sábado, 30 de novembro de 2019

"Fantasiado de imperador, Bolsonaro terá de ser contido", afirma a Folha



Sylvia Moretzsohn

"Fantasiado de imperador, Bolsonaro terá de ser contido", escancara a Folha neste sábado.

Custaram a perceber, pois não?

Tanto que nem permitiam classificá-lo de "extrema-direita". (De "fascista", então, nem pensar).

Não, Bolsonaro não precisa ser contido agora. Precisaria ter sido contido lá atrás, quando foi expulso do Exército mas pôde iniciar sua carreira política, e foi tratado como um sujeito folclórico e inofensivo, enquanto preparava o terreno para seu clã.

Se não quisermos recuar tão longe como as lições da História nos obrigariam, Bolsonaro teria de ter sido contido quando proclamou seu voto golpista em homenagem ao torturador.

Foi em 17 de abril de 2016.

Faz três anos e meio.

Bolsonaro não precisaria ser contido agora se não lhe tivessem aberto a avenida para usurpar o poder numa eleição fraudada pela exclusão arbitrária do principal concorrente e pela avalanche de mentiras despejadas via whatsapp durante a campanha.

Mas a cegueira dos jornais, o antipetismo militante dos jornais, não conseguiu enxergar o óbvio. Não conseguiu enxergar o que sempre acontece quando se permite o crescimento do fascismo.

É monótono, é tedioso ver como a história se repete.

"Bolsonaro precisa ser contido", sim, urgentemente, mas essa urgência já tem muito tempo.

Torço muito para que não, mas agora talvez seja tarde.

P.S.: Numa das chamadas, o presidente da ANJ compara Bolsonaro a Cristina Kirchner na sua ofensiva contra os jornais.

Acho que podemos abandonar qualquer esperança de reação desses empresários da imprensa.

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