quarta-feira, 24 de junho de 2020

Atrás de cada fervoroso empresário bolsonarista há sempre fortes suspeitas de crimes


Os bolsonaristas

Claudio Guedes

Seu nome é Luciano Hang. É um empresário de Santa Catarina famoso por se fantasiar com ternos berrantes com as cores nacionais e por ser proprietário de enormes lojas que fazem apologia ao americanismo vulgar. Destaca-se também como aguerrido apoiador do presidente Bolsonaro.

Suas mega-lojas possuem fachadas similares à da Casa Branca e têm à entrada réplicas da Estátua da Liberdade. Chama-se Havan e comercializa artigos nacionais e importados no atacado e no varejo, grande parte produtos de baixa qualidade.

Luciano Hang está sendo investigado no inquérito conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre as “fake news”. Existem indícios fortes que faz parte do grupo de empresários milionários responsáveis pelo financiamento de inúmeras publicações e vídeos com conteúdo difamante e ofensivo ao STF, bem como mensagens e patrocínio de atos defendendo e incentivando a quebra da normalidade institucional e democrática. Há suspeitas que foi um dos financiadores da avalanche de notícias falsas que impulsionou, de forma ilegal, a campanha presidencial de Bolsonaro em 2018.

Mas não é só isso.

Extensa matéria na Folha de hoje, 23/6, mostra que Hang é um dos empresários recordista em infrações e contestações no Conselho de Recursos Administrativos e Fiscais (CARF) da Receita Federal.

Na Receita, as Lojas Havan devem ao menos R$ 57,9 milhões. Há ainda R$ 13,2 milhões em cobrança pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e mais R$ 123 milhões parcelados pelo último Refis (programa de repactuação de dívidas tributárias) devidos a cobranças de impostos não pagos.

A Havan já foi multada por ora esconder receitas, ora despesas na contabilidade, como forma de gerar resultados menores de tributos a pagar, infração conhecida como sonegação fiscal.

No caso considerado mais grave, Hang teria sonegado valores devidos em contribuição previdenciária de funcionários se valendo de documento que, segundo ele, comprovaria a existência de créditos a serem compensados.

Nunca devemos generalizar, mas é um padrão que se repete: atrás de cada fervoroso empresário bolsonarista há quase sempre fortes suspeitas de crimes sendo cometidos contra a democracia e o estado de direito e/ou contra o estado - crimes de natureza fiscal e econômica.

Um padrão.

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