domingo, 2 de maio de 2021

Deputado Arthur Lira quer fraude, caos e golpe em 2022


Fernando Horta

Arthur Lira pautou a sandice do tal "voto impresso" que Bolsonaro e outros querem implantar no Brasil. Vi gente progressista defendendo esta bobagem. Vamos analisar aqui no fio os argumentos dessa gente e, ao final, mostrar porque é uma enorme bobagem. 

Em primeiro lugar, vamos deixar assentado algo que parece óbvio: não existe nada inviolável. Nem do ponto de vista físico, nem do digital ou lógico.

E vou deixar isso claro porque vamos voltar a esse ponto diversas vezes na argumentação. 

Quem acompanhou escrutínio eleitoral ao vivo sabe que mesmo ali fraudes se davam. Os partidos tinham que ter fiscais para CADA MESA APURADORA porque as ilegalidades eram absurdas. Desde mesário riscando votos válidos (para torná-los nulos) até mesário comendo votos de papel. 

Ou seja, a apuração manual em nenhum momento ofereceu 100% de certeza. Ocorre que ali a fraude (quando feita) era localizada, de pequena abrangência e, em sendo detectada, fazia a anulação da urna. Veja, e este ponto é importante, a fraude podia, no máximo, anular a urna. 

A urna eletrônica é um dispositivo físico, lógico e digital que conta com vários níveis de processos de segurança redundantes. Tomados separadamente, cada processo poder ser violado. Você pode romper a integridade física da urna. Você pode romper a integridade digital da urna. 

E rompendo a integridade digital (acesso) romper a integridade lógica dela (o programa). Depois, você pode alterar os dados dela e tentar reconstruir a integridade física e etc. Mas há dispositivos que vão deixar marcada essa violação e sinalizar pela anulação da urna. 

não tenho dúvida nenhuma que um monte de jovens gênios com tempo e disposição conseguirão entrar no programa da urna. Mas eles conseguirão ter acesso a ele? E conseguirão depois repor a integridade física? e conseguirão fazer isso dentro do tempo do protocolo administrativo? 

ou seja, não se trata de um "programa" inviolável. Trata-se de um dispositivo com processos redundantes de controle que estabelece um nível gigantesco de dificuldade para a fraude. E se ela acontecer é detectável. E se isso acontecer a urna (somente aquela) é anulada. 

Quem já foi mesário sabe que a urna não tem wifi, bluetooth ou outra entrada física aos seus dados. Sabe que no seu início e no seu fim de funcionamento são emitidos recibos com uma série de números que devem fechar indicando a correção do processo. 

Sabem também que o tempo entre o encerramento da urna e a inserção dos dados no sistema é cronometrado e tudo isso é controlado. Portanto, além dos protocolos físico, digital e lógico de segurança, há o protocolo administrativo-legal. São muitas etapas que juntas atestam a urna. 

Vamos falar da urna. O programa lógico é entregue, de tempos em tempos, para estudantes de universidade e quem mais quiser se habilitar para ser "testado". Teste Público de Segurança

Ou seja, o TSE disponibiliza o programa rodando num computador, com todas as entradas permitidas fisicamente e pede que quebrem o código e alterem a urna. Tudo isso como controle institucional. As falhas descobertas são arrumadas e controladas. 

É óbvio que só o programa é violável. Mas a urna NÃO É SÓ SEU PROGRAMA LÓGICO. E mesmo assim o programa lógico é testado e melhorado a cada ano. E isto é tudo o que um programa lógico pode oferecer de segurança. E se isso é bom para bancos e a NASA, acho que é para nós também.

Vamos falar da loucura do voto impresso. Primeiro ele se dará de forma AMOSTRAL. Ou seja, não serão todas as urnas que utilizarão o "controle" do voto impresso. E aí chegamos à primeira pergunta: quantas terão voto impresso de controle?

Vamos imaginar que seja 5% delas. Os paranóicos terão certeza que NESSES 5% NÃO HOUVE FRAUDE. Mas continuarão a vociferar pelos outros 95%. E assim com qualquer número que você coloque. A amostra nunca dará 100% de certeza sobre a eleição e só trará mais um nível de debate.

Mais ainda, segundo alguns, a pessoa votará na urna eletrônica e ela imprimirá um voto físico que após ser conferido será depositado na urna controle física. Imaginem a quantidade de bolsominion que vai votar em Lula e depois sair gritando na sessão com o impresso acusando fraude.

Vimos o que aconteceu em 2018. A propaganda de rede fazia com que os eleitores não soubessem de que estado era o candidato que queriam votar. Teve gente querendo votar no 02 lá no RS. Ao inserir o número do energúmeno lá aparecia outro candidato. Aí chovia gritos de fraude.

A conclusão é que o voto impresso dará milhares de motivos para os mal-intencionados alegarem fraude. Os vídeos de gente dizendo que seu voto é diferente do que apertaram na urna aparecerão aos milhares, e se colocará em xeque a lisura do processo.

Ao invés de segurança, o voto impresso nos dará mais um ponto para a fraude política das eleições, com milhares de fascistas alegando terem votado num candidato e mostrando o impresso em outro.

Agora vamos imaginar uma sessão correta. Em que tudo ocorra bem e os votantes sejam de boa fé. Basta um sistema para violar UMA URNA FÍSICA DE CONTROLE para colocar TODA A ELEIÇÃO SOB SUSPEITA. Agora imagina o nosso brioso exército transportando as urnas físicas por todo país...

Ao invés de ter que fraudar TODO UM COMPLEXO SISTEMA com proteções redundantes, basta fraudar UMA URNA CONTROLE. Ao invés de segurança, o voto controle impresso nos trará mais insegurança.

Mas como resolve esta insegurança? como tornar as urnas "auditáveis" APÓS a votação? Isso porque antes da votação TODAS AS URNAS SÃO AUDITÁVEIS. E a resposta é: não se pode tornar as urnas auditáveis após a votação.

Isso porque para se ter 100% de certeza o voto teria que ser individualizado. Ou seja, teria que ter uma tabela com o CPF de cada um e o voto que deu. E isso é não só contra a lei (do voto secreto) como também um perigo. Já pensou a milícia (que coincidência) com essa informação?

Já pensou o miliciano sabendo em que as pessoas na periferia o RJ votaram? O risco que essas pessoas estariam correndo? O risco de toda a eleição ser fraudada ANTES DA VOTAÇÃO?

Então coloque algumas coisas na sua cabeça:

1) a "urna eletrônica" não é só seu programa lógico. E ainda que se consiga invadir o programa lógico, existem outros processos de segurança, a começar pela inviolabilidade física da urna.

2) Qualquer sistema de "voto impresso de controle" trará mais insegurança e tornará a eleição mais facilmente fraudável. Isso para não falar nos fascistas mal intencionados que não se importarão em votar em outro candidato para acusar a urna de fraude.

3) Se alguém desconfia da lisura do TSE nas urnas eletrônicas, eu desconfio mais do "exército do Bolsonaro" carregando urnas e documentos eleitorais pelo país todo. O verde-oliva hoje tem a legitimidade de uma lata de leite condensado ou picanha e cerveja para na pandemia

4) Nada nos dará 100% de certeza. Nem o voto impresso dava. Tudo é uma questão de aumentarmos os controles e individualizarmos a consequência das fraudes. Hoje, qualquer problema em qualquer urna é rapidamente identificado e não mancha a eleição.

5) o voto impresso de "controle" só trará mais incerteza, maior facilidade de fraude e colocará TODA a eleição em dúvida. Hoje as fraudes eleitorais acontecem ANTES DA VOTAÇÃO E o que bolsonaro e os fascistas estão fazendo é desviar o foco dos esquemas de whatsapp e etc.

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