terça-feira, 23 de abril de 2019

Pior do que está fica, sim


Ele já presidia o país desde 2015. Pelo menos no campo da ficção, o que nesses tempos de midiatização da política (primeiro pelas mídias de massas, depois através das redes sociais), que se transformou num importante instrumento de guerra híbrida, a diferença realidade/ficção parece pouco importar.

Ao lançar-se como candidato à presidência, transformou sua inexperiência como ponto forte de campanha. Criou a imagem de si mesmo como um outsider que desafiava a “velha política”. Aos 41 anos, fez questão de demonstrar que não tinha conhecimento aprofundado sobre qualquer tema. Limitou-se à narrativa de ser o “novo”, o “diferente” e insistir na necessidade do combate à corrupção.

Nada prometeu, não fez comícios, fugiu de debates e não deu entrevistas. Usou principalmente redes sociais para atrair os votos dos mais jovens com vídeos divertidos.

Não, isso não foi no Brasil. Estamos falando sobre a vitória de Volodymyr Zelenskiy nas eleições presidenciais da Ucrânia nesse domingo (21). Ator e comediante, bateu no segundo turno o atual presidente Petro Poroshenko, depois de também vencê-lo no primeiro turno.

Zelenskiy se tornou famoso no país pela série televisiva Servo do Povo (Sluga Naroda, 2015-) sobre a história de um professor de ensino médio que acidentalmente se torna presidente depois que seu personagem faz um ardoroso discurso contra a política ucraniana e viraliza nas redes sociais. 

Detalhe: o canal de TV 1 + 1 (emissora do bilionário empresário Igor Kolomoyskyi e que francamente apoiou o comediante) começou a exibir a última temporada do Servo do Povo quatro dias antes das eleições ucranianas.

“Se não tem promessas, não tem decepção!”. Essa foi uma das frases memoráveis da campanha de Zelensky, claramente bebendo na fonte do niilismo político que atravessa um dos países mais pobres da Europa, com 45 milhões de habitantes.

Wilson Roberto Vieira Ferreira

Texto completo no Cinegnose

Nenhum comentário:

Postar um comentário