terça-feira, 26 de maio de 2020

A BOSTAPO brasileira


Fernando Horta

Em 1934, um ano e seis meses após a chegada de Hitler ao poder, Hermann Göering (militar alemão e fundador da Gestapo em 1933) juntamente com Heinrich Himmler incentivaram Hitler a realizar o que foi chamado de “Noite das Longas facas” ou “Noite dos punhais”. Em termos mais técnicos, a operação militar lançada contra dissidências internas do próprio partido nazista se chama “Operação Beija-Flor” (Hummingbird) ou “A purga de Röhm”.

Himmler e Göering estão entre os apoiadores mais diretos de Hitler. Ambos eram oficiais medíocres antes de se associarem ao partido nazista, e também ambos demonstraram estar entre os mais fiéis apoiadores do Führer. Desde 1922, o partido nazista defendia o armamento da população como forma de “defender a liberdade”. As milícias paramilitares nazistas então se organizaram com o nome de SA (“Tropas de Assalto”), e de 1922 a 1933 tiveram um reinado de terror na Alemanha, investindo contra trabalhadores, estrangeiros, minorias e mesmo contra alemães que supostamente “traíram” os ideais da “pátria”.

Em 1934, Hitler achou que alguns de seus antigos apoiadores estavam preparando-lhe “golpes” e o queriam atacado. A si e à “sua família”. Hitler utilizou a segunda milícia criada, as SS, para desarmar e matar as primeiras. A "Noite das Longas Facas" terminou com algo entre 700 e 1000 assassinatos de membros do partido nazista que competiam com Hitler realmente ou apenas no seu mundo de alucinações. A operação foi toda construída juridicamente depois com “provas” dos golpes ou traições que os assassinados estariam por cometer.

Ernst Röhm era um nazista de primeira hora. Fundador do partido em 1922 e amigo de Hitler. Havia criado as SA e competia pela liderança do aparelho todo. Röhm não diferia em nada das ideias de Hitler. Havia apoiado e comandado ações de violência e insubordinação armada pelos últimos dez anos. Foi um dos responsáveis pela consolidação do poderio do amigo Adolf e executado em 1934.

Outro nome morto na operação foi Gregor Strasser. Também nazista de primeiros momentos, fundador do movimento na Bavária e um dos participantes do golpe nazista fracassado de 1923. Strasser havia defendido uma maior participação da “velha guarda” do partido no governo recém montado por Hitler, e o ditador publicamente havia declarado que Strasser "não fazia mais um serviço que ajudasse à nação".

Com a destruição das SA pelas SS, Hitler consolidava o poder na Alemanha e o assassinato de Strasser e Röhm deixava o partido submisso. A partir daí, a polícia política (GESTAPO) seria uma ferramenta-chave na mão do nazismo, prendendo, matando e torturando opositores mesmo dentro das fileiras da extrema-direita. Mesmo dentro do partido nazista.

Se chamavam Strasser e Röhm, mas poderiam ser Witzel e Doria. Se chamava GESTAPO, mas, depois da intromissão de Bolsonaro, talvez fosse melhor chamar de BOSTAPO, ao invés de Polícia Federal.

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