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quarta-feira, 15 de julho de 2020
Piada mais popular na China atualmente
O fantasma do presidente Mao volta e quer saber de tudo que está acontecendo:
Presidente Mao: Existe comida suficiente para todos?
Nós: Existe tanta comida que estamos fazendo dieta!
Presidente Mao: Ainda existem capitalistas?
Nós: Eles são os grandes exportadores!
Presidente Mao: Já produzimos mais aço que a Inglaterra?
Nós: Somente Tangshan produz mais que os Estados Unidos!
Presidente Mao: Vencemos o Social-imperialismo (URSS)?
Nós: Eles se dissolveram!
Presidente Mao: Esmagamos o Imperialismo?
Nós: Nós somos os imperialistas agora!
Presidente Mao: E a minha Revolução Cutural?
Nós: Está nos Estados Unidos agora!
Fonte
quinta-feira, 25 de junho de 2020
Pepe Escobar explica o nó de China, Rússia e Índia
O analista geopolítico Pepe Escobar aborda as parcerias e as tensões diplomáticas entre os três gigantes euroasiáticos.
segunda-feira, 11 de maio de 2020
A China avança em meio a caos e ameaças
Pequim turbina a Iniciativa Cinturão e Rota e outros planos inovadores apesar do Covid-19 e da guerra híbrida dos Estados Unidos
Por Pepe Escobar, para o Asia Times
Tradução de Patricia Zimbres, para o Brasil 247
Em meio à maior contração econômica em quase um século, o Presidente Xi, no mês passado, deixou muito claro que a China deveria se preparar para ameaças externas implacáveis e sem precedentes.
Ele não se referia apenas ao possível desacoplamento das cadeias de abastecimento globais e à incessante demonização de todos os projetos relacionados às Novas Rotas da Seda, ou Iniciativa Cinturão e Rota.
Um documento interno supostamente vazado, secreto e invisível dentro da China, mas mesmo assim obtido por alguma fonte obscura com conexões no Ocidente, chegava a afirmar, em essência, que o jogo de culpabilização contra a China com relação ao vírus é como a repetição da reação negativa a Tiananmen.
Segundo esse documento secreto e invisível, a China teria que "se preparar para um confronto armado entre as duas potências globais"- uma clara referência aos Estados Unidos. É como se essa estratégia agressiva fosse de iniciativa do estado chinês, e não uma reação à escalada maciça da guerra híbrida 2.0 deslanchada pelo governo dos Estados Unidos.
Para todos os fins práticos, a demonização histérica da China por todo o Beltway de Washington agora superou a histeria anterior de demonização da Rússia.
O que Pequim antes definia como um "período de oportunidade estratégica" chegou ao fim. Corriam rumores nos círculos da inteligência chinesa de que as lideranças do PCC calculavam que essa janela de oportunidade estratégica se prolongaria sem impedimentos até a data chave de 2049, quando o "rejuvenescimento nacional" teria sido plenamente alcançado.
Pode esquecer. Agora, ao jogo está concentrado na guerra híbrida 2.0 empregada pelos Estados Unidos para conter a potência emergente, custe o que custar. E isso implica também que uma pletora de planos chineses passou agora a ser turbinada ao máximo.
A prioridade absoluta, agora, é recuperar a produtividade da máquina Made in China. Durante sua recente visita à província de Shaanxi, de importância histórica crucial para o PCC, o Presidente Xi insistiu nessa prioridade, acoplada à ofensiva anti-pobreza. Ele havia prometido eliminar a pobreza neste ano de 2020.
O que é importante e contrário a todas as previsões ocidentais é que as exportações chinesas cresceram 3,5 % em abril, depois de uma queda de 6,6% em março. Isso destrói por completo a razão de ser do desacoplamento. O governo japonês, por exemplo, vem acelerando às pressas a relocação de suas fábricas situadas na China. Uma estratégia nada inteligente.
Essas fábricas estão deixando um país onde o Covid-19 foi praticamente erradicado. E se elas se transferirem para o Vietnã, bem, será ainda uma economia socialista (com características vietnamitas).
O crescimento do PIB da China caiu em cerca de 6,8% no primeiro trimestre de 2020. A recuperação já começou. Oficialmente, o desemprego estava em 5,9% em fins de março - não levando em conta trabalhadores migrantes que retornaram às grandes cidades depois de passar o pico da epidemia em zonas rurais. Houve projeções de desemprego de 20%, que mais tarde foram retiradas.
A recuperação será uma mistura de estímulo econômico às empresas, pequenas e grandes; investimentos em infraestrutura; e auxílio na forma de vales para a grande massa de trabalhadores. O sistema hukou – que liga os direitos sociais ao local de residência - também será reformado. A data chave será 22 de maio, durante a sessão adiada do Congresso Nacional do Povo.
A Cinturão e Rota em pleno funcionamento
Em termos geopolíticos, a análise do think tank francês CAPS, subsidiário do Ministério das Relações Exteriores em Paris, já se converteu praticamente em um mantra por todo o Ocidente.
O CAPS está alarmado com o fato de a China ter-se tornado indispensável, e questiona seus "valores" e sua "agenda oculta". Com a União Europeia totalmente paralisada e demonstrando de forma evidente sua irrelevância em uma miríade de níveis, especialmente em termos de um consenso quanto a um pacote de ajuda efetivo para a totalidade de seus membros, o Ocidente em declínio, quase que em bloco, aterroriza-se com a perspectiva de a China estar em um processo irreversível de se tornar a maior potência mundial.
Mesmo após sofrer o violento golpe do Covid-19, Pequim parece estar no controle de todas as variáveis básicas de sua política econômica (instituições financeiras e grandes empresas). O PCC redobrará esforços para desenvolver a totalidade da máquina produtiva, lado a lado com a aplicação ampla das técnicas de Inteligência Artificial.
O que parece estar estabelecido a estas alturas é que a China irá, antes de mais nada, garantir seus próprios interesses nacionais - em termos das cadeias globais de abastecimento e exportações. No curto e médio prazos, haverá uma concentração do foco em alguns corredores de conectividade terrestres e marítimos selecionados - incluindo a Rota da Seda da Saúde.
Mesmo com o Covid-19, o comércio da China com os países da Iniciativa Cinturão e Rota cresceu 3,2% no primeiro trimestre, um resultado nada mau se comparado com os 10,8% de todo o ano de 2019.
Segundo o Ministério do Comércio, o comércio de Pequim com 56 países da Cinturão e Rota espalhados pela Ásia, África, Europa e América do Sul representa importantes 30% do total do comércio anual. Compare-se esse número aos 13% a 32% de contração do comércio global previstos pela Organização Mundial do Comércio para 2020.
Portanto, embora uma queda no comércio no primeiro trimestre de 2020 fosse mais que previsível, é certo que vá haver uma rápida retomada, principalmente com relação ao Sudeste Asiático, o Leste Europeu e o mundo árabe.
Como seria de se esperar, a Cinturão e Rota vem enfrentando uma série de desafios no curto e no médio prazos, todos eles ligados a uma quebra na conectividade: interrupções de cadeias de fornecimento; restrições generalizadas às viagens e à concessão de vistos; controles de fronteira severos; e atrasos em projetos devido ao aumento dos custos.
Um exemplo seria a ferrovia de alta velocidade Jacarta-Bandung, com 150 quilômetros de extensão e custo de 6 bilhões de dólares, obra à qual os especialistas chineses estão começando muito lentamente a voltar, após terem estado ausentes em razão de restrições do governo indonésio. Ao longo do Corredor Econômico China-Paquistão, a quarentena obrigatória para os técnicos chineses paralisou as obras por pelo menos dois meses. O mesmo se aplica a projetos em Bangladesh e Sri Lanka.
Segundo um relatório da Unidade de Inteligência Economist, o Covid-19 iria descarrilar a Cinturão e Rota em 2020. Isso talvez seja verdade apenas para os quatro primeiros meses do ano. Mesmo durante a epidemia, Pequim assinou acordos para novos projetos da Iniciativa em Mianmar, na Turquia e na Nigéria.
As obras da ferrovia de alta velocidade de 414 quilômetros ligando a China ao Laos - ligando Yunnan, via Vientiane, à Tailândia, Malásia e Cingapura - não foram interrompidas, e seu término está previsto para fins de 2021. É importante lembrar que a ASEAN é a principal parceira comercial da China, superando a União Europeia atolada em crises.
Prestem atenção no yuan digital
A principal lição a ser extraída de tudo isso é que a complexa macro-estratégia do PCC não sofrerá alterações. Isso significa que a China continuará sendo o principal motor da economia global, com ou sem desacoplamento, com a Cinturão e Rota no cerne da estratégia macro-política chinesa, associada a um sólido impulso em direção ao multilateralismo.
Embora vastas faixas da economia mundial, principalmente no Sul Global, não demonstrem a menor intenção de se desacoplarem da China, Pequim terá que estar pronta para contra-atacar a guerra híbrida de espectro total desencadeada por Washington em todas as frentes - geoeconômica, cibernética, biológica e psicológica.
Como Kishore Mahbubani detalhou em seu livro mais recente, isso não significa que a China tenha a intenção ou a capacidade de se tornar um novo gendarme do mundo. Ela, sem dúvida alguma, irá turbinar seu poderio econômico e financeiro, como, por exemplo, na cuidadosa implementação do yuan digital possivelmente lastreado em ouro.
E então há o fator que muda tudo e que desenvolve implacavelmente, e que é responsável por tantas noites mal-dormidas no establishment dos Estados Unidos: a parceria estratégica Rússia-China.
Há duas semanas, um desdobramento geopolítico imensamente importante foi praticamente eclipsado pela histeria do coronavírus.
Moscou tem pleno conhecimento de que Washington está empregando sistemas de mísseis de defesa muito próximos à fronteira da Rússia, com o potencial de desencadear o primeiro ataque nuclear.
Moscou ter conhecimento desse fato é só parte da história: o principal é que a Rússia tem plena confiança em suas armas sofisticadas, como o Sarmat e o Avangard, para tratar da questão.
Mais complexa é a questão dos laboratórios de armas biológicas do Pentágono no território da antiga União Soviética - assunto também acompanhado de perto por Pequim. Moscou identificou um laboratório próximo a Tblisi, na Geórgia, e 11 outros na Ucrânia. E em 2014, quando a Crimeia foi reunificada com a Rússia, cientistas também encontraram um laboratório em Simferopol.
Toda essa informação sobre armas nucleares e biológicas, como fontes nos serviços de inteligência confirmaram a mim, é trocada no nível mais alto da parceria estratégica Rússia-China.
O próximo passo importante no tabuleiro do xadrez geopolítico aponta para a parceria negociando conjuntamente suas relações bilaterais com os Estados Unidos.
Nada poderia ser mais racional, tendo em vista que os dois países são vistos como as duas maiores "ameaças" aos Estados Unidos, segundo a Estratégia de Segurança Nacional norte-americana.
É isso que se pode chamar de uma mudança de paradigma de primeira importância.
quarta-feira, 18 de março de 2020
A China está em guerra híbrida com os EUA
Luisa Vasconcellos
Dentre os inumeráveis e efeitos geopolíticos tectônicos do
coronavírus, que são impressionantes, um já é claramente evidente. A
China reposicionou-se. Pela primeira vez desde o início das reformas de Deng
Xiaoping em 1978, Pequim considera abertamente os EUA como ameaça, declarou há
um mês o ministro
de Relações Exteriores Wang Yi na Conferência de Segurança de Munique,
no pico da luta contra o coronavírus.
Pequim está modelando passo a passo, com todo o cuidado, a
narrativa segundo a qual, desde os primeiros casos de doentes infectados pelo
coronavírus, a liderança já sabia que estava sob ataque de guerra híbrida. A
terminologia de que se serviu o presidente chinês é eloquente. Xi disse
abertamente que se tratava de guerra. E que foi necessário iniciar uma “guerra
do povo”, como contra-ataque. E descreveu
o vírus como “um diabo”.
Xi é por formação, confuciano. E, diferente de outros
pensadores chineses antigos, Confúcio não admitia discussões sobre
forças sobrenaturais e julgamentos depois da morte. Contudo, no
contexto cultural chinês, “diabo” designa os “diabos brancos” ou “diabos estrangeiros”: guailo em
mandarim, gweilo em cantonês. Xi, aí, fez forte denúncia, em
código.
Quando Zhao Lijian, porta-voz
do Ministério das Relações Exteriores da China, expressou num tuíto
incandescente que “é possível que “o Exército dos EUA tenha trazido a epidemia
a Wuhan” – primeiro tiro nessa direção, vindo de alto funcionário – Pequim
lançava um balão de ensaio, sinalizando que a luva havia sido jogada. Zhao
Lijian fez a conexão direta com os Jogos Militares em Wuhan em outubro de 2019,
que incluiu uma delegação de 300 militares dos EUA.
Lijian citou diretamente o diretor dos Centros de
Controle e Prevenção de Doenças (ing. CDC) dos EUA, Robert
Redfield, o qual, quando perguntado na semana passada se foram descobertas
postumamente mortes por coronavírus nos EUA, respondeu que “alguns casos foram
realmente diagnosticados desse modo, hoje, nos EUA”.
A explosiva conclusão de Zhao é que o Covid-19 já estava
ativo nos EUA, antes de ser identificado em Wuhan – devido à incapacidade dos
EUA, hoje já completamente documentada, para testar e verificar as diferenças
que houvesse, na comparação com a gripe.
Acrescentando tudo isso ao fato de que os genomas dos
coronavírus recolhidos no Irã e na Itália já foram sequenciados, e já se sabe
que não são a mesma cepa de vírus que infectou Wuhan, a mídia chinesa já fez
e já
pergunta abertamente por uma conexão com o fechamento em
agosto do ano passado, de um laboratório militar de armas biológicas declarado
“inseguro” em Fort
Detrick, com os Jogos Militares e com a epidemia de Wuhan. Algumas dessas perguntas tem
sido feitas – e continuam sem resposta – dentro dos próprios EUA.
Perguntas extras permanecem, sobre o nada transparente Event
201 em Nova York, dia 18 de outubro de 2019: um ensaio-simulação para
uma pandemia mundial causada por vírus mortal – precisamente o coronavírus.
Essa magnífica coincidência aconteceu um mês antes do surto em Wuhan.
O Evento 201 foi patrocinado por Fundação Bill & Melinda
Gates, Fórum Econômico Mundial (WEF), CIA, Bloomberg,
Fundação John Hopkins e ONU. Os Jogos Militares Mundiais começaram em Wuhan, no
mesmo dia.
Independentemente de sua origem, que ainda não está
conclusivamente estabelecida, tanto quanto os tuítos de Trump sobre o
“vírus chinês”, o Covid-19 já impõe questões imensamente sérias sobre
biopolítica (onde está Foucault quando se precisa dele?) e bioterrorismo.
A hipótese de trabalho, de o coronavírus ser arma biológica
muito poderosa, mas não provocadora do Armagedom, revela essa arma como veículo
perfeito para controle social generalizado – em escala global.
Cuba ascende como potência biotecnológica
Xi com o rosto coberto por uma máscara cirúrgica, em visita à linha de
frente de Wuhan semana passada, foi demonstração gráfica para todo o planeta de
que a China, com imenso sacrifício, está vencendo a “guerra do povo” contra
Covid-19. Assim também, o movimento dos russos, de Sun Tzu, contra Riad, cujo
resultado final foi o barril de petróleo muito mais barato, ajudou, para todos
os fins práticos, a iniciar a inevitável recuperação da economia chinesa. Eis
como opera uma boa parceria estratégica.
O tabuleiro de xadrez muda a uma velocidade vertiginosa.
Depois que Pequim identificou o coronavírus como ataque por armas biológicas, a
“guerra do povo” disparou, com
toda a potência do estado. Metodicamente. Em base de “tudo que for
necessário”. Agora estamos entrando em nova etapa, que será usada por Pequim
para recalibrar substancialmente a interação com o Ocidente, e sob padrões
muito diferentes no que tenham a ver com EUA e União Europeia.
O poder brando (soft power) é essencial. Pequim
mandou para a Itália um avião da Air China com 2.300 grandes caixas de máscaras
cirúrgicas. Nas caixas lia-se: “Somos ondas do mesmo mar, folhas da mesma
árvore, flores do mesmo jardim”. A China também enviou um grande pacote humanitário
ao Irã, a bordo de oito aviões da Mahan Air – companhia aérea que está sob
sanções ilegais e unilaterais do governo Trump.
O presidente sérvio Aleksandar Vucic não poderia ter sido
mais explícito: “O único país que pode nos ajudar é a China. Até agora, todos
vocês entenderam que a solidariedade europeia não existe. Nunca passou de conto
de fadas no papel.”
Sob duras sanções e demonizada desde sempre, Cuba ainda é
capaz de realizar avanços gigantes – até em biotecnologia. O antiviral Heberon–
ou Interferon Alfa 2b – medicamento, não vacina, tem sido utilizado com
grande sucesso no tratamento de pacientes contaminados por coronavírus. Uma joint
venture na China está produzindo versão inalável do medicamento e pelo
menos 15 nações já estão interessadas em importá-lo.
Agora comparem tudo isso, e o governo Trump, que oferece
US$1 bilhão para subornar cientistas alemães que trabalham na empresa de
biotecnologia Curevac, com sede na
Turíngia, em uma vacina experimental contra o Covid-19, contando com ‘reservar’
a vacina para ser usada “apenas nos Estados Unidos”.
Operação psicológica (psy-op) para engenharia
social?
Sandro Mezzadra, coautor, com Brett Neilson, do seminal The Politics of
Operations: Excavating Contemporary Capitalism , já está
tentando determinar
conceitualmente em que ponto estamos atualmente em termos de
combate ao Covid-19.
Estamos diante de uma escolha entre uma vertente malthusiana
– inspirada no darwinismo social – “liderada pelo eixo Johnson-Trump-Bolsonaro”
e, por outro lado, uma vertente que aponta para a “requalificação da saúde
pública como ferramenta fundamental”, exemplificada pelo que fazem China,
Coréia do Sul e Itália. Há lições importantes
a serem aprendidas de Coréia do Sul, Taiwan e Cingapura.
A opção forte, observa Mezzadra, é entre admitir uma
“seleção natural da população”, com milhares de mortos, e “defender a
sociedade”, empregando “graus variáveis de autoritarismo e controle social”.
Fácil imaginar quem pode beneficiar-se dessa reengenharia social, remix,
para o século 21, de “A Máscara Rubra da Morte”, de Allan Poe, de 1842 (Consortium
News) (1).
Em meio a tanta desgraça e tristeza, conte com a Itália para
nos oferecer tons de luz, à Tiepolo. A Itália escolheu a opção Wuhan, com
consequências imensamente graves para sua economia já frágil. Os italianos em
quarentena reagiram notavelmente cantando das varandas: um verdadeiro ato de
revolta metafísica.
Sem mencionar a justiça poética de a verdadeira Santa
Corona (“coroa” em latim) estar enterrada na cidade de Anzu desde o
século 9º. Santa Corona foi morta no governo de Marcus Aurelius em 165 dC, e já
há séculos é um dos santos padroeiros das vítimas de pandemias.
Nem mesmo trilhões de dólares chovendo do céu por um ato de
misericórdia divina do Fed foram capazes de curar doentes do Covid-19. Os
“líderes” do G-7 tiveram que recorrer a uma videoconferência para perceber o
quanto não têm noção de o que fazer – mesmo quando a luta da China contra o
coronavírus garantiu ao Ocidente uma vantagem inicial de várias semanas.
O Dr. Zhang
Wenhong, que trabalha em Xangai, um dos principais especialistas da China
em doenças infecciosas, cujas análises foram até aqui certeiras, diz que a
China emergiu dos dias mais sombrios da “guerra do povo” contra o Covid-19. Mas
o Dr. Wenhong não acha que a coisa acabe no verão. Agora, a mesma ideia, para o
mundo ocidental.
Ainda nem é primavera, e já sabemos que basta um vírus para
destruir sem piedade a Deusa do Mercado. 6ª-feira passada, Goldman Sachs disse
a nada menos que 1.500 empresas que não havia risco sistêmico. Falso.
Fontes bancárias de Nova York contaram-me a verdade: o risco
sistêmico tornou-se muito mais grave em 2020, que em 1979, 1987 ou 2008, devido
ao risco mais alto de colapso do mercado de derivativos, de US $ 1,5 bilhão.
Como dizem as fontes, a história jamais viu coisa semelhante
à intervenção do Fed via a eliminação, ainda pouco compreendida, das exigências
de reservas bancárias nos bancos comerciais, desencadeando uma expansão
potencialmente ilimitada de crédito, para evitar uma implosão dos derivativos,
decorrente de um colapso total de bolsas de mercadorias e ações em todo o
mundo.
Aqueles banqueiros pensaram que funcionaria, mas, como
sabemos agora, nem todo aquele som e fúria jamais significou coisa alguma. E
permanece aí o fantasma de uma implosão dos derivativos – nesse caso não causada
pelo que antes se temia (que o Estreito de Ormuz fosse fechado).
Apenas começamos a compreender as consequências do Covid-19
para o futuro do turbo-capitalismo neoliberal. Certo é que toda a economia
global foi atingida por interruptor de circuitos insidioso, literalmente
invisível. Pode ser só “coincidência”. Ou pode ser, como alguns estão argumentando
corajosamente, parte de uma maciça operação psicológica, que crie o
ambiente geopolítico e de engenharia social perfeito para a dominação de pleno
espectro.
Além disso, ao longo da árdua caminhada, com imenso
sacrifício humano e econômico, com ou sem um reboot do sistema
mundial, permanece uma pergunta mais premente: as elites imperiais continuarão
insistindo em fazer guerra híbrida contra a China, pela dominação de pleno
espectro?
NOTA dos Tradutores:
(1) Em port. trad. José Paulo Paes, in A causa secreta: e outros contos de horror (VVAA). São Paulo: Boa Companhia, 2013, transcrito na íntegra em Revista Prosa e Verso).
(1) Em port. trad. José Paulo Paes, in A causa secreta: e outros contos de horror (VVAA). São Paulo: Boa Companhia, 2013, transcrito na íntegra em Revista Prosa e Verso).
sábado, 1 de fevereiro de 2020
A resposta da China ao vírus foi "de tirar o fôlego"
O Presidente chinês Xi Jinping está comandando uma "Guerra Popular" científica contra o coronavírusPor Pepe Escobar, para o Asia Times
Tradução de Patricia Zimbres, para o 247
O Presidente Xi Jinping declarou formalmente ao dirigente da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, em seu encontro em Pequim no início desta semana, que a epidemia do coronavírus "é um demônio, e não podemos permitir que esse demônio se esconda".
Ghebreyesus, de sua parte, não pôde deixar de elogiar Pequim por sua estratégia coordenada e extremamente rápida de resposta ao vírus - que incluiu a imediata identificação da sequência do genoma. Cientistas chineses já entregaram a seus colegas russos o genoma do vírus, com exames instantâneos capazes de identificá-lo em um corpo humano no prazo de duas horas. Uma vacina russo-chinesa já está sendo desenvolvida.
Mas o diabo, é claro, está sempre nos detalhes. Em poucos dias, no pico mais congestionado do período do ano em que mais se viaja na China, o país conseguiu colocar em quarentena um ambiente urbano de mais de 56 milhões de habitantes, incluindo a megalópole Wuhan e três cidades próximas. Essa é a absoluta primeira vez que isso acontece em termos de saúde pública em qualquer época da história.
Wuhan, com um crescimento do PIB de 8,5% ao ano, é um centro empresarial importante na China. A cidade se localiza na encruzilhada estratégica dos rios Yangtze e Han, e também em um cruzamento ferroviário - entre o eixo norte-sul que liga Guangzhou a Pequim e o eixo leste-oeste, que liga Xangai a Chengdu.
Enquanto o premier Li Keqiang era enviado a Wuhan, o Presidente Xi visitou a estratégica província sulina de Yunnan, onde elogiou o imenso aparato governamental de mecanismos de reforço do controle e da prevenção sanitária direcionados a limitar a propagação do vírus.
O coronavírus pega a China de surpresa em um momento crítico e extremamente delicado, ocorrido logo após: as (fracassadas) táticas de Guerra Híbrida evidenciadas em Hong Kong; uma ofensiva estadunidense pró-Taiwan; a guerra comercial, longe de estar solucionada por uma mera negociação de "fase 1", enquanto mais sanções estão sendo urdidas contra a Huawei; e até mesmo o assassinato do Major General Qasem Soleimani que, em última análise, visava a atingir a expansão da Iniciativa Cinturão e Rota no Sudoeste Asiático (Irã-Iraque-Síria).
Esse Quadro Geral aponta para uma Guerra de Informação Total e para a belicização ininterrupta da "ameaça" chinesa" - que agora já se metastizou, com nuances racistas, como uma bio-ameaça. Então, o quão vulnerável seria a China?
Uma guerra popular
Há mais de cinco anos, desde a epidemia da SARS, um biolaboratório de segurança máxima voltado ao estudo de organismos altamente patogênicos vem operando em Wuhan, em parceria com a França. Em 2017, a revista Nature advertiu sobre os riscos de dispersão dos agentes patogênicos a partir desse laboratório. No entanto, não há qualquer indício de que isso de fato tenha ocorrido.
Em termos de administração de crises, o Presidente Xi se mostrou à altura da situação – determinando que a China combata o coronavírus com total transparência (afinal, o muro da Internet continua existindo). Pequim decretou a todo o aparato governamental, em termos inequívocos, que não deve haver qualquer tentativa de acobertamento. Um página em tempo real, aqui em inglês, está disponível a qualquer interessado. Quem não estiver fazendo o bastante irá enfrentar severas consequências. Pode-se imaginar o que espera o chefe do partido em Hubei, Jiang Chaoliang.
Uma postagem que viralizou por toda a China continental neste último domingo diz: "Nós, em Wuhan, ingressamos verdadeiramente no estágio da guerra popular contra a nova pneumonia viral", e muitos, "principalmente membros do Partido Comunista, apresentaram-se como voluntários e observadores, segundo as unidades de rua".
Uma medida de importância crucial foi o governo ter determinado a instalação do applet "Vizinhos de Wuhan", baixado do Wechat, que permite identificar "o endereço de quarentena de nossa casa por meio de posicionamento de satélite, e então nossa organização comunitária afiliada e seus voluntários poderão ser localizados automaticamente por radar. Assim, nossas atividades sociais e anúncios informativos estarão conectados ao sistema".
Em tese, isso significa que qualquer pessoa que apresente febre poderá informar seus sintomas pela rede, assim que possível. O sistema, imediatamente, fornecerá um diagnóstico on-line e irá localizar e registrar o endereço de quarentena. Caso seja necessária a visita de um médico, a comunidade, por meio dos voluntários, providenciará o transporte até o hospital. Ao mesmo tempo, o sistema irá monitorar a evolução do paciente: hospitalização, tratamento em casa, alta, óbito etc.
Aqui temos, então, milhões de cidadãos chineses totalmente mobilizados naquilo que costumamos chamar de "guerra popular", usando "alta tecnologia para combater a doença". Milhões deles já estão também tirando suas próprias conclusões ao comparar esse sistema com o uso de softwares de aplicativo para lutar contra a polícia em Hong Kong.
O quebra-cabeça biogenético
Além da administração de crises, a rapidez da resposta científica chinesa é de tirar o fôlego - e, é claro, não foi devidamente valorizada em um ambiente de Guerra de Informação Total. Compare-se o desempenho chinês com o CDC norte-americano, que pode ser considerado o principal órgão de pesquisa em doenças infecciosas de todo o mundo, com um orçamento de onze bilhões de dólares e onze mil funcionários.
Durante a epidemia do ebola na África Ocidental, em 2014 - considerada de máxima urgência, e enfrentando um vírus com 90% de taxa de letalidade, o CDC levou dois meses para, após receber a primeira amostra de paciente, identificar a sequência genômica completa. Os chineses fizeram essa identificação em poucos dias.
Na epidemia da gripe suína, em 2009, nos Estados Unidos, 55 milhões de americanos foram infectados e onze mil morreram - o CDC levou mais de um mês e meio para produzir os kits de identificação.
Demorou apenas uma semana para que os chineses, a partir da primeira amostra de paciente, completasse a identificação vital e o sequenciamento do coronavírus. Logo em seguida, esses resultados foram publicados e depositados na biblioteca genômica para acesso imediato de todo o planeta. Com base nessa sequência, as empresas de biotecnologia chinesas produziram, em uma semana, artigos validados - também um fato inédito.
E sequer mencionamos ainda a agora notória construção de um hospital estado da arte e novo em folha em Wuhan, em tempo recorde, apenas para tratar os pacientes do coronavírus. Nenhum paciente terá que pagar pelo tratamento. Além disso, a Healthy China 2030, a reforma do sistema de saúde e desenvolvimento, será reforçada.
O coronavírus abre uma verdadeira caixa de Pandora para a biogenética. Questões graves continuam em aberto quanto a experiências in vivo, nas quais o consentimento dos "pacientes" não será necessário – considerando a psicose coletiva a princípio criada pela mídia empresarial ocidental e encampada até mesmo pela OMS quanto ao coronavírus. Esse vírus bem poderia vir a se tornar um pretexto para experimentos genéticos com vacinas.
Enquanto isso, é sempre iluminador lembrar do Grande Timoneiro Mao Zedong. Para Mao, as duas principais variáveis políticas eram "independência" e "desenvolvimento". Isso implica soberania plena. Como Xi parece determinado a provar, um estado-civilização soberano é capaz de vencer uma "guerra popular" científica, o que não demonstra exatamente uma "vulnerabilidade".
quarta-feira, 11 de setembro de 2019
Pepe Escobar explica o que foi o 11 de setembro, 18 anos depois
Correspondente internacional Pepe Escobar fala sobre o 11 de setembro e suas consequências para o mundo.
sábado, 23 de fevereiro de 2019
Pepe Escobar: Brasil já é uma colônia dos EUA
247 - O jornalista Pepe Escobar analisa o delicado cenário na Venezuela e expõe, com exclusividade à TV 247, informações sobre como a Rússia observa a ingerência estadunidense no país vizinho, e também quais serão as consequências futuras caso as ameaças de invasão militar se consolidem. Em sua análise geopolítica, Pepe também dispara que "o Brasil já é uma colônia dos EUA", tamanho o alinhamento do governo brasileiro com Washington.
De Moscou, ele revela informações exclusivas vindas da inteligência militar russa, que aponta a narrativa construída pela Casa Branca. "Os EUA continuarão a colocar Maduro [presidente da Venezuela] como um ditador maluco, a mesma estratégia que fizeram com Saddam Hussein [Iraque] e Muammar Gaddafi [Líbia], assim como Juan Guaidó [opositor de Maduro, atual presidente interino da Assembleia Nacional da Venezuela, que se autoproclamou presidente do país] será o herói".
Ele informa que o exército russo fez outra projeção, comparando a situação atual da Venezuela com a ocorrida na guerra de Kosovo, na província da Sérvia, entre 1989 e 1999.
"Se centenas de milhares de refugiados venezuelanos saírem do País, será a história perfeita para uma intervenção mais pesada, que será realizada através do exército Colômbia, que é uma sucursal do Pentágono", aponta Pepe.
Pepe diz ainda que o exército russo aponta um segundo cenário mais destrutivo, porém, remoto de acontecer. "Poderá ocorrer ataques, bombardeios aéreos de madrugada. Uma espécie de guerra psicológica para encurralar o exército venezuelano".
Brasil
Nesta segunda-feira (25), o Brasil participará de um encontro no Grupo de Lima, composto pelos países Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru. O grupo possui consonância à política externa estadunidense e irá, durante o encontro, pensar em estratégias de ingerência na Venezuela.
O jornalista revela que não ocorrerá pressão dos EUA com o Brasil durante o encontro do grupo de Lima, tendo em vista que o "país já é uma colônia dos EUA".
Pepe acredita que "o próximo passo dos EUA é transformar o Brasil numa colônia bélica" e que tal postura "seria uma gota d'água para o Exército brasileiro".
domingo, 25 de novembro de 2018
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