quarta-feira, 15 de maio de 2019

O fundo do poço


Claudio Guedes

"Durante a primeira década dos anos 2000, o desempenho fiscal do Governo Central foi caracterizado por superávits primários anuais superiores a 2% do PIB que, conjuntamente com uma taxa de crescimento mais robusta da economia, contribuíam para a redução gradual da dívida pública. A Dívida Bruta do Governo Geral – DBGG caiu de 62% do PIB em 2002 para 51,5% do PIB em 2013". (Panorama Fiscal Brasileiro, publicação do Ministério da Economia - dez 2018)

A partir de 2014, entrou em cena a Lava Jato e o linchamento pela mídia hegemônica dos governos Lula e Dilma. Erros que tinham sido cometidos na condução da política econômica poderiam ser corrigidos se a luta política sem tréguas, comandada pelos derrotados em 2002, 2006, 2010 e 2014, não tivesse sido desencadeada com virulência irracional.

A farsa do impeachment e as pautas bombas comandadas, respectivamente, por Aécio Neves e Aloysio Nunes (tucanos derrotados em 2014) e Eduardo Cunha, o corrupto presidente da Câmara dos Deputados, levaram o governo Dilma Rousseff ao naufrágio. E junto foi a economia do país.

Michel Temer, o oportunista vice-presidente de Dilma, assumiu o governo e conduziu o país em banho-maria, acuado pelas acusações de ter comandado por décadas um mega-esquema de corrupção e por ter optado por uma política econômica recessiva.

Dos quatro, Cunha está preso, Aécio se refugiou em um mandato de deputado federal e é um morto-vivo no Planalto Central. Aloysio Nunes não dorme, ameaçado pela delação do amigo Paulo Preto que está preso e condenado a mais de 120 anos de prisão, e Temer entra-e-sai da cadeia dividindo os juízes quanto à sua real periculosidade.

Ontem, 14/5, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a economia brasileira está no "fundo do poço".

Não é verdade.

Ainda não chegou lá.

Mas vai chegar se depender da política econômica anti-desenvolvimentista de Guedes, um economista que se destacou como mega-especulador no mercado de curtíssimo prazo, e do presidente Bolsonaro, certamente o mais desqualificado político que já ocupou a presidência da República.

A dívida bruta do governo federal que Lula e Dilma derrubaram de 2002 a 2013 de 62% para 51,5% do PIB, deverá atingir no final de 2019 algo como 78% do PIB.

E la nave va.

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