quinta-feira, 13 de maio de 2021

Depoimento de ex-presidente da Pfizer ajuda a fechar cerco contra o genocida


Pfizer ajuda CPI a fechar cerco contra Bolsonaro, que desprezou vacina

Kennedy Alencar

O depoimento de Carlos Murillo, ex-presidente da Pfizer no Brasil, ajuda a CPI da Pandemia a fechar o cerco contra o presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Ao relatar ofertas de imunizantes que não tiveram respostas oficiais, Murillo confirmou o desprezo de Bolsonaro e Pazuello pela compra de vacinas em agosto de 2020.

Se Bolsonaro e Pazuello tivessem priorizado a vacinação e aceitado a oferta da Pfizer de 26 de agosto de 2020, o Brasil poderia ter recebido 1,5 milhão de doses até dezembro do ano passado, o que teria evitado mais mortes e infecções no país. Já morreram quase 430 mil brasileiros por covid-19.

Em tese, com duas doses por pessoa, 750 mil brasileiros poderiam ter sido imunizados no fim do ano passado. A última proposta da Pfizer ao Ministério da Saúde previa a entrega de 3 milhões de doses no primeiro trimestre de 2021 e mais 14 milhões no segundo trimestre deste ano.

Obviamente, se o governo Bolsonaro tivesse levado a sério a negociação com os diversos laboratórios que produzem vacinas e fechado contratos, a situação seria outra no país, que vacina a conta-gotas. As doses da Pfizer se somariam às produzidas pelo Instituto Butantan (Coronavac) e Fiocruz (Astrazeneca).

O depoimento do ex-presidente da Pfizer no Brasil confirmou parte da versão do ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten, que falou à CPI nesta quarta-feira. Depois de não obter respostas a três ofertas, a Pfizer enviou em setembro uma carta a Bolsonaro com cópia para outras cinco autoridades: Pazuello, então ministro da Saúde, o vice-presidente Hamilton Mourão, o ministro-chefe da Casa Civil, Braga Netto, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o embaixador do Brasil em Washington, Nestor Foster.

No entanto, o negacionismo de Bolsonaro, que lançava publicamente suspeitas contra as vacinas, criou uma espécie de muralha contra a possibilidade de negociação com a Pfizer e desinformou a população.

De acordo com o ex-presidente da Pfizer no Brasil e atual comandante da empresa na América Latina, foram oferecidas ao governo brasileiro "as mesmas condições" contratuais fechadas em acordos da farmacêutica com mais de 110 países. Murillo disse que essas cláusulas não eram "leoninas", como disse Pazuello em depoimento ao Congresso a fim de justificar a sua omissão.

As dificuldades de negociar a venda de vacinas ao governo brasileiro são provas da aposta de Bolsonaro e de seus auxiliares na chamada imunidade de rebanho. Ou seja, deixar o vírus se espalhar pelo país para que os sobreviventes adquirissem imunidade natural, sem imunizante.

Além de não ser recomendada pela ciência, essa estratégia cobra um preço muito alto, pois mais gente morre e fica com sequelas por contrair uma doença grave contra a qual o governo não quis lutar de forma deliberada. Pelo contrário, além de desprezar as vacinas e máscaras, Bolsonaro sabotou esforços de governadores e prefeitos para adotar medidas de mitigação, como quarentenas para aumentar o isolamento social.

A CPI da Pandemia já descobriu uma tentativa do governo de alterar a bula da cloroquina, o que é ilegal. Também obteve prova do desprezo à possibilidade de comprar vacina já em agosto de 2020, atitude negligentemente homicida e negacionista.

Os depoimentos do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e do diretor-geral da Anvisa, Antonio Barra Torres, forneceram provas da tentativa do governo de mudar a bula da cloroquina.

A recomendação de cloroquina e hidroxicloroquina feita por Bolsonaro, endossada por Pazuello e permitida por Queiroga, é um agravante penal e político da resposta negligentemente homicida do governo à pandemia. O medicamento não funciona contra covid-19 e pode matar quem tem arritmia cardíaca. Bolsonaro é literalmente prejudicial à saúde.

Com os depoimentos tomados até hoje, a CPI da Pandemia já obteve provas de crimes de responsabilidade cometidos por Bolsonaro e Pazuello. Ambos deveriam ser responsabilizados penal e politicamente pelas instituições competentes. Mais gente morreu e adoeceu no Brasil sem necessidade devido às ações e omissões do presidente e do ex-ministro da Saúde na pandemia.

Um comentário:

  1. Não fecharão cerco nenhum. NÃO FALTAM MOTIVOS PARA AFASTAR ESSA HIENA MILICIANA GENOCIDA E SUAS QUADRILHAS, FALTA MORAL AO CONGRESSO E AO JUDICIÁRIO.

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