quinta-feira, 23 de abril de 2020

Roberto Jefferson e o governo Bolsonaro são almas gêmeas


Leandro Fortes

RATAZANA

Roberto Jefferson talvez seja o subproduto mais desprezível excretado pela cloaca da política brasileira, em todos os tempos. No início dos anos 1980, foi um dos primeiros casos de transferência eleitoral de um prócer de programa popularesco de TV – o famigerado “O Povo na TV”, da antiga TVS, de Sílvio Santos – para um mandato de deputado federal, na Câmara dos Deputados.

Naquela época, Jefferson era, literalmente, um peso pesado de uma prática infame que iria, dali para frente, gerar dezenas de balanços gerais e repositórios semelhantes de exploração da miséria humana, nas emissoras de tevê, Brasil afora. No ar, com um discurso violento e demagogo, ele disparava impropérios e balançava uma pança monumental enquanto se auto intitulava “advogado dos pobres”.

Na Câmara dos Deputados, notabilizou-se por ser uma nulidade tóxica do chamado baixo clero, onde agia como punguista ideológico. Em 2005, cadavérico por conta de uma cirurgia bariátrica, tornou-se delator do chamado “mensalão”, termo, aliás, que ele cunhou, e acabou cassado por ser corrupto confesso: admitiu ter roubado 4 milhões de reais de dinheiro destinado ao PTB, agremiação da qual ainda faz parte.

Desde então, fez do antipetismo uma narrativa obsessiva e uma ferramenta de adesismo político coroada, agora, com seu total alinhamento ao bolsonarismo.

Não deixa de ser curioso que os profetas da “nova política”, eleitos por supostamente representarem uma força antissistema, recorram, agora, a um estafeta do fisiologismo mais baixo já praticado no Congresso para tentar costurar uma sustentação mínima no Parlamento.

Pensam, inclusive, em recriar o Ministério do Trabalho, demonizado como símbolo do anacronismo das relações trabalhistas defendidas pelas esquerdas, apenas para colocar Jefferson, um rato, como titular da pasta.

Vejam bem, isso não é uma crítica.

Eu, de minha parte, acho que Roberto Jefferson e o governo Bolsonaro são almas gêmeas, desde sempre. Um a representação física da indigência de caráter do outro.

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