domingo, 25 de novembro de 2018

Além de fanático, novo ministro colombiano é burro como seu chefe

Luis Felipe Miguel

O futuro ministro da Educação falou as bobagens de sempre sobre "ideologização" nas escolas. Embananou-se ao defender que a família é a responsável integral pela educação dos filhos, dizendo que ela é a "patria mater" - imagino que tenha querido dizer "cellula mater". Mas vamos dar um desconto, porque, sendo colombiano, talvez ele não domine perfeitamente o latim do Brasil.

Emendou afirmando que a escola não tem responsabilidade nenhuma com a orientação de crianças que tenham problemas em casa: “Amor de pai e mãe ninguém substitui". Parece só uma besteira, mas não é nada inocente. A equivalência automática entre família e amor é central para que se ignorem os abusos que com frequência ocorrem na esfera doméstica e impedir o reconhecimento dos mais novos como sujeitos de direitos.

Adiante, reclamou que um aluno de universidade pública custaria mais caro do que o de uma privada: “Alguém paga por isso. E no modelo tributário do Brasil é o trabalhador que está sustentando a classe média na universidade pública”. Temos aí a reprodução do mix de mentiras e omissões que sustenta a campanha contra a educação superior pública e gratuita no Brasil.

Primeiro, ele ignora o fato de que a educação superior não é um investimento social que visa a distribuição de bens privados (os diplomas), mas sim a produção de conhecimentos e competências úteis à coletividade. Segundo, a ideia de que o filho do trabalhador não chega à universidade pública desconsidera as políticas de democratização do acesso, que mudaram o perfil do estudantado. Se ele considera insuficiente o resultado alcançado, podia pensar em expandir e aprofundar essas políticas. Terceiro, se é o trabalhador que sustenta, então o ponto é mudar nossa estrutura tributária e fazer os ricos pagarem mais imposto. Ele podia apresentar essa proposta ao Paulo Guedes.

Por fim, para não me alongar muito, não dá para comparar o custo médio por estudante das universidades públicas e privadas sem colocar na conta: (a) a formação média dos professores; (b) os serviços prestados à comunidade, como hospitais universitários e trabalhos de extensão; (c) o investimento em pesquisa. Afinal, como o futuro ministro deveria saber, a universidade não é só a sala de aula. E, no Brasil, arredondando os números, a universidade pública responde por 100% da pesquisa, contra 0% das privadas.

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