segunda-feira, 30 de março de 2020

A objetividade na televisão


Alceu Castilho

"A objetividade na televisão consiste em cinco minutos para Hitler e cinco minutos para os judeus".

A frase do cineasta Jean-Luc Godard vem a calhar nessa discussão sobre a CNN e Gabriela Prioli.

Ela se recusou a naturalizar o negacionismo sobre pandemia e a aceitar a falta de respeito do apresentador e dos negacionistas. Ao que tudo indica, está deixando a emissora.

O caso sintetiza essa farsa da falsa objetividade. "Cinco minutos para Aristóteles e cinco minutos para Olavo de Carvalho".

Ocorre que as falsas simetrias estão entre as grandes responsáveis pelo debate — e pelo clima construído — que levou à naturalização de Bolsonaro e da extrema-direita.

Noticiou-se de forma "objetiva" que aquele senhor homenageava um torturador durante o impeachment de Dilma — torturada exatamente por aquele monstro.

Toneladas de comentaristas construíram falsa simetria entre essa extrema-direita assassina e governos que, com boa vontade, poderíamos chamar de centro-esquerda. Mas que também podemos chamar apenas de centro.

(Claro que este país não é para extremistas amadores. Temos por aqui stalinistas — defensores de um regime de terror — que defendem voto em Ciro Gomes.)

A existência de um presidente psicopata e de milhões de pessoas a apoiar a destruição do país (mesmo antes da pandemia) só foi possível graças à ação diária desses maníacos da falsa objetividade.

Desses cínicos.

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