família, cai como uma uva".

Apesar da burrice, a mensagem é de fácil entendimento. Quem recebeu o áudio de WhatsApp (tinha de ser WhatsApp, o software da nossa nova era) sabe muito bem do que ele está falando e pouco se importa com a confusão entre uva e luva. Em outra gravação, na qual o ex-policial se mostra preocupado com as investigações do Ministério Público do Rio, a linguagem é semelhante à de Caco Antibes, o personagem pilantra interpretado por Miguel Falabella: "O MP tá com uma pica do tamanho de um cometa para enterrar na gente".

Assessor de Flávio Bolsonaro na Alerj entre 2007 e 2018, Fabrício Queiroz é suspeito de praticar "rachadinha" --quando um servidor comissionado devolve parte do salário. A pedido da defesa de Flávio, o presidente do STF, Dias Toffoli, suspendeu as investigações abertas a partir de relatórios do Coaf --com o que, numa penada só, travou outras 700 investigações e processos judiciais baseados em informações de órgãos de controle como a Receita e o Coaf (este até mudou de nome).

Queiroz continua em atividade --dando consultorias, comentando a atuação do presidente, quem sabe ainda "rachando". Para ficarmos na mesma fruta citada no áudio, sua atuação nos bastidores do poder lembra o samba "Uva de Caminhão", de Assis Valente, sucesso de Carmen Miranda: "Já me disseram/ Que você andou pintando o sete/ Andou chupando muito uva/ E até de caminhão".

Questionado sobre o amigo, Bolsonaro soltou uma frase que aparentemente não diz nada, mas pode significar tudo: "Ele cuida da vida dele e eu cuido da minha". Só faltou gritar: "Cala a boca, Magda!".

terça-feira, 2 de julho de 2019

Nasce um Bolsonaro por minuto


Da carroça à Fórmula 1 

Alvaro Costa e Silva
Quem paga mais leva: nos próximos anos corrida deve continuar em São Paulo 
Chase Carey, o chefão da F-1, parece um personagem de faroeste classe B produzido pela RKO. A começar pelo antiquado bigodão formando pontas para cima, que ele usa para esconder a cicatriz de um acidente automobilístico. Em especial, Carey lembra os chamados "medicine men".

Apóstolos da palavra de P. T. Barnum, segundo a qual "nasce um otário por minuto", eles viajavam em carroças tocando banjo e vendendo óleo de cobra. Alguns resolveram fabricar a própria beberagem --uma mistura de ferro, cálcio, fósforo, mel e uma dose além da conta de álcool--, prometendo a cura para unha encravada, reumatismo, úlcera, tuberculose, câncer, impotência. Essas drogas viraram mania nos EUA e patrocinaram caravanas gigantes com atrações artísticas que rodavam o interior do país.

Em escala mundial e vendida como esporte, a F-1 segue o mesmo esquema. Conhecendo seu público, Chase Carey nem se espantou de, ao chegar ao Brasil, ter sido paparicado pelo presidente, pelos governadores de São Paulo e do Rio de Janeiro e ainda pelo prefeito do Rio. Ele deve ter pensado: melhor lugar para armar um circo não pode haver.

O empresário expandiu seu negócio com o lema "quem paga mais leva". Portanto, a corrida deverá continuar em Interlagos nos próximos anos. Até o Rio arrumar um jeitinho milagroso de ajudar um grupo de espertalhões a construir um novo autódromo em Deodoro. Aqui estamos acostumados a gastar com "legados".

E tome cortina de fumaça: a declaração de Bolsonaro, desejando que o episódio do militar preso na Espanha com 39 kg de cocaína tivesse ocorrido na Indonésia, país onde se pune com pena de morte o tráfico de drogas. Na Cochinchina ou em Caixa-Prego, o que importa é que o sargento e a droga estavam dentro de um avião a serviço da Presidência do Brasil rumo à cúpula do G20.

Alvaro Costa e Silva
Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".