Vem textãozinho aí, mas é que hoje (31/08/19) data 3 anos de consolidação de um golpe deplorável que derrubou a Dilma Rousseff sem crime. O papo vai ser sério.
Há 3 anos Dilma Rousseff caía de forma definitiva, e apesar de absolutamente tudo no país ter mudado para pior desde então, o clima é de relativa calmaria para a quantidade de merda e maldade que o governo Bolsonaro pratica. O que mudou então no decorrer destes últimos anos?
A narrativa econômica e da crise no país. Essa narrativa fez com que o povo ficasse muito mais puto e enfurecido com dinheiro no bolso, podendo viajar para Miami, meter churrasco de picanha todo final de semana mesmo no auge da crise do período PT, do que agora com salário congelado, sem crédito na praça, tendo que fazer churrasco de Bola da Pá e viajar pra Iguaba Grande.
Só ver que os #TBT da turma no Instagram era tudo de viagem que fizeram durante os anos lulistas e dilmistas. Hoje só ficam no TBT mesmo, risos.
Você pode não saber, mas sua vida segue uma narrativa que não necessariamente é operada por você - é por quem tem a capacidade de organizar as nossas idéias, paixões, tendências, modas, expectativas e anseios na nossa cabeça e cotidiano. É a forma como você acorda pensando naquele carrão, como você odeia política, acha maneiro ser cult ou povão, suas curtidas nas redes sociais, gosta ou não de bacon, segue ou não modas e etc.
É psicologia de massas na veia.
A política é o centro disso. E algumas dessas ideias mudaram na forma como o nosso cotidiano é pensado na troca de um governo trabalhista/reformista-fraco que apenas operou o neoliberalismo já vigente de uma forma mais "social" para um governo ultraneoliberal-neofascista virulento. Aí vão algumas:
- No ano de 2015, uma previsão de déficit de 36 bilhões nas contas públicas eram a prova inexorável de que a Dilma tinha quebrado o país. Em 2017 com o Temer, uma previsão de 176 bilhões de rombo nas contas era, para analistas, a prova cabal de que o governo estava no caminho certo pelo enxugamento dos gastos inúteis do estado.
- Real valorizado era ruim pois desindustrializava o país, mas quando o governo Dilma permitiu que ele chegasse à 3,60 para operar uma conversão industrial que facilitasse as exportações, era o fim do mundo. Hoje, ninguém mais fala em câmbio mesmo com o real já batendo na casa do 4,20.
- Aumento do salário mínimo era ruim pois reduzia a lucratividade das empresas e...aumentava a inflação. Se o salário mínimo não aumentasse o suficiente, era ruim também pois "viu aí como o PT mentiu pra pobraiada em campanha?". Agora o Bolsonarco REDUZ previsão do salário mínimo, a inflação continua em curva ascendente e...cri, cri, cri, cri...ninguém liga.
- Em 2014 o país era um dos únicos do mundo que vivia uma situação de pleno emprego, e, eu lembro que tanto o Jornal da Globo quanto o Jornal do Almoço aqui em Santa Catarina, eles convidaram na mesma semana especialistas das federações industriais para comprovar o quanto o alto índice de empregabilidade da população era ruim. Muito emprego, menor o lucro das empresas, maior o aumento dos salários, e... "maior a inflação".
- Enquanto muita oferta de emprego no período do PT era ruim pois aumentava a inflação, muito desemprego era incompetência. Tudo era crise. No governo Bolsonarco, muito desemprego é normal, é o exército de reserva que o liberalismo exige para o bom funcionamento do mercado. Se aumentar a oferta de subemprego, sinal de competência.
- Em 2011 uma tapioca de 7 reais comprada no cartão corporativo era um escândalo de uma semana no jornal nacional, até que ela levasse a queda do ministro. Hoje, a liberação de bilhões na cara de pau para aprovação de emendas, senador pedindo mala de dinheiro em flagrante, são casos normais, afinal "político é tudo igual mesmo". Diga-se de passagem, as pessoas pararam de fazer vigília mensal sobre gastos no cartão corporativo.
- Quando a Dilma reduzia o valor da conta de energia e segurava o litro do combustível era "populismo", quando aumentava era "tarifaço" e "mentira de campanha". Quando o Bolsonarco e o Paulo Guedes aumentam 3 vezes seguidas em menos de um ano, é "o remédio amargo a ser compartilhado por toda a população para tirar o país do atoleiro".
- Em 2009 o Carlos Alberto Sardenberg e o Arnaldo Jabor falavam que um crescimento econômico de 5% era ruim pois aumentava a inflação, hoje eles imploram por medidas de arrocho salarial, reformas regressivas e etc, para ter um crescimentozinho de 0,2%, sendo que a previsão é, inclusive, de recessão.
- Think-tanks remunerados operando na direita e na esquerda, usando e abusando de professores universitários, redes sociais e etc, para criar um roteiro com fórmulas bem definidas e muita confusão ideológica na cabeça da classe-média. Golpes não acontecem sem a ajuda de setores da esquerda.
- Bolsonaro operando uma corrupção rastaquera que corrói todas as estruturas do Estado, desmantelando a COAF para proteger o próprio filho. Praticando nepotismo. Escondendo miliciano. E nada acontece, feijoada.
Agora bombardeie esse receituário antipetista na televisão, rádio, jornal, mídias sociais e etc, durante 24 horas, 7 dias por semana, durante 13 anos. O que teremos é uma população fascista, relinchante e delirante.
O povo acredita, não por ser besta, mas porque a cabeça tem coisas mais importantes, e quem define a urgência da agenda política e econômica do país para nós é a mídia e o mercado. A diferença entre esse 7 x 1 que a gente está levando e o 7 x 1 que a gente levou da Alemanha, é que naquele não tinha ninguém achando que a goleada era pro nosso time.
E ainda se dizem cristãos! Mas são hipócritas mesmo é nada mais.
ResponderExcluirhttps://youtu.be/p3oo2aIpz2E