RODA VIVA ONTEM
Ricardo Lísias
Como todo mundo, fiquei bastante espantado com o programa Roda Viva de ontem. Eu não assistia há muitos anos. Resolvi ver ontem por causa do convidado e também porque acho bom o trabalho da jornalista Daniela Lima na Folha de S Paulo.
Vi a bancada antes e não conhecia quase ninguém, mas li um livro ótimo do Felipe Recondo e o site dele, o Jota, é muito bom. De fato ele foi o menos ruim, embora não tenha produzido nada razoável. Diante do desastre, só não ser desastre já salva.
E aquela figura de sobrenome Tahan?! Minha gente!!
Não entendo por que algumas pessoas estão dizendo que as perguntas foram duras, inquisitoriais etc. É o contrário: foram elementares, banais e repetitivas.
E, pior, todas as respostas já tinham sido respondidas por ele ou pela equipe. Não dava para tentar colocar o cara em uma situação difícil, pedir um raciocínio complexo, aprofundar uma reflexão?
Foi uma catástrofe mesmo.
Fiquei espantado de ver jornalistas falando da fonte, como se um hacker fosse criminoso e um agente público que vaza um documento – que é o jeito que a maior parte dos jornalistas consegue - não. Ora, os dois são crimes.
O jornalista depois divulgar, se o obtiver de forma legal, qualquer um sabe, não é crime. Isso é elementar. De onde sai que um funcionário público vazar é menos grave? Não é...
Muitos jornalistas ficam nervosos mesmo quando se fala de fonte. Escrevi um romance inteiro para discutir se é ético uma jornalista transar com um jurado do festival de Cannes para saber quem vai ganhar o festival antes e até hoje muitos jornalistas se recusam a discutir isso e dizem que o antiético é fazer essa pergunta ou escrever um romance sobre isso.
Um grande problema, me pareceu, é que só havia jornalistas como entrevistadores. Claro que deviam estar lá (mais aguerridos e empenhados, sem aquele lenga-lenga). Mas no tempo que eu assistia, havia jornalistas e também outros profissionais, como por exemplo intelectuais. Por que não havia professores universitários ontem?
Vou deixar aqui uma lista de professores universitários que poderiam estar lá e que fariam perguntas complexas.
Há muitos outros, claro, é só um pequeno exemplo:
- Marcos Nobre
- Lilia M Schwarcz
- Rosana Pinheiro Machado
- Esther Solano
- Tales AbSaber
- Renato Janine Ribeiro
- Vladimir Safatle
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