Nilson Lage
A decomposição do pensamento progressista em temas identitários teve forte implicação na formação do eleitorado de Donald Trump nos Estados Unidos, e desempenha o mesmo papel no Brasil.
Reduzir o ideal progressista à promoção de grupos agravados pela segregação por preconceitos – negros, mulheres, homossexuais etc. – escamoteia a real amplitude da luta de classes, que envolve não só esses segmentos, mas a sociedade em geral.
Nos Estados Unidos, a massa de trabalhadores brancos, que se julgam brancos ou parecem brancos foi duramente atingida pela política de transferência industrial no quadro da globalização. Seu ressentimento, espalhado pelo cinturão da ferrugem e entre latinos já integrados, a pôs no colo da extrema direita, tal como ocorrera na Alemanha no início da década de 1930, quando a retórica da coligação socialista era parecida com essa.
É o fenômeno que observo no Brasil, agora, particularmente em São Paulo.
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