Eu outro dia estava vendo uma entrevista com o Karnal e me dei conta do motivo do meu interesse: o Karnal é o maior humorista brasileiro. Vou tentar explicar. Não há uma pergunta que lhe seja dirigida que ele não tenha a resposta na ponta da língua.
E na mesma pegada vão outros intelectuais midiáticos, como o Pondé e o Cortella. Parece até uma corporação. A questão ali é a sedução. O pensamento se torna vitrine. A retórica tem que ser agradável e que possa te levar ao encantamento até às raias do riso.
Está eliminado o silêncio, até porque o minuto na televisão é caro. E está eliminado, sobretudo, a dúvida, o desconhecimento, a questão.
Comuna-vírus (aka Cian Brabosa)
Uma grande diferença entre o discurso intelectual e a retórica do coaching. Reconhecer que não se sabe e partir da dúvida como um método é exercer a radicalidade da filosofia de procurar melhores perguntas. Vender frase de auto-ajuda não é filosofia.
Diante dos nossos intelectuais midiáticos é como se estivéssemos diante de máquinas bem azeitadas, que precisam estar funcionando muito bem, caso contrário, são substituídas.
Longe de mim questionar o conhecimento que adquiriram ao longo dos anos. O que questiono é a função desses intelectuais, e que me parece estar em conexão íntima com o sistema que os absorve.
É nesse sentido que a universidade continua sendo um campo de resistência como salientado por Gumbrecht. O fato dos nossos intelectuais midiáticos exercerem a cátedra em universidades, não muda em nada o papel perverso por eles exercido.
Na minha vida acadêmica passei por muito professores imbuídos dessa mesma filosofia: aula-show. Tudo se torna entretenimento.
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