segunda-feira, 25 de maio de 2020

Debate Internacional sobre o Brasil é marcado pelo espanto


Imagem do País tem desgaste inédito

Oliver Stuenkel*

A atitude negacionista do governo Bolsonaro frente a pandemia e ao número cada vez maior de infectados e mortes no Brasil virou destaque global e consolida a percepção no exterior de um País à deriva, cujo presidente opera em uma realidade paralela.

O debate internacional sobre o Brasil é marcado pelo espanto do por que um líder democraticamente eleito ativamente incentivaria manifestações pró-governo enquanto viola e critica medidas de distanciamento social adotadas por países ao redor do mundo, a despeito da orientação ideológica dos seus governos.

Da mesma forma, gera perplexidade a razão pela qual ele trocaria seu ministro da Saúde duas vezes por seguirem as recomendações da OMS com relação à pandemia. O desgaste mais recente na imagem do País apenas confirma uma tendência visível desde a eleição de Bolsonaro, em outubro de 2018, e seus embates internacionais recorrentes, entre eles, a má gestão da crise diplomática causada pelos incêndios na Amazônia.

Esses episódios causaram uma erosão inédita do soft power brasileiro, construído por um País que possui um dos corpos diplomáticos mais respeitados do mundo e já servia de modelo em temas como Saúde Pública e teve lideranças globais na área do Meio Ambiente. A política externa de Bolsonaro transformou o Brasil em um pária que nem sequer participa dos principais debates internacionais, seja sobre a pandemia, mudança climática, seja como fortalecer o sistema multilateral.

Trata-se de uma guinada histórica para um país que tradicionalmente se orgulhava do seu papel diplomático altamente respeitado e construtivo, e da sua ausência de inimigos.

*COORDENADOR DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DA ESCOLA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA FGV

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