Ciro Gomes hoje é parte importante do problema
Com a última pesquisa Datafolha, a situação da chamada "terceira via" que já não era boa, ficou praticamente incontornável.
Confirmando a cristalização da disputa Lula x Bolsonaro já denotada por várias outras pesquisas divulgadas recentemente, o que sobrou para esses postulantes foi apostar no imponderável.
Absolutamente ninguém mais trabalha com a hipótese do ex-presidente petista fora da disputa no segundo turno, ainda que tenha quem na centro-direita ainda sonhe com outra arbitrariedade jurídica para novamente tirá-lo ilegalmente da disputa, seara, obviamente, de gente que já transpôs a linha do desespero.
Definido, pois, o ocupante de uma das duas vagas, a esperança se apoia agora na desidratação de Jair Bolsonaro que responsável pelo pior governo de toda nossa história democrática, vê seus índices de reprovação atingirem novos recordes.
O problema é que seu núcleo duro de apoio, reconhecido em torno dos 25% - 30% do eleitorado nacional, garante a sua presença na segunda etapa da disputa. A lógica, portanto, mandaria quem quer seguir em frente na disputa focar alvo no atual presidente que, para além de tudo, é merecedor de todas as críticas possíveis e imagináveis de qualquer um que se situe no campo democrático.
Mas eis que esse não parece ser o caso de Ciro Gomes.
Visivelmente preterido pela população para o mais alto cargo da República, Ciro, que reconhece igualmente tanto sua impotência contra Lula no primeiro turno quanto o mal representado pela figura inescrupulosa do atual presidente, voltou a direcionar sua conhecida disenteria verborrágica para... Lula.
O que alguém poderia denominar como sendo a "estratégia política" que Ciro está vislumbrando, nada mais é do que tentar abocanhar parte dos votos antipetistas, coisa que, por definição, o põe ao lado dos principais signatários do mal que ao fim e ao cabo nos legou o próprio Jair Bolsonaro.
Está mais do que claro que Ciro ao tentar capitalizar votos fomentando o antipetismo, incentivar o voto nulo num segundo
turno em que não esteja aderindo vergonhosamente à tese canalha da "escolha difícil" e novamente lavando as mãos quando o país inteiro se vê numa batalha entre a barbárie e a civilização, age como o pior dos irresponsáveis cujo interesse democrático não se sustenta um segundo frente ao seu escancarado projeto personalista.
E muito pior, conscientemente se porta como linha auxiliar para o genocida que ao nos governar, nos mata.
Quando Ciro Gomes afirma sem um pingo de decência que Lula é o "maior corruptor da história", simplesmente minimiza o que faz a
quadrilha miliciana presidencial que só no escândalo mais recente é acusada de destinar R$ 3 bilhões para compra de base de apoio no Congresso Nacional ao custo de quase meio milhão de brasileiros mortos pela sua completa indiferença.
Mas para Ciro, é Luis Inácio Lula da Silva, e mais ninguém, o candidato a ser abatido neste momento.
Sejamos sinceros, qualquer candidato que se presta a esse tipo de expediente é tão danoso à democracia brasileira quanto o próprio Jair Bolsonaro.
Parte importante do problema, junto a Bolsonaro, Ciro Gomes precisa ser definitivamente defenestrado da política brasileira.
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