Luis Felipe Miguel
Texto no jornal hoje diz: "Segundo pesquisas qualitativas nas mãos de adversários de Bolsonaro, cerca de metade dos 30% que apoiam o presidente mudariam de ideia se houver corrupção envolvendo sua família. Se o cálculo estiver certo, isso derrubaria o apoio a Bolsonaro para o nível considerado perigoso para a abertura de processos de impeachment".
Eu acho engraçado esse apego - por comentaristas políticos e, segundo leio, por operadores políticos também - à pretensa lei de que um impeachment só prospera quando o presidente conta com 15% ou menos de "apoio popular". São tantas simplificações (na interpretação dos resultados de sondagens, na relação entre popularidade, apoio e militância, no entendimento da dinâmica da disputa política, no fetichismo numérico) que nem vale a pena começar a discutir.
Mas a questão é: o que falta para alguém perceber que há "corrupção envolvendo a família"? São casos e casos, tornados públicos desde antes da eleição - rachadinhas, funcionários fantasmas, auxílios-moradia.
Só não vê quem não quer. E o que caracteriza a base bolsonarista é que ela definitivamente não quer ver.
Também tem os generais. Cansei de ler textos jornalísticos dizendo que a captura de Queiroz complicava Bolsonaro junto com a cúpula militar, que passava a desconfiar que ele estava envolvido com milicianos.
Foi só agora que eles passaram a desconfiar disso? Outro dia comentei aqui como os generais falantes desse governo parecem despreparados intelectualmente, mas não dá para acreditar que sejam tapados desse tanto.
O que deve estar ocorrendo é outra coisa. Está ficando cada vez mais vergonhoso fingir que não estão vendo nada. Terão que assumir abertamente o ônus de serem esteio de um governo bandido - ou pensar em uma saída.
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