terça-feira, 20 de outubro de 2020

Subdesenvolvimento não se improvisa: Brasil não é a Bolívia

PSTUSA

Ricardo Costa de Oliveira

A vitória do MAS na Bolívia e o seu retorno depois do golpe apresenta algumas diferenças estruturais em relação ao Brasil. O candidato vitorioso, Luis Arce, disputou contra outros políticos civis tradicionais, se Haddad tivesse disputado somente contra políticos civis tradicionais teria vencido, como venceu no primeiro turno, a diferença foi que no Brasil houve uma poderosa coalizão de corporações do Estado golpistas, o sistema judicial e os militares, com suas cúpulas integralmente organizadas no golpe contra Lula e Haddad, além da grande mídia brasileira ter falsificado um mito no ex-juiz Moro, alimentando por anos uma onda contra a política organizada, contra os partidos políticos tradicionais. 

Outro fator na Bolívia foi que a ultra-esquerda, tipo o Partido Obrero Revolucionario (POR), trotsquista, nunca ter tido a força que a oposição de ultra-esquerda em partidos, movimentos sociais, intelectuais e sindicais tiveram no Brasil, no seu conhecido e ressentido ódio ao PT, desde as jornadas de 2013, o "fora-todos" na Bolívia era bem menor para alimentar o antiMASismo, como alimentou o antiPeTismo no Brasil. Como diriam antigamente, subdesenvolvimento não se improvisa, é obra de séculos e de muitas ações conjuntas, é preciso muito subdesenvolvimento político e muitos atores institucionais para se criar e vender um tipo de rebotalho como o Bolsonaro. 

Se confirmando a posse de Arce, do MAS, um novo arco geopolítico na América do Sul isolará ainda mais o bolsonarismo, a se isolar ainda mais com a próxima derrota da Constituição neoliberal autoritária de Pinochet no plebiscito no Chile e a eventual derrota de Trump nos States, de quem os bolsonaros puxam o saco e entregam o Brasil, sem o mínimo respeito ao decoro do cargo deles, atraindo os adversários do combalido Trump contra eles...

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