Sylvia Moretzsohn
Li agora de manhã o post em que o Luís Eduardo Soares vem com aquela velha cantiga das armadilhas plantadas como pretexto para fechar o tempo. Em seguida, vi o vídeo em que o Glauber Braga rebate esse argumento com muita contundência.
Não precisa dizer que eu concordo com o Glauber. Mas queria acrescentar o seguinte:
1. Nunca foi preciso acontecer nada para quem exerce o poder com intenções ditatoriais arrumar um pretexto para fechar o tempo. Quando não existe nada, inventa-se. Provoca-se.
2. Luís Eduardo propõe o recuo ou a paralisia. Como se adiantasse. Como se a gente, se fingindo de morto, fosse enganar a matilha. Não: tudo o que Bolsonaro fez até agora foi provocar, ameaçar, desafiar. Sem ser contido. Ele só avança, mesmo quando aparentemente recua e diz que foi mal entendido. O que se pode esperar de quem apenas avança? Um avanço maior, pois não? Até completar seu plano. Sem resistência.
3. Preocupa-me muito, entretanto, o voluntarismo de "ir para a rua" desorganizadamente. Um dos inúmeros erros do PT durante o governo foi imaginar que seria visto e tratado como um partido igual aos outros. Não seria (nem deveria imaginar isso, afinal a propaganda não dizia que com o PT era outra história?). Iria enfrentar uma guerra, e não se preparou para ela. Nunca me esqueço do que disse o Eugênio Aragão numa transmissão depois de consumado o golpe: "eles têm a Abin, eles tem o GSI, eles têm a Globo, eles têm a Folha, nós não temos nada!". Ora, um partido que governou por 13 anos e não tem nada até que durou muito tempo no poder, não? Então eu penso sobre o que a esquerda tem feito depois da fragorosa e profunda derrota de 2016. Preparou-se minimamente para a guerra contra o fascismo? Acho importante notar que o lado de lá está se armando. Literalmente. E explicitamente.
Acho necessário considerar isso. Além do risco de ir à rua durante a pandemia, e precisar fugir de bombas de gás exatamente num momento em que é necessário proteger os narizes.
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