terça-feira, 27 de agosto de 2019

Os concurseiros da classe média fascista, racista e iletrada


Leandro Fortes

HIENAS

Os últimos diálogos vazados pelo The Intercept Brasil, nos quais procuradores e procuradoras federais zombam e tripudiam das mortes da mulher, do irmão e do neto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, representam uma negação da humanidade.

Difícil fazer uma análise simplificada desse fenômeno, mas o fato é que, justamente nos tempos de fartura econômica e de cidadania, durante os governos do Partido dos Trabalhadores, o Ministério Público – ademais, como o serviço público, em geral – foi sofrendo uma lenta e poderosa infiltração de energúmenos, de sociopatas ilustrados, de não-pessoas.

Esse paradoxo se torna ainda menos compreensível, à luz da razão, porque foram os governos petistas que radicalizaram a valorização do Ministério Público Federal. Foram quem deram à instituição mais recursos e vagas. Garantiram, com todas as consequências políticas que resultaram dessa política, a nomeação de procuradores-gerais da República eleitos, em primeiro lugar, na lista tríplice decidida pela corporação.

Mas, enquanto isso, gestadas no coração da classe média fascista, racista e iletrada da nação, essas não-pessoas formaram uma nova casta, a dos concurseiros – viajantes solitários da decoreba que, pouco a pouco, tornaram o serviço público uma entidade privativa do que de pior a sociedade brasileira produziu, nesse início de século.

Deltan Dallagnol e sua trupe de Curitiba, sob o comando de Sérgio Moro, como demonstram as mensagens do Telegram, tomaram para si essa simbologia. Contra a lei, o bom senso e a ética, transformaram o Ministério Público numa repartição do Santo Ofício, dentro da qual montaram um altar para sacrificar Lula, um homem condenado sem provas, em nome do ódio de classe, do fanatismo religioso e da estupidez ideológica.

Em nenhum momento, mostraram empatia com a dor de Lula. Estavam tão somente preocupados com a possibilidade de fuga ou, pior, da liberdade daquele que mantêm encarcerado por sadismo e interesse financeiro.

O resto de dignidade que havia na Operação Lava Jato se esvaiu no deboche desses diálogos desumanos dessa gente horrível. Nem a morte de uma criança de 7 anos foi capaz de lhes passar um verniz de caráter.

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