quinta-feira, 25 de abril de 2019

Performance, produtividade e felicidade


Tava aqui imaginando que a galera da gestão por resultados, alta performance e produtividade se olhasse para Francisco de Assis, Jesus, Nietzsche e mais uma infinidade de filósofos iria classificá-los como fracos, fracassados e outras palavras que eles tanto usam.

Geralmente o que essa turma propõe é uma contemplação do mundo, seja dos fatos, da natureza, das ideias. Para que isso aconteça não pode haver a obrigação de um resultado. Você não pensa sobre a sua existência esperando um resultado específico. 

Pra quem tem formação de economista, que é o meu caso, a coisa fica pior porque na graduação - geralmente de linha neoclássica - a gente é adestrado a ver tudo como recurso que, ao ser utilizado, deve ser maximizado. E a gente transfere isso pra todas as áreas da vida.

E isso gera um grau de ansiedade enorme e contínuo porque, nessa lógica, o uso do recurso "tempo", o mais escasso que existe, sempre tem que apresentar resultado concreto! E assim, a gente esquece de contemplar. Contemplar de verdade e não "relaxar pra melhorar a produtividade"

O "capitalismo cultural" (gostou Olavão?) transforma pessoas em simples agregadoras de valor à mercadorias e usa esses mecanismos... autoajuda, literatura motivacional, coaches quânticos ou não, tudo com esse discurso de "supere seus limites"...

Mas superar os limites pra quê? Pra agregar valor a mercadorias cujo resultado será apropriado por outras pessoas. A meia dúzia de sempre. E você sempre será mantido acreditando de que ainda está longe de todo seu potencial, porque assim te manterão trabalhando. 

Manter as pessoas frustradas, ansiosas e depressivas é estratégia de extração de mais valia relativa e absoluta. E sinto que minha formação em economia não me ajuda a quebrar isso. Hora de ampliar os horizontes. Sei que Keynes já havia falado algo sobre o tema. Marx também.

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