segunda-feira, 27 de abril de 2020

Doria também faz parte da história brasileira do horror



O grau de psicopatia no estulto instalado no Palácio do Planalto é tão grande que a gente acaba esquecendo de cobrar os governadores e prefeitos. Mesmo aqueles que se mostram supostamente mais sensatos.

Mais sensatos em relação a quê? Em relação a um presidente desprovido de escrúpulos, fora da curva, uma vergonha mundial.

Em situação normal, por que não, deveríamos estar chamando Doria de genocida. E Zema (esse está totalmente alinhado com o sociopata) e Witzel e quase todos os governadores.

Porque eles também acenaram e acenam para o mercado em detrimento da vida.

Falemos de Doria. Por que os assassinos que comandam as carreatas contra o isolamento não foram presos? Fossem estudantes ou professores ou moradores da periferia teriam sido, não?

Por que esse combate tímido à redução assassina do isolamento? Ora, essa diminuição pode custar mais algumas dezenas de milhares de vidas, nada menos. (Especificamente em São Paulo.)

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A dor de milhões de pessoas neste país também tem motivações políticas, não apenas biológicas. E cada charlatão que se utiliza da política para fins pessoais, e não para o interesse público, deve ser nomeado como agente ativo dessa violência.

(Nesse sentido, vale assinalar que especialistas isentões não ajudam a entender a pandemia como um fenômeno social. Nem a parte biológica nem a estatística — muito menos esta — são desprovidas de aspectos políticos.) ((É a política, Átila. É sempre a política.))

Tudo isso vale para qualquer Unidade da Federação e cada município deste país, este país que só não podemos dizer que está sem comando porque está sob o comando de um carrasco, de um promotor sistemático da morte.

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Como moro em São Paulo, fica aqui minha ênfase no governador de plantão. (E convido a todos a discutir também a política local, prefeituras inclusive.)

Doria não ser tão ostensivo como Bolsonaro em suas omissões e pulsão pela morte significa apenas que ele não é tão orgulhoso de suas violências como Bolsonaro. (Observem como a polícia de São Paulo está matando, com crueldade, os excluídos de sempre.)

A infâmia também se veste de verniz.

A TV Cultura, por exemplo, deveria estar totalmente voltada para a cobertura da pandemia. USP, Unesp e Unicamp, sob pressão, não deveriam estar a fingir que as aulas estão sendo dadas de forma adequada, com o semestre sendo oferecido como se os estudantes não estivessem sob um trauma.

Em maio e junho teremos o horror instalado no estado mais populoso do país. Somos 44 milhões de almas sem um líder de fato. Enquanto Doria faz suas continhas políticas (em relação ao governo federal e à elitezinha que o sustenta), o vírus faz contas maiúsculas.

Ele e cada político dessa laia também entrarão na história brasileira do horror.

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