A GRANDE IMPRENSA TEME OS INCENDIÁRIOS
Moisés Mendes
O jornalismo é o grande culpado pelo uso de fotos antigas publicadas como se fossem da devastação da Amazônia hoje. Simplesmente porque são raras as fotos novas.
Em qualquer acontecimento ou evento importante, as boas fotos se repetem nas redes sociais e nos jornais. Não é o que acontece agora. Os incendiários da Amazônia estão numa boa.
Os fazendeiros não sofrem flagrantes dos crimes que cometem, porque não há fotógrafos para registrá-los. A Amazônia queima há mais de mês, e os jornais não enviaram equipes de guerra para a região. Sim, equipes de guerra, como as que sempre são enviadas para zonas de conflito.
A Globo, o Globo, a Folha, o Estadão, a Bandeirantes, a Record, todos os veículos da grande imprensa, que têm redações numerosas e recursos financeiros, são omissos com os atos criminosos que matam a Amazônia.
Todos optaram por cobrir o fogo por satélite. O jornalismo brasileiro acomodou-se na cobertura do espaço, dispondo de imagens que não são captadas por profissionais da imprensa, mas por técnicos e cientistas do ambientalismo.
É constrangedor. O jornalismo brasileiro, que não conseguiu oferecer um furo relevante, um só, sobre a Lava-Jato, não consegue oferecer imagens dos incêndios que mostrem a dimensão dos ataques à floresta.
O jornalismo da grande imprensa é preguiçoso desde o golpe. Continuou preguiçoso na caçada a Lula. E só acordou quando o Intercept teve acesso às conversas escabrosas de Sergio Moro com Deltan Dallagnol.
Os jornais e as TVs poderão enviar (ou já devem ter enviado) equipes à Amazônia ontem ou hoje ou nos próximos dias. Mas terá sido tarde. O começo do crime não foi registrado, nem seus autores nunca serão identificados.
O jornalismo brasileiro, que cobriu até a guerra da Criméia, foi covarde diante da ação dos desmatadores protegidos pelo bolsonarismo.
O jornalismo não teme os talibãs ou o Estado islâmico. Mas tem medo de fazendeiros, jagunços, grileiros e matadores de índios.
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