sábado, 7 de março de 2020

Se não têm pão comam brioche


João Ximenes Braga

Num país com cerca de 60 milhões de pessoas entre o desemprego, a informalidade e o desalento, leio que o ministro da Saúde quer conter o coronavírus pedindo que as empresas adotem o home office. Eu ri, claro.

Mas o que pode parecer mais uma parvoíce na linha "se não têm pão comam brioche", mais um escárnio diário, combina com um governo cujos ministros da Educação e dos Direitos Humanos querem implementar o home schooling. Um ministro da Economia-em-aprofundada-depressão que não quer aumentar o poder aquisitivo das classes desfavorecidas. Uma secretária de Cultura que, na verdade, serve ao agronegócio.

Coletivo, pra eles, só a igreja e o quartel, onde impera o pensamento único. De resto, que fique cada um na sua casa, assistindo cinema americano na TV, por que o nosso já foi destruído, sempre a primeira vítima dos neoliberais (e a classe não aprende). Que as famílias se fechem em si e, se isso fomentar os abusos, não é da conta do Estado, pois Estado não existe pra proteger ninguém além de si mesmo e meter bala em quem for pra rua.

No mesmo instante em que o ministro da Saúde solta essa parvoíce, o líder mor vai pra sede do canil ser doutrinado pelo alfa da matilha de cães hidrófobos a ajudar a destruir a Venezuela para que se apossem em definitivo do seu petróleo. E o filho mais velho decreta a destruição de Fernando de Noronha para completar o serviço de botar a natureza brasileira a serviço do capital.

É um governo com ódio ao povo e à natureza. Não só o seu povo, o da América Latina em geral. Urge que viremos um grande campo de plantio de soja e mineração. É um grande jogo de interesses econômicos movidos não só a ganância, mas também a ódio e a um profundo desprezo por tudo que é humano e vivo.

E ainda vêm por aí os cassinos para nos transformar, de vez, no grande mictório do crime organizado internacional. Espero que quem não votou no Haddad por indignação com a corrupção esteja bem satisfeito.

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