sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Um canalha talentoso

Luis Felipe Miguel

Com a verve de sempre (não é possível negar que ele tem um excelente texto), Reinaldo Azevedo analisa, na Folha de hoje, a nova "espiral de demência" de Bolsonaro.

Observa que, político medíocre, despreparado e irrelevante, Bolsonaro cultivava a fantasia de um dia ser presidente, "mas não era para valer". Afinal, era evidente que lhe faltavam a inteligência e o equilíbrio necessários para o cargo.

Dai o colunista escreve que ele chegou de fato à Presidência devido a "circunstâncias que agora não vêm ao caso, que provocaram um desequilíbrio ecológico na política".

Como assim, "circunstâncias que agora não vêm ao caso"? Azevedo sabe muito bem. Ele foi um ativo colaborador na construção das "circunstâncias": desestabilização da ordem democrática, criminalização da esquerda, uso da mentira como arma privilegiada no debate público.

Tem muita gente que se entusiasma com Reinaldo Azevedo, por causa de suas inspiradas tiradas contra Bolsonaro. Eu não esqueço que ele foi porta-voz dos retrocessos e arauto do golpe. Em particular, um feroz inimigo das universidade públicos.

Foi e continua sendo um talentoso canalha.

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