Os entrevistadores do Roda Viva, ontem, mostraram desconhecer o que é:
1) Estado de Direito, que significa: direito a um julgamento justo, presunção de inocência, juiz imparcial, equidistante entre a acusação e a defesa, última palavra com a defesa, em suma: proteção contra o aparelho de Estado.
(Na hipótese mais generosa, eles defenderiam uma “moral” utilitarista, em que todos os meios são válidos para condenar um culpado. O problema é que, assim, não se prova culpa.)
2) Imprensa. Se no tópico acima defenderam os ilegalismos da LavaJato, no caso da imprensa negaram o direito - e o dever - de publicar o que é de forte interesse público. Pareciam nunca ter estudado os Pentagon Papers, não ter visto o filme The Post, não conhecer o que é grande jornalismo.
Substituíram esse conhecimento, mais que necessário, pela ideia de que ser jornalista é acuar o entrevistado. Se é bom cobrar deste último (o que normalmente não se faz por essas bandas), questionar é um meio, não um fim.
(A entrevista de FHC à BBC, uns dez anos atrás, disponível online, é um exemplo de cobrança implacável, mas - como diria Kant - dentro dos limites da razão).
Reconheço que Felipe Recondo foi exceção, e que algumas perguntas de outrxs faziam sentido. Mas ver jornalistas tentando quebrar o sigilo da fonte e confundindo eventual crime do hacker com o dever jornalístico de informar deixa um gosto amargo quanto à profissão no Brasil.
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