O FILHO DO HOMEM
Memélia Moreira
Ou as Organizações Globo contratam um jornalista para acompanhar o filho do homem ou vão continuar pagando mico comas notícias divulgadas pelos press-releases da assessoria do deputado Eduardo Bolsonaro e seu périplo hilariante pelos corredores da Casa Branca em Washington.
Na segunda-feira, o jornal "O Globo" diz
"WASHINGTON - Após se reunir com assessores do Conselho Nacional de Segurança da Casa Branca, o deputado Eduardo Bolsonaro , filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, afirmou que estuda parcerias com os EUA para pesquisar crimes financeiros das "ditaduras venezuelana e cubana".
Aí você procura, remexe e não descobre no texto quem são esses "assessores da Casa Branca". E menos ainda de quem são assessores. De Melanie? De Ivanka? De Trump? Ou são apenas assessores do assessor de Segurança Nacional de Trump, John Bolton (um cara à direita de Hitler)?
Aí, você entra no site da Casa Branca, procura os nomes dos assessores de Bolton. Acha e, faute d´autre chose, telefona para o gabinete de cada um para saber se um tal Mister Bolsonaro esteve por lá. Mister who? Do outro lado da linha, secretários ou secretárias pensam que é trote. Você pede desculpas.
Ah, sim, no final da matéria de segunda-feira, o deputado filho do homem faz delcarações depois de uma reunião "no Departamento do Tesouro". Alô Sérgio Moro!, Alô Carlos Guedes! Segurem o homem que ele está solto.
Aí vem a matéria de "O Globo" na terça-feira com novas declarações de Eduardo Bolsonaro, o genérico do futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o homem que acredita na influência de Marx (1818-1883) sobre a Revolução Francesa (1789).
Diz o filho do homem
"WASHINGTON - O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, confirmou nesta terça-feira em Washington que a embaixada brasileira em Israel será transferida de Tel Aviv para Jerusalém. O tema é controvertido e foi objeto de idas e vindas de Jair Bolsonaro antes e depois das eleições. A decisão contraria resoluções da ONU segundo as quais o status final da cidade deve ser decidido em negociações com os palestinos."
E aí vem o ridículo dos ridículos. Uma foto do filho do homem, saindo a pé da entrada onde param os carros cujos passageiros vão à Casa Branca com audiência marcada. Com um boné da campanha de Trump para 2020 (você pode comprar nos kiosks ao redor da Casa Branca ou receber de presente durante uma visita turística), cabeça baixa de quem se frustrou, um microfone da G1 na frente, atrás, várias pessoas rindo. Não sei se riem da situação de um anônimo ser entrevistado, se do boné ou, quem sabe de Trump que saiu do Salão Oval para brincar de Amarelinha nos jardins da Casa Branca.
Hoje, finalmente, uma matéria com informações precisas. É da Folha de São Paulo.
1) Eduardo Bolsonaro esteve em Washington, sim.
2) Eduardo Bolsonaro esteve no aniversário de Steve Bannon, ex-estrategista da campanha de Donald Trump, assessor informal da campanha do pai de Eduardo. Atualmente desempregado, conspirando contra as poucas democracias do planeta e investigado pelo FB por suas tramas com Moscou na campanha de 2016, que elegeu Trump.
3) Eduardo Bolsonaro teve encontros com dois senadores, Ted Cruz, de origem cubana, que acaba de ser eleito para o Texas e tem muito mais o quê fazer pela frente do que cuidar do Brasil e Marco Rubio, filho de cubanos, eleito pela Flórida (ou por Miami, para ser ser mais exato). Os dois não fazem parte do círculo de Trump e foram derrotados na convenção do Partido Republicano que escolheu Donald, o #playboydeperuca.
Nenhuma referência às conversas na Casa Branca.
Esse filho ainda vai perturbar muito. merece ficar de castigo com a cara virada para a parede.
A Folha descartou os releases que O Globo aproveitou.
A FOTO DO BONÉ
#ATENÇÃO
A FILHA DO DONO
Luzia Amélia Jakomeit
Para quem leu meu texto "O FILHO DO HOMEM', uma informação que confirmei agora. Eduardo Bolsonaro se encontrou com Jared Küchner que é marido de Ivonka Trump e assessor do sogro. Há pouco mais de um ano ele tinha um certo poder. Mas foi acusado de ligações perigosas com o "affaire Moscou" (os russos, sempre os russos, teriam interferido nas eleições presidenciais dos EUA que elegeu Trump em 2016) e saiu de cena. Mora com a primeira-filha na Casa Branca e é, vamos dizer, assessor de assuntos gerais", o que no Brasil chamaríamos de Aspone. Quando tinha poder, aprontou um bocado no lobby pró-Israel. Atualmente anda escondido porque o FBI não sai da cola de quem se envolveu com os russos. Tanto Gerard Küchner quanto Steve Bannon foram escanteados depois das acusações. Mas Trump não podia demitir o genro e deixá-lo fazendo palavras cruzadas o dia inteiro. Bannon foi escandalosamente demitido e saiu magoado.
No momento quem atua, sem cargo na Casa Branca no lugar que seria de Bannon é Rebecah Mercer, filha do magnata Robert Mercer, o homem que captou financiamentos para Trump,
A filha do magnata, é assim tipo gênio. Ela e seus amigos costumam se encontrar na estação de ski de Vail, no estado de Colorado e, em julho, convidou os amigos para um jogo chamado "Machine Learning President" que, segundo a revista New Yorker é maios parecido com o jogo "Assassinos" do que com o "Monopólio". E foi ela quem apresentou Bannon para Trump.
Essa sim, tem poder. Além de muita, muita grana.
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