Bolsonaro é capacho de Trump; Ernesto Araújo, de Mike Pompeo
Kennedy Alencar
WASHINGTON
Esta foi a semana da virada para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que mudou a sua conduta em relação à crise e tenta alterar a narrativa para deixar em segundo plano os erros que cometeu ao minimizar e subestimar o coronavírus.
Ontem, Trump bateu duro na 3M, fabricante de máscaras N95, pedindo que esse equipamento não fosse exportado, mas dedicado apenas ao mercado americano. A empresa reagiu, dizendo que tinha compromissos com outros países e que o pedido de Trump poderia gerar retaliação e efeitos danosos de saúde pública em outras nações.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse que o pedido do governo dos EUA seria um erro, pois não faria sentido limitar exportações de um país para o outro em meio a uma pandemia global. Trudeau lembrou que mercadorias essenciais e profissionais médicos cruzam todos os dias as fronteiras entre os EUA e Canadá, num recado de possível retaliação.
Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro se comporta como um capacho de Trump e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, como um capacho de Mike Pompeo, o secretário de Estado dos EUA.
Bolsonaro prefere perder tempo e atrapalhar todos os dias o combate ao covid-19 no país. O presidente brasileiro parece mais preocupado com a popularidade do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e com os gestos de civilidade política trocados entre o ex-presidente Lula e o governador de São Paulo, João Doria.
Trump tem agido para pressionar a China, reforçando a relação com o país e pedindo que o país envie equipamentos aos EUA. Encomendas destinadas ao Brasil estão sendo canceladas.
Um presidente mudou a narrativa, rendeu-se aos fatos e está cuidando do problema de forma até egoísta do ponto de vista geopolítica. Um outro, Bolsonaro, não tem estratégia doméstica nem internacional e apequena o seu país. Seria hora de o Brasil ter uma relação estreita de cooperação com a China, a nossa maior parceira comercial. Mas os Bolsonaro se dedicaram a minar a relação sino-brasileira.
Claro que é um erro essa estratégia de cada país por si, porque a pandemia é global. Não adianta resolver o problema só nos EUA. O vírus pode voltar ao país se outras nações continuarem a sofrer com o covid-19.
No entanto, os EUA, pelo menos, têm uma estratégia de curto e médio prazo. Trump, por exemplo, respeita as autoridades médicas que o assessoram. Bolsonaro dinamita o ministro da Saúde. A tragédia do Brasil é pior, porque o país não tem um plano nem para agir nessa fase de cada nação por si.
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