domingo, 21 de abril de 2019

A direita ultraliberal vive de slogans, memória curta e evasão do debate


Luis Felipe Miguel

O Ministério da Economia diz que, como os estudos são preparatórios, não podem ser divulgados, mas que, se o fim da aposentadoria for aprovado, tudo será apresentado ao público. Ou seja: nem uma fachada de debate público é preservada. Trata-se de empurrar goela abaixo. Aprovação antes, informações depois.

No fundo, Paulo Guedes é talvez o mais autoritário dos integrantes do governo Bolsonaro - o que não é pouca coisa a ser dita. Sabe a tese da incompatibilidade entre neoliberalismo e democracia? Ele é a encarnação dela. (O “talvez” se deve à presença de Moro no ministério.)

Em vez de discussão, o que eles desejam é saturar o espaço público com seus dogmas - “o rombo da Previdência torna o Brasil inviável”, “o brasileiro trabalha pouco”. Quem os nega é, nas palavras deles, “terraplanista econômico”. Mas os opositores da reforma não cansam de expor seus números e seus argumentos e de implorar por um debate amplo, aberto e aprofundado. Quem é mesmo o terraplanista da história?

Curiosamente, no final da chamada de capa da Folha temos um belo exemplo dessa estratégia. Há uma chamadinha para artigo de Samuel Pessoa: “Sem mudança fiscal, rumamos à Argentina”. Ele esquece, convenientemente, que a Argentina rumou à Argentina fazendo exatamente o que gente como ele queria. Mas é isso. A direita ultraliberal vive de slogans, memória curta (“Macri? Quem é Macri?”) e evasão do debate.

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