Prizzi's honor
É um filme maravilhoso, de 1985, do grande John Houston. História de mafiosos, com Jack Nicholson, Kathleen Turner e Angelica Houston (filha de John) - é fácil? Só feras!
Quando Jair Bolsonaro foi eleito, algo que meses antes da eleição eu achava muito improvável, me lembrei da história dos poderosos Prizzi.
Uma hora, num diálogo do filme, creio que é dito algo do gênero, ou muito parecido, por um dos membros da família: a gente entrega nossos filhos mas não entrega nosso dinheiro.
Qual a relação?
Explico: eu considerava improvável a vitória de Bolsonaro porque achava que a classe dominante brasileira jamais deixaria que um político tão grotesco, truculento e despreparado, governasse o país. Eu imaginava que os donos do país, que controlam a banca, as grandes empresas, a mídia hegemônica, que possuem filhos e netos - muitos dos quais vivem por aqui -, não permitiriam entregar o país a um homem sem qualquer compromisso com os valores civilizatórios básicos.
Claro, iriam lutar até o fim por um candidato de direita, um liberal. Mas, no limite, entre a civilização e a barbárie, optariam pela primeira. Que engano!
Os riquíssimos brasileiros são como os poderosos Prizzi do filme de Houston: entregam o futuro dos filhos mas não admitem negociar nada, nem algumas migalhas, do imenso patrimônio que amealharam e continuam a embolsar na desigual sociedade brasileira.
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