sexta-feira, 25 de setembro de 2020

O bolsonarismo é o fim do Brasil

TUDO POR QUE VARGAS NÃO CONHECIA MARX

Cristóvão Feil

Os mínions representam uma fração numericamente importante da população do Brasil. São cidadãos (apenas nominalmente), mas vivem como zumbis da vida social, da economia, da política e do próprio senso de Nação. 

Então, qual o motivo histórico de haver tanta gente sem noção alguma sobre sociedade, direitos/deveres, cultura, Ciência, valores da cidadania e espírito de classe?

Lembremo-nos que no Brasil não houve aquilo que se chama de revolução burguesa (Marx, no Manifesto, afirma que "a burguesia é a classe mais revolucionária que já existiu", até então). 

Quem promoveu a modernização do País foi o presidente Vargas. A anêmica burguesia de então lhe virou as costas e sempre tentou golpeá-lo. Não entendiam que ele pensava o País como um todo e sempre no sentido de apontar o futuro e  reforçar a soberania nacional. Errou ao imaginar que o capitalismo pudesse ser autônomo, reduzido às nossas fronteiras geográficas. Mas Vargas não conhecia Marx.  

Como inexistiu uma classe burguesa forte e culturalmente hegemônica, capaz de influenciar positivamente os valores Iluministas de forma horizontal e totalizante, as classes populares não foram educadas quanto às regras mais elementares da vida social. Desconhecem os valores abstratos da ética, da cidadania, da solidariedade. No limite, até de escovar os dentes e os demais hábitos de higiene, o que resume simbolicamente a nossa miséria cultural-civilizacional. 

[Vejam que no passado remoto, as religiões eram repositórios de regras, inclusive, sobre alimentação, higiene, hábitos sociais, etc, basta ler o Velho Testamento, Talmud, Cabala)]. 

Pois bem, o protofascismo de nossos dias se nutre desta sopa primordial-primitiva. É uma formação social refratária à razão e ao pensamento. Agora vocês entendem o motivo de Bolsonaro não falar coisa com coisa? A linguagem do tenente é a tolice repetida à náusea. Ora, esses signos são próprios da linguagem pré-verbal, onde prevalece a emoção, o riso, a raiva, a imagem, o gesto. Isso deve ser repetido sempre, o circo precisa funcionar todos os dias. 

O problema é que sem racionalidade não temos política - o constructo civilizacional mais alto que a humanidade já alcançou, no entendimento de Hannah Arendt (que nunca foi marxista). 

E sem política, escasseia a democracia, se rarefaz a República, e a ideia de Nação fica tremeluzente como uma vela em noite de tempestade. 

O bolsonarismo é o fim do Brasil, a volta ao colonialismo e ao escravagismo em novas bases.    


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