sexta-feira, 3 de abril de 2020

A estratégia de comunicação refinadíssima de Bolsonaro e sua turma


Alceu Castilho

Continuo a achar uma graça esse pessoal (inclusive pesquisador acadêmico) que identifica uma estratégia de comunicação refinadíssima em Bolsonaro e sua turma. Como se 00, 01, 02 e 03 fossem alunos especialmente atentos da guerra híbrida, uns CDFs ao mesmo tempo disciplinados e sagazes.

A vida intelectual deles é bem mais curta que isso. Numa ilha deserta, estariam no grupo de risco. Cortariam os coqueiros e invadiriam a água cheia de tubarões. (E se chegasse um gênio da lâmpada enumerariam três desejos: um suprimento de cocos, uma pistola para matar os bichos e o fim do Foro de São Paulo.)

"Ah, mas eles confundem para reinar". Ora, eles são confusos mesmo, intrinsecamente confusos. Conheço algumas pessoas bem confusas também, só que não estão no poder. No caso, chegaram pela truculência. Que os leva a brigar também entre si, entre interesseiros e oportunistas. E mesmo estes já estão fartos.

"Olhe, agora eles vão invocar o discurso religioso, é estratégico". Mas vamos e venhamos: foi apenas o que restou ao capitão, não? Ele brigou até com a base ruralista, o que lhe resta? Fazer jejum. Não é preciso ser gênio da comunicação para se apegar a isso. Ainda assim não duvido que ele trete com Malafaia ou Edir Macedo.

Entendam: Jair Bolsonaro é um bípede bastante limitado. Psicopata, mas limítrofe. Precisamos acabar com aquele mito de que só seres especialmente espertos chegam ao poder, "não tem bobo em Brasília". Tem, sim. E tem disputa de poder e o poder não permite vácuo. No momento, o capitão zanza, está desnorteado, nas cordas.

Esperar que ele tire um cálculo diferencial da cartola significa beneficiar o tonto, permitir a ele alguma truculência de última hora. É preciso comunicar à sua horda de seguidores fascistas que a brincadeira violenta acabou, o menino está mordendo demais todo mundo, não há mais clima, as focinheiras e as máscaras de clown estão acabando.

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