sábado, 18 de abril de 2020

É hora de enfrentar os milicianos, fascistas e genocidas


Alceu Castilho

É bem verdade que os perversos saíram de suas tocas insuflados por um político perverso, um adorador da tortura que chegou à Presidência ao catalisar exatamente esse ódio coletivo, esse desprezo pela vida e pelos bens comuns.

Mas precisamos nos acostumar com a ideia de que vivemos em uma sociedade em que uma porcentagem enorme da população simplesmente nasceu sem empatia ou teve sua capacidade de ter compaixão estraçalhada ao longo dos anos.

Avisamos tanto, não? Sobre falsa simetria, que não era Fla x Flu, que não era direita x esquerda, que era a extrema-direita contra a civilização. Mas isentões, pretensos relativistas e cúmplices de todo o país quiseram ficar bem com essa turma.

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Uma dermatologista contar que receita cloroquina para seus funcionários (para que eles não deixem de trabalhar) não significa apenas que ela seja uma sociopata. Significa que foram criadas condições midiáticas para essa expressão.

A Deutsche Welle descreve essa turba como uma seita. Como um motorista que está na contramão, na estrada, e recebe um aviso da polícia: tem um motorista na contramão. E discorda: "Não tem um motorista só, são milhares!"

Isso só foi possível porque os donos dos meios de comunicação e seus chefetes amestrados jogaram pesado a favor de seus financiadores. E optaram por espremer as riquezas do país (as diferenças do país) em uma narrativa miúda.

Pelas reformas violentas, essas implosões previdenciária e trabalhista que eles chamam de reforma e são implosões, são decisões assassinas, cruéis. E que continuam em curso, mesmo em tempos de pandemia. Em Brasília e na sua telinha.

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E agora cada um dos perversos mais explícitos se tornou uma ameaça física. Temíamos que eles aumentassem a violência com armas e os vemos agora como gente que tosse sem culpa. Espalhadores sem escrúpulos de perdigotos.

É preciso admitir que, em determinado momento do processo, possivelmente em 2013, nos acovardamos.Tinha muito valentão para quebrar vidraça e pouca gente suficientemente antifascista para enfrentar os fascistas. Lembram-se?

Os fascistas acuaram petistas, sindicalistas e movimentos diversos de esquerda em plena Avenida Paulista. O que se fez? Um suposto movimento tático, um recuo "estratégico", tão sutil e furtivo que nunca mais vimos o contra-ataque.

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As pessoas violentas que odiaram o mínimo de políticas sociais na era petista (e até mesmo na era FHC) foram aceitas como interlocutoras como se não estivessem no campo da violência. Máfias foram e ainda são descritas como atores legítimos.

Podem observar: Renata Lo Prete conta no Jornal da Globo que as milícias — ou seja, as máfias — determinaram reabertura do comércio nas comunidades do Rio, mas conta em tom doce, como se não tivéssemos de nos assombrar.

Ou seja, insuflou-se o ódio contra movimentos sociais legítimos (observem colunista de jornal que chamava sem-teto de terrorista) na mesma medida em que esses criminosos eram incorporados à narrativa, quase como extensão do Estado.

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E essa gente chegou ao poder. Com um psicopata que reuniu perversos com o gesto da arminha e disse que quilombolas não servem para nada e odeia homossexuais e indígenas e mulheres. O psicopata foi naturalizado pelos isentões.

Alguns deles estão aí, agora, como se não tivessem feito nada. Só que esses arrependidos entram na nossa mesma luta desigual. Porque os signos da civilização (o mínimo que ainda temos) foram corrompidos, a linguagem foi deturpada.

A Constituição, violentada. Os códigos (na imprensa, no judiciário, nas reuniões de pais e condomínios) não têm mais a argamassa necessária para a defesa de princípios elementares. Porque aos perversos se somaram os indiferentes.

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O resultado dessa equação será um genocídio. Já iniciado. Para começo de conversa precisamos derrubar o líder desse extermínio. Sem medinho do canalha que o defende e está ao nosso lado, em nossa família ou no escritório.

Sim, a palavra é enfrentamento.

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