terça-feira, 30 de junho de 2020

A desqualificação de Decotelli e o racismo bolsonarista


Luis Felipe Miguel

Decotelli já provou que não tem condições de ocupar o cargo - se tivesse, aliás, não seria nomeado por esse governo. A interface do Lattes é pouco amigável e pouco intuitiva, mas não a ponto de um doutorado brotar espontaneamente. Tratar o estágio pós-doutoral como título é um pecadilho comum por aqui, mas inventá-lo já é outra coisa. As evidências de plágio na dissertação de mestrado são igualmente sérias. E mais "inadequações" têm sido aventadas.

As desculpas que ele tem apresentado são risíveis. A melhor é que a tese de doutorado foi reprovada porque era demasiado profunda. (Ele estaria buscando o fundo do poço? Inútil; a gente já sabe que o poço não tem fundo.) Mesmo que fosse verdade, seria irrelevante. O fato de que é uma injustiça que eu nunca tenha ganhado o Nobel de Medicina não me autoriza a corrigir por conta própria a obtusidade do júri escandinavo e incluir a premiação no meu currículo.

Não vejo, porém, o mesmo empenho do gado na defesa de Decotelli que se vê quanto a outros integrantes do governo - flagrados em escândalos igualmente sérios, aos quais respondem igualmente com simples negação ou justificativas disparatadas. Isso é falta de vontade de brigar por alguém que se afirma "técnico" ou indício de racismo da base bolsonarista?

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