Tenho reafirmado minha convicção de que uma "frente ampla" que cobre como pedágio o silenciamento do projeto da esquerda é um erro.
Tenho travado esse debate porque ele não é banal. Ele tem a ver com uma questão central, que transcende a conjuntura: qual é o horizonte histórico com o qual o campo popular deve trabalhar.
É um debate a ser levado a sério e sei que muitos dos que não concordam comigo têm argumentos dignos de consideração.
Acho contraditório usar a urgência da conjuntura como argumento para que todos pulem agora dentro da "frente ampla", sem nem pensar, e simultaneamente afirmar que a única saída é um longo processo de impeachment que nem é para ser iniciado desde já.
Mas tudo bem: tema para discussão.
O que não dá é para dizer que "Lula está querendo sentar na janelinha".
Com isso, em primeiro lugar, o filósofo se exime de enfrentar o debate.
Ao mesmo tempo, indica que Lula - o maior líder popular da nossa história, o chefe do maior partido de oposição - não tem o direito de exigir ter voz nas articulações em curso.
Como se ele falasse como pessoa física, não como representante de um grande movimento político.
Por fim, infantiliza a posição de Lula. É birra. Assim, nega a Lula o reconhecimento como o estrategista político que ele é.
Nunca fiz da concordância ou discordância com Lula um parâmetro para minha própria reflexão. Acho que ele errou gravemente muitas vezes. Não é possível, porém, negar a ele esse reconhecimento.
Mas, para muita gente, parece que só existe "intelectual orgânico" quanto está em italiano.
No fim das contas, o recado é claro: Lula não está sabendo ficar no seu lugar.
O preconceito de classe, como se vê, alcança até mesmo intelectuais "de esquerda".
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