domingo, 1 de setembro de 2019

A vaga foi pro brejo



Moisés Mendes

Declaração de Bolsonaro no dia 12 de maio em entrevista à Rádio Bandeirantes, quando assegurou ter firmado um compromisso com Sergio Moro de que o indicaria para o Supremo:

“A primeira vaga que tiver, eu tenho esse compromisso com o Moro e, se Deus quiser, cumpriremos esse compromisso".

Era a venda casada. Moro assumiria o Ministério da Justiça, com o controle absoluto do Coaf e da Polícia Federal, para fazer o jogo do bolsonarismo e proteger parentes e milicianos, e depois seria recompensado.

Não deu certo. O ex-juiz não controla nem Coaf, nem PF e nem o Grande Plano Estratégico de Defesa do Cigarro Nacional. Moro é um traste.

Pois hoje Bolsonaro desfez publicamente o acordo em conversa com jornalistas no quartel-general do Exército em Brasília:

“Não me comprometi com o Moro no STF. Durante a campanha, o que eu prometi foi alguém do perfil do Moro”.

O homem já mandou embora três generais, o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, o presidente do partido que sustentou sua candidatura, o superintendente da Polícia Federal no Rio, o secretário de Imprensa do Palácio do Planalto, o diretor do Inpe...

E está ameaçando demitir o diretor da PF e o chefe da Receita. Bolsonaro só é fiel aos filhos e ao Queiroz.

Moro continua ministro da Justiça porque espera um milagre. Depois do que Bolsonaro disse hoje, o ex-juiz só não pede pra ir embora porque ainda acredita que poderá ser salvo pelos militares.

Se nenhum general tentou salvar os três generais demitidos, algum deles tentará salvar Moro? O ex-juiz não teve tempo de virar militarista sincero e evangélico fervoroso.

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