Luis Felipe Miguel
Não se trata apenas de incompetência, burrice ou cegueira ideológica. O comportamento do ministro é criminoso. Trata-se de um projeto de destruição da educação superior brasileira.
Ele diz que vai cortar verba de universidades que fazem "bagunça e evento ridículo", como eventos políticos, manifestações partidárias e festas. Mostra, com a declaração, limitação de vocabulário e desconhecimento do dia a dia universitário, ambos chocantes em alguém que ocupa o cargo que ocupa.
Já foram atingidas a UnB, a UFBA e a UFF.
Instado a definir "bagunça", Weintraub explicou: "Sem-terra dentro do campus, gente pelada dentro do campus".
Sem-terra no campus é a universidade cumprindo seus deveres de inclusão social e diálogo com a sociedade. Gente pelada no campus é um tributo às fantasias do olavismo, que nem Freud explica.
Imagino que intuindo que suas explicações eram bem insatisfatórias, ele improvisou, dizendo que as instituições atingidas, presumivelmente por causa da "bagunça", estavam apresentando desempenho aquém do exigido. Mas não apresentou nenhum dado.
Até porque os dados o contradizem. Cito a matéria do Estadão:
"No entanto, elas se mantêm em destaque em avaliações internacionais. O ranking da publicação britânica Times Higher Education (THE), um dos principais em avaliação do ensino superior, mostra que Unb e UFBA tiveram melhor avaliação na última edição. Na classificação das melhores da América Latina, a Unb passou da 19.ª posição, em 2017, para 16.ª no ano seguinte. A UFBA passou da 71.ª para a 30.ª posição. A UFF manteve o mesmo lugar, em 45.º. Segundo a publicação, as três se destacam pela boa avaliação em ensino e pesquisa. E Unb e UFBA aparecem entre as 400 melhores instituições do mundo em cursos da área da saúde."
O que há, pura e simplesmente, é perseguição ideológica. Não atinge só UnB, UFBA e UFF: é toda a autonomia universitária que está sob mira.
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