Luis Felipe Miguel
Ser alvo da ira do bolsonarismo não é atestado de nada. Vera Magalhães que o diga.
Seus tuítes vetando a participação do ex-presidente Lula no Roda Viva trazem as marcas de incompetência profissional, desamor à verdade, ignorância e mau-caratismo.
Diz que Lula não é "player" (ah! a angloboçalidade da nossa elite) da crise do coronavírus, mas "um condenado em prisão domiciliar".
Mentira: Lula é um condenado (injustamente, como está mais do que provado) aguardando recurso em liberdade.
Diz que entrevistar Lula seria "retomar uma polarização nefasta ao país". Mas o programa é uma passarela de políticos de direita. Eles não são um polo da polarização? Ou a polarização tem um polo só, o que, aliás, é uma contradição em termos?
Acrescenta que "emular esse espantalho político é tudo que Bolsonaro quer". Fiquei confuso, porque claramente ela não tem ideia do sentido do verbo "emular"...
Imagino que ela quisesse dizer algo como "dar gás para esse espantalho político", "ressuscitar esse espantalho político".
Seja como for, se Lula é um "espantalho político" é porque a direita brasileira, com o auxílio indispensável do jornalismo venal, passou anos alimentando um antilulismo radical.
Muito antes de ser "espantalho", Lula é um líder político para dezenas de milhões de brasileiros. É o chefe do maior partido de oposição ao governo. É o homem que quase com certeza estaria sentado na cadeira presidencial hoje caso as eleições não tivessem sido fraudadas por sua inelegibilidade.
Um líder que, a meu ver, anda profundamente equivocado. Mas isso pouco importa. Ele continua sendo uma figura - um "player"??? - central da vida política brasileira. E que, portanto, não pode ser ignorado por um "jornalismo de serviço e relevância" como o que Vera Magalhães se gaba de fazer.
A continuidade do veto a Lula, que anda pari passu com a incapacidade de fazer a autocrítica do golpe, mostra como os limites da imprensa brasileiras continuam aí, firmes.
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