Diplomata
Contrariado com a doutrinação semântica, o presidente Jair
Messias Bolsonaro mandou recolher todos os dicionários existentes no país.
“Esse Aurélio Buarque de Holanda, que tem sobrenome comunista, fez mais
estragos que aquele Paulo Freire. Sem falar naquele Houaiss que, além de
dicionário, publicou o ‘Manifesto Comunista’”, declarou.
Em seguida, enquanto erguia a primeira edição do dicionário
bolsonarês-português, concluiu:
“Durante décadas, ensinamos os significados
distorcidos das palavras para nossas crianças indefesas. Mas agora vamos acabar
com isso”, explicou.
O exíguo volume traz as definições corretas para todas as 38
palavras usadas por Bolsonaro.
Eis algumas delas:
Cri.an.ça — Adulto pequeno com plena
capacidade de trabalho.
Ne.po.tis.mo — É o tocante à questão de empregar parentes em
cargos públicos desde que não sejam embaixadas.
Di.ta.du.ra — Ah, isso aí é a mesma coisa que escrever
“governo de esquerda”.
É simômino que chama, né?
Jor.na.lis.mo — Reunião de comunistas mimizentos que
distorcem tudo que o presidente diz pra continuar mamando nas tetas do governo.
WhatsApp — Atividade profissional que visa coletar,
investigar, analisar e transmitir periodicamente ao grande público, ou a
segmentos dele, informações da atualidade, utilizando veículos de comunicação
para difundi-las.
Des.ma.ta.men.to — Transformação de matéria-prima em emprego
e renda para quem trabalha nesse país enquanto os comunistas enchem a porra do
saco.
Ci.ên.cia — Reunião de comunistas mimizentos que inventam dados
para impedir o crescimento econômico e a geração de empregos.
Dou.to.ra.do — Fritar hambúrguer no frio do Maine.
No.va.ior.qui.nis — Quem tá em Nova York.
Ci.ne.ma — Reunião homoafetiva de comunistas mimizentos com o
objetivo de mamar nas tetas do governo.
Pa.ra.í.ba — Cidadão
de cabeça chata possivelmente petista.
Tor.tu.ra — Quando um terrorista de esquerda espanca os companheiros.
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