O que Bolsonaro quer?
Foi eleito por maioria, mas não foi uma maioria relevante.
O resultado final - 55% x 45% - do pleito de outubro mostra um país dividido.
As indicações para o ministério privilegiam pessoas de direita extremada na sua maioria. Mas a direita extremada possui, no máximo, 5% dos votos no país. Assim como a extrema esquerda não passa dos 2%. Os extremos são minorias na preferência dos eleitores e da sociedade brasileira. Devem ser representados, é claro, pois é da democracia, mas constituir um governo com uma super-representação de minorias, com dirigentes que serão rejeitados pelas maiorias que estão nas instituições que deverão dirigir? Não tem como dar certo.
Bolsonaro busca o confronto.
As últimas indicações para a secretaria de Assuntos Fundiários, para o ministério da Educação e para o IPEA, evidenciam isso.
É burrice?
É possível. Trata-se de um politico sem qualidades, um despreparado, um truculento.
É tática?
Buscar o confronto? A sua base social, escassa e fluida, o acompanhará? A sua base militar o acompanhará? Em uma aventura? Entre os militares quantos estão ao lado do general e ex-presidente Ernesto Geisel que considerava o Bolsonaro um mau militar? Quantos apoiarão uma tentativa de endurecimento do regime e o atropelo da Constituição da República? O elite financista e empresarial apoiará um regime que isolará o país do resto do mundo? Isso é bom para os negócios? O mundo do trabalho - sindicatos, associações e partidos com base social de trabalhadores - assistirá o desastre inerte?
Essas perguntas estão no ar.
É bom começar a refletir sobre elas.
O presidente acha que pode tocar fogo no oceano.
Quem acha que não tem nada com isso e que vai comer peixe frito na barraca de praia tomando cerveja gelada está, acredito eu, profundamente equivocado.
O projeto em curso é de confronto e destruição.
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