domingo, 4 de outubro de 2020

Existem dias ruins, dias piores e Dias Toffoli

Leandro Fortes

JUDAS

Dias Toffoli chegou ao Supremo Tribunal Federal, em 2009, pelas mãos do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. 

Antes, havia servido ao governo petista como advogado-geral da União, um posto cobiçado dentro da burocracia do Poder Executivo ao qual o jovem Toffoli, ainda que um causídico sem brilho, foi alçado também por decisão de Lula.

Mais de vinte anos mais velho que Toffoli, Lula lhe dedicava um carinho fraternal, a ponto de correr o risco - posteriormente, confirmado - de ser acusado de fisiologismo e aparelhamento ideológico por dar tanta cancha a um advogado cujo único mérito era o de ter sido ligado ao PT.

Uma vez tornado ministro do STF, muito mais do que qualquer outro dos desastres indicados pelo PT àquela corte, Toffoli passou a se comportar como um gremlin alimentado depois da meia-noite.

Aos poucos, o advogado mal ajambrado dos tempos do PT tornou-se um magistrado vaidoso, de ternos e cabelos engomados. De tímido estafeta apadrinhado, moldou-se, traidor e arrogante, em um corpulento juiz das classes dominantes. 

De Lula, não só se afastou como trabalhou incansavelmente para mantê-lo na cadeia. Enquanto pode, adiou o julgamento sobre prisão em segunda instância, ao mesmo tempo em que atuou para paralisar as investigações sobre o senador Flávio Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro.

Trata-se do mesmo presidente da República que, há cinco meses, ameaçou invadir o STF. A mesma figura execrável com quem Toffoli foi flagrado, em casa, aos abraços, em plena pandemia, sem máscaras.

 Em todos os sentidos.

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