Até os livros de biologia registram que a espécie humana é a única em que um indivíduo explora os semelhantes; Karl Marx e Friedrich Engels comprovaram, no contexto da sociedade industrial – em que as classe sociais reduziram-se a duas e o espaço de confronto ao ambiente das fábricas – a condição da luta de classes como propulsora da História.
Isso, no entanto, não deve ocultar a consciência de que a acumulação de capitais descende diretamente do esbulho de bens alheios. Para nos limitarmos ao ciclo econômico que se originou no Renascimento, foi com os riquezas tomadas a comerciantes árabes e judeus que os reinos católicos ibéricos partiram para a aventura marítima que os levou a arrazar impérios americanos, destruir sua civilização e apropriar-se do que tinha valor, logo tomadopela pirataria e usura de outros europeus; estes levariam o mesmo ímpeto predador a milenares estados orientais, de onde o Ocidente importara os instrumentos de seu progresso, do papel à pólvora, da matemática às caravelas.
A sociedade industrial que resultou disso na Europa e as instituições que temos ainda hoje originam-se daí.
Esse tipo de análise é oportuna porque, tão logo a perspectiva de desenvolvimento das máquinas e da inteligência artificial promete reduzir a mais valia tomada do trabalho humano pelo capital, ganham prioridade os planos neomercantilistas fundados na posse de fontes de matérias-primas, domínio dos mercados e subordinação religiosa das populações periféricas.
As formas jurídicas, que pareciam tão sólidas, desmontam-se rapidamente. Enganam-se os que a elas se aferravam, ou aferram.
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