domingo, 26 de maio de 2019

O texto mais besta do domingo


Lamento discordar da maioria de meus amigos, mas acho que as manifestações de hoje são muito mais significativas e bem sucedidas do que o relativamente baixo volume de pessoas pelo Brasil sugere.

Explico:

A frente da Fiesp sempre foi o ninho e a vanguarda desse identidade estética e política que ainda está longe de achar sua expressão final. Essa identidade tem mais a ver com as complexas formas de desmediação do discurso e das instituições do que uma ideologia fascista clássica.

Hoje o clima era de empolgação, conversa e confabulação. De um quem ganhou a eleição e pretende dar o próximo passo. Esse passo, antes da agenda, tem a ver com a mesma força que vem moendo mediadores, tanto na direita quanto na esquerda: o desejo narcísico de protagonismo.

Esse desejo sempre foi a força que impulsionou MBL, Doria, VPR e tantos grupos que erodiram partidos para arrebanhar votos e seguidores. Eram novos atores que conseguiram entregar a sensação de protagonismo, de autoralidade histórica a esse grupo verde e amarelo.

Mas foi Bolsonaro quem, nas eleições, capitalizou de forma mais perfeita esse narcisismo. Justamente por não ser oportunista. Ele é a vocalização pura, sem planos ou freios, das índoles mais inconfessáveis de boa parte do Brasil. Por isso virou um mito. Pois cumpre a função de um.

Agora empossado, o Bolsonarismo encontrou na hesitação de MBL, Doria e afins a brecha perfeita para assumir as rédeas, sem mediadores, dos rumos do discurso, da interlocução e, principalmente, da intralocução (existe esse termo?) nas redes privadas.

Houve uma explosão de micro canais de Youtube, todos cancelando MBL e outros organizadores. Centenas de pequenos grupos - originalmente de whatsapp - agora ganhando materialidade e, claro, uma forte injeção de libido política.


STF, Maia, MBL, PT, FHC. Todos edifícios a serem demolidos não exatamente em nome de um projeto ditatorial. Mas em nome do protagonismo individual, da história feita em no Stories. De uma barbárie hiperconectada e um pensamento que vai se massificando à medida que perde autoria.

Bolsonaro cresceu hoje. Não dentro do jogo político, claro. Nesse ele está mais acuado do que antes. Mas na nanopolítica, no processo psíquico que está moldando o infrareal, ele se consolida como o líder ideal em uma sociedade viciada em espelho e raiva. Aquele que não lidera.
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Uma resposta ao mais besta dos textos:

Antonio Luiz M. C. Costa

Faria sentido se os Bolsonaros tivessem o Exército ou coisa que o valha por trás. Sem isso, não acho que o WhatsApp e a #FoliaDosCusProlapsados possa substituir uma base no Congresso ou o apoio da grande mídia.
Bruno Torturra 
Concordo. Mas acho que Record e Youtube são grandes mídias. Não tem adesão do exército, acho. Mas tem 100% da PM e da banda podre das polícias. Sigo achando que ele se enfraquece no jogo político. E se fortalece no jogo antipolítico. Tudo em aberto. Só não foi flop...
Antonio Luiz M. C. Costa

A Record é relativamente grande, mas só prega aos convertidos. O YouTube, como o WhatsApp, não é bem um "apoio". Acho que Bolsonaro tem 100% das milícias, mas de jeito nenhum tem 100% da PM. E o resto é cachorro que ladra, mas não morde.

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