quarta-feira, 22 de julho de 2020

2020 foi o ano que o Brasil optou pelo terraplanismo


Vinícius Carvalho

Tribunal de Contas da União em relatório divulgado ontem, aponta que governo gastou apenas 29% de toda a verba disponibilizada para combate ao COVID.

Agora, o mais grave.

Bolsonaro tem o seu colégio eleitoral no Rio.

Poucos estados do Brasil são tão Bolsominions quanto o Rio. E junto com o Pará, o estado da federação que recebeu proporcionalmente o menor repasse, foi o Rio de Janeiro. Obviamente por retaliação ao governador AuschWitzel.

Se falar isso para todos os bolsominions cariocas, mesmo o Rio tendo uma das maiores letalidades do mundo (bateu 13%) eles dirão "ahhh o mito tá certo, chega de dar dinheiro pra vagabundo". Se falar para o cirandeiro da Praça São Salvador, ele dirá "deixa as pessoas, você não ama a liberdade..."

Enquanto vocês estão aí se matando, se desdobrando para defender a "narrativa" do "povão" indo para as ruas lotar bares como coitadinhos, como "resistentes", como ícones da "brasilidade", ou seja, A MESMA do governo Bolsonaro, que simplesmente lavou as mãos para os 80 mil mortos.

Aliás, não apenas lavou as mãos para os 82 mil mortos (oficiais, dada a subnotificação deve ser pelo menos o triplo disso), até deve celebrar (como esquecer a assessora do Paulo Guedes comemorando a morte de idosos nessa pandemia sob o intuito de que isso vai gerar uma economia aos cofres públicos?).

O que fica desse número é o seguinte: se o governo tivesse gastado o que foi designado até agora, muito provavelmente não teríamos esses mais de 82 mil mortos (oficiais, que dada a subnotificação deve ser pelo menos o triplo disso), certamente dezenas de milhares de vidas teriam sido poupadas. Dezenas de milhares de famílias não estariam hoje chorando seus mortos.

Se a QUARENTENA tivesse sido levada a sério, mas a sério mesmo, e não na base da sacanagem, com direita achando que deveria abrir tudo e setores da esquerda achando que "ah, é assim, brasileiro é assim mesmo, o povão é lindo, puro e imaculado...deixa as pessoas livres", provavelmente ainda estaríamos vivendo na pandemia, mas com uma curva muito mais baixa, já estaríamos abrindo - com precaução - serviços até secundários.

Depressão a gente trata. Fogo no cu de sair pra rua, a gente apaga. Agora depois de morto não tem mais o que fazer...

2020 foi o ano que o Brasil optou pelo terraplanismo. A direita sempre foi terraplanista, e eu supunha que a esquerda também, só ver como nossa esquerda ainda lida com temas como "violência urbana" como se fosse algo abstrato e efêmero, que basta legalizar a maconha e acabar com as polícias que amanhã acordaremos na Suiça...Mas esse ano tive certeza, que mesmo com 100 mil mortos, as pessoas ainda tratam tudo como mera questão de liberdade individual.

Não bastam médicos, não basta OMS, não basta o exemplo de países onde o vírus chegou muito antes e não tiveram nem 500 mortos até hoje. Não bastam bons exemplos até de nossos vizinhos pobres, como Argentina. Basta uma postagem do Olavo de Carvalho, um texto de Eric Hobsbawm, ou uma poesia do Leminski e tá tudo resolvido...quem reclamar ou é histérico ou não ama a liberdade.

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